Companhia Africana dos Lagos
A Companhia Africana dos Lagos foi uma empresa britânica criada em 1877 por empresários escoceses para financiar missões presbiterianas no que hoje é o Malawi. Apesar de suas ligações originais com a Igreja Livre da Escócia, operava seus negócios na África de maneira comercial e não filantrópica. Teve ambições políticas para controlar parte da África Central e se engajou em conflitos armados com comerciantes suaíli. Seus negócios na era colonial incluíam transporte de água nos lagos e rios da África Central, comércio por atacado e varejo, incluindo a operação de lojas em geral, recrutamento de mão-de-obra e propriedade de terras. Sofreu um declínio econômico na década de 1990 e foi extinta em 2007. Um dos últimos diretores da empresa comprou os registros de operações da empresa e os doou ao Serviços de arquivo da Universidade de Glasgow, onde eles ainda estão disponíveis para pesquisa.[1][2]
Criação e atividades
[editar | editar código-fonte]Antes, se chamava Livingstonia Central Africa Company em 1877, com sede em Glasgow, foi criada por um grupo de empresários locais. Seus primeiros diretores foram James Cochran Stevenson, John Stephen, James S Napier, James White e James Young, e o genro de David Livingstone, Alexander Low Bruce, juntou-se a eles logo depois. Seus primeiros gerentes foram dois irmãos, John Moir e Frederick Moir.[3]
A empresa foi renomeada The African Lakes Company Limited em 1878, pois pretendia estender suas operações ao lago Tanganyika. John Moir deixou a empresa em 1890, mas Frederick Moir continuou a trabalhar lá. Todos os diretores originais da empresa e vários de seus acionistas estavam ligados ao Comitê de Missões Estrangeiras da Igreja Livre da Escócia. Seu objetivo era estabelecer um comércio e transporte que funcionasse em estreita cooperação com as missões, visando combater o tráfico de escravos através da introdução de comércio legítimo, obter lucro e desenvolver influência européia na região.[4]
Em 1884, a Companhia Africana dos Lagos estava quase falida, seu fracasso estava no baixo capital de £ 120.000 que levantou para alcançar seus planos ambiciosos e seu fracasso em obter lucros adequados com suas atividades comerciais. Este último surgiu porque tinha dificuldade em fornecer prontamente uma gama de bens comerciais necessários para trocar por marfim e porque não podia competir com os comerciantes suaílis. Tentou reviver suas fortunas desviando o marfim dos comerciantes suaílis, o que levou a um conflito.[5]
A empresa estabeleceu postos comerciais em locais ao longo das margens do Lago Nyasa no final da década de 1870 e início da década de 1880. Inicialmente, suas atividades comerciais foram prejudicadas pela exigência de suprir as estações missionárias e por sua falta de capital. Seus gerentes, os irmãos Moir, concentraram-se no comércio de marfim, em vez de colheitas comerciais, mas enfrentaram uma forte concorrência por parte dos comerciantes suaíli. Desde 1883, a empresa estabeleceu uma base em Karonga para trocar marfim por outros produtos comerciais. O marfim foi fornecido principalmente por um comerciante chamado Mlozi, que também comercializava escravos.[6]
Em 1886, o relacionamento da empresa com Mlozi e outros comerciantes suaílis se deteriorou, em parte por causa de seus atrasos no fornecimento de bens comerciais adequados e por sua falta de vontade em fornecer armas e munições, mas em parte porque os comerciantes suaílis se voltaram mais para a escravidão e começaram a atacar os Ngonde, comunidade que a empresa havia prometido proteger.[7]
Sua promessa de defender o povo da beira do lago Karonga contra os comerciantes suaílis que procuravam escravos e marfim envolvia a empresa em conflitos contra os suaílis e seus aliados. Depois de algumas tentativas de negociar um acordo entre os comerciantes suaíli e os chefes Ngonde falharam, a Companhia Africana dos Lagos começou a intervir em nome dos Ngonde. Os combates ocorreram na chamada "Guerra Árabe" entre novembro de 1886 e dezembro de 1887 e novamente de abril de 1888 a março de 1889. Na última fase, envolveu o capitão Lugard do exército indiano, Frederick Lugard, 1º barão Lugard foi designado para atacar paliçadas construídas pelos comerciantes suaíli em junho de 1888 e janeiro e fevereiro de 1889, mas não obteve sucesso. Sua falta de sucesso também pôs fim às reivindicações políticas nessa área.[8]
Após buscar outras áreas para investir, tanto na África quanto no Reino Unido, acabou tendo que vender a maior parte de seus ativos ao longo do tempo. Vendeu seu último ativo, a Africa Online, para a Telkom África do Sul, em 2007.[9]
Referências
- ↑ «The African Lakes Corporation plc (importers and exporters of goods including automobiles, tobacco and tea : 1878-2004 : Glasgow, Scotland : Blantyre, Malawi).». https://snaccooperative.org/. Consultado em 19 de março de 2020
- ↑ «AFRICAN LAKES CORPORATION». gutenberg.org. Consultado em 19 de março de 2020
- ↑ The Admiralty Hydrographic Office (1897) The Africa Pilot (Part III) South and East Coasts of Africa, Sixth Edition, London Admiralty Board, pp. 239, 264.
- ↑ McCracken, John (1859–1966). A History of Malawi. [S.l.: s.n.] p. 13. 485 páginas
- ↑ «British commerce as an anti-slavery device in Malawi». Open Docs. Consultado em 19 de março de 2020
- ↑ Pachai, B (1967). "IN THE WAKE OF LIVINGSTONE AND THE BRITISH ADMINISTRATION: SOME CONSIDERATIONS OF COMMERCE AND CHRISTIANITY IN MALAWI". Society of Malawi - Historical and Scientific: The Society of Malawi Journal. p. 31
- ↑ B. Wolf, James (1971). Commerce, Christianity, and the Creation of the Stevenson Road. Boston University African Studies Center: African Historical Studies. 371 páginas
- ↑ Owen, J. M. Kalinga (2001). Historical dictionary of Malawi. Universidade de Michigan: Scarecrow Press. 487 páginas
- ↑ «Records of The African Lakes Corporation plc, importers and exporters of goods including automobiles, tobacco and tea, 1878-2007, Glasgow, Scotland and Blantyre, Malawi». jisc. Consultado em 19 de março de 2020