Saltar para o conteúdo

Convento de Santa Clara (Santiago de Compostela)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Convento de Santa Clara
Convento de Santa Clara (Santiago de Compostela)
Fachada barroca
Informações gerais
Estilo dominante Barroco
Arquiteto
Fim da construção 1260 (764 anos)
Restauro Séculos XVI, XVII e XVIII (finalizados em 1719)
Patrim{ónio nacional
Classificação Bem de Interesse Cultural (1940)
Geografia
País Espanha
Cidade Santiago de Compostela
Coordenadas 42° 53' 7" N 8° 32' 26" O

O Convento de Santa Clara é um convento de clausura de da Ordem das Clarissas em Santiago de Compostela, Galiza, Espanha, em frente ao mais discreto Convento do Carmo de Cima. O aspeto atual do grande edifício deve-se sobretudo às profundas remodelações levadas a cabo nos séculos XVII e XVIII, que fizeram dele uma das obras mais audazes do barroco espanhol, mas a sua fundação é é do século XIII.[1]

O convento está classificado como Bem de Interesse Cultural desde 1940.[2]

História e descrição

[editar | editar código-fonte]

O convento foi fundado em 1260, em terrenos doados por um burguês abastado, graças a um dote de Violante de Aragão, esposa do rei Afonso X, o Sábio[1] e, segundo algumas fontes, a doações populares.[3]

Foi ampliado no século XVI com doações de Isabel de Granada, neta de Boabdil, o último rei mouro de Espanha, e abadessa do convento. O edifício atual foi construído entre os séculos XVII e XVIII,[3] tendo sido terminado em 1719.[1] As obras levadas a cabo no século XVII foram dirigidas por Pedro Arén.[4] Seguiram-se-lhe Frei Gabriel Domínguez, Domingo de Andrade e Simón Rodríguez,[3] grandes figuras do chamado barroco compostelano. A aspeto atual do conjunto deve-se sobretudo a Domingo de Andrade, à exceção de um dos seus elementos mais célebres, a "fachada-cortina" ou fachada fictícia, obra de Simón Rodríguez.[1]

A "fachada-cortina"

[editar | editar código-fonte]

A fachada exterior é chamada fictícia, pois não dá acesso à igreja, mas mas à portaria do convento e a um pequeno pátio ajardinado por onde se acede ao conjunto religioso.[1] A verdadeira fachada da igreja, muito mais singela, encontra-se ao fim do pequeno jardim.[4]

É um belo exemplo do barroco compostelano,[4] também chamado "de placas", pelas formas geométricas puras que parecem sobrepor-se às paredes, um estilo que se deve à dureza do granito, que obrigava ao talhe de formas arredondadas.[2] É uma das obras «mais audazes» do barroco espanhol,[1] e mais conseguidos do ponto de vista "cenográfico.[2]

Construída em silhar de granito estruturado em três secções,[3] assemelha-se a um grande retábulo de pedra ou uma obra de marchetaria na qual os vários elementos decorativos vão ganhando volume e força plástica à medida que sobem na parede. A profusa decoração concentra-se principalmente na secção central, onde espaços maciços alternam com espaços escavados flanqueados por uma enorme variedade de molduras, placas semicirculares e cilíndricas, grandes cornijas, frontões partidos, placas, grampos, volutas, etc., que produzem um impressionante dinamismo visual reforçado pelo jogo de luzes e sombras produzido por todas aquelas formas. O conjunto culmina num frontão triangular que abriga na sua parte central o escudo da Ordem de Santa Clara e é rematado central e lateralmente por três grandes cilindros que dão uma sensação de de instabilidade e, segundo alguns autores, um ar de modernidade quase de sensibilidade cubista.[1][3]

A igreja é igualmente de estilo barroco, mas menos exuberante que a fachada exterior.[2] A entrada faz-se por um pórtico lateral. A planta é em cruz latina, com uma única nave e cúpulas sobre o cruzeiro.[1]

O retábulo-mor barroco, realizado por Domingo de Andrade em 1700 é dedicado à Imaculada Conceição, a quem as clarissas e franciscanos têm muito devoção, e também aos fundadores. Os retábulos do cruzeiro são dedicados à exaltação da Virgem e a Santo António de Lisboa. Na nave há ainda vários altares churriguerescos dedicados a santos franciscanos.[2]

Como é hábito nos conventos de clausura, um detalhe que chama a atenção é o gradeado ocultam os dois coros, o superior e o inferior, quando as freiras assistem aos ofícios litúrgicos.[2]

Os únicos vestígios da primitiva igreja medieval são um púlpito ogival de granito, uma imagem da "Virgem das Chaves"[5] e os brasões dos fundadores.[2]

[editar | editar código-fonte]

Segundo uma tradição, para que não chova no dia do casamento, deve-se oferecer uma cesta de ovos a um convento de clarissas. Essa tradição ainda perdura em Santiago de Compostela.

Atualmente o convento acolhe 13 irmãs clarissas, as quais, além da oração e do trabalho do convento, realizam trabalhos por encomenda para igrejas e particulares da cidade: passam a ferro, engomam e fazem bordados a ouro (inclusivamente para equipas de futebol).[2]

Referências

  1. a b c d e f g h «Convento de Santa Clara (Santiago de Compostela). Fachada». www.arteguias.com (em espanhol). Consultado em 7 de agosto de 2013. Arquivado do original em 20 de janeiro de 2014 
  2. a b c d e f g h «Convento de Clausura de Santa Clara». www.santiagoturismo.com. Consultado em 7 de agosto de 2013 
  3. a b c d e «Santa Clara». www.turgalicia.es (em espanhol). Junta da Galiza. Consultado em 7 de agosto de 2013 
  4. a b c «Convento de Santa Clara». www.santiagoturismo.com. Consultado em 7 de agosto de 2013 
  5. «Convento e iglesia de Santa Clara». cvc.cervantes.es (em espanhol). Centro Virtual Cervantes. Instituto Cervantes. Consultado em 7 de agosto de 2013 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Convento de Santa Clara