Saltar para o conteúdo

Convento do Carmo (Cachoeira)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Convento do Carmo e Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Convento do Carmo (Cachoeira)
Informações gerais
Estilo dominante Barroco
Início da construção 1688
Fim da construção 1692
Religião Católica
Geografia
País  Brasil
Cidade Cachoeira
Coordenadas 12° 36′ 23″ S, 38° 57′ 41″ O

O Convento do Carmo é uma clausura católica, construída no século XVII pelos carmelitas. Está localizado na cidade de Cachoeira, no estado da Bahia. É um patrimônio cultural nacional, tombado, juntamente com a igreja de Nossa Senhora do Carmo, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na data de 22 de agosto de 1938, sob o processo de nº 182-T-1938.[1]

No ano de 1687, o capitão João Rodrigues Adorno e sua esposa Úrsula de Azevedo doou, para os carmelitas, o terreno pertencente a seu engenho, para construir um convento. As obras tiveram início em 14 de março de 1688, com término em 1692. O fundador do convento foi o Frei Manuel da Piedade, representante dos carmelitas de Cachoeira. No ano de 1751, o convento foi reconstruído em um outro local, um pouco mais abaixo, após perceberem que o local onde se encontrava o convento era inadequado e o antigo convento foi demolido. O novo convento foi construído com doações feita pela população de Cachoeira e com as vendas de sepulturas.[1][2]

Em 1823, o convento abrigou o quartel das tropas que lutaram na Guerra da Independência. Entre o ano de 1832 e 1833, por três dias o convento foi tomado por revolucionários armados. Em 1855, com a epidemia de cólera que assolou o Recôncavo Baiano, o convento se transformou em hospital para atender os contaminados, com os freis sendo os enfermeiros. Um frei chamado Estanislau foi contaminado pela cólera, vindo a óbito. No ano de 1857, o convento abrigou temporariamente no pavimento térreo, a Câmara Municipal, o Tribunal do Júri, a Audiência de Correição e o Quartel da Polícia, enquanto o Paço Municipal passava por obras. Em 1865, o convento abrigou os soldados de Voluntários da Pátria, que seguiam para a Guerra do Paraguai.[2]

Durante o século XIX, o convento e a igreja passaram por desgastes nas estruturas, quase chegando a ruína por causa dos poucos recursos financeiros para a manutenção, dos consecutivos abrigos de tropas e a proibição de novas inscrições de noviços nos conventos do Brasil, ordenada em 1855 pelo ministro da justiça José Tomás Nabuco de Araújo.[2]

Em 1899, já com a República e o Estado separado da Igreja, o convento e a igreja do Carmo de Cachoeira conseguiram ajuda de dois freis estrangeiros, chamados frei Mariano Gordon e frei Joaquim Romero Olmos, que fizeram obras emergenciais. Em 1914, houve uma enchente do rio Paraguaçu, deixando a cidade de Cachoeira alagada e o convento abrigou centenas de pessoas. No ano de 1918, o convento e a igreja passaram por reformas, administrada pelo frei espanhol Pedro Tomás Margallo.[2]

Em 1955, a Ordem dos Carmelitas desativou o convento por não conseguir mais manter as estruturas.[2]

A Igreja e o convento passaram por um período de abandono até o ano de 1981, quando o estado da Bahia, em convênio com a SEPLAN, desenvolveu um projeto de reconstrução de cidades históricas do Nordeste. As obras do convento iniciaram em 1982, finalizando em 1983 e passou a ser de propriedade privada, abrigando uma pousada. A igreja foi restaurada para abrigar um espaço para eventos.[2]

Convento do Carmo

Convento do Carmo

[editar | editar código-fonte]

O convento foi construído com dois pavimentos. Possuía 9 quartos que abrigavam as irmandades do Senhor dos Martírios e do Senhor da Paciência, 2 salões, refeitório, cozinha e catacumbas. O claustro é formado por uma galeria com pilares, cornijas e vãos em arco abatido, e circunda um pátio interno aberto. Neste pátio existia uma cisterna de abastecimento de água, que foi substituída, posteriormente, por uma bacia.[2]

Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Igreja de Nossa Senhora do Carmo

[editar | editar código-fonte]
Interior da Igreja do Carmo

A igreja foi construída em arquitetura estilo barroca com o frontispício decorado com estilo rococó e um frontão decorado em mesmo estilo e com tocheiros. A edificação possui dois pavimentos. No primeiro pavimento, os galilés possuem vãos em arco pleno e no segundo pavimento, foram construídas seis janelas em guilhotina com cornijas e rocailles. O acesso a igreja se dá através de escada de pedras.[2]

Na parte interna da igreja, foi construída nave única, com tribunas sobre os corredores laterais que possuíam altares dedicados à Nossa Senhora da Conceição, ao Senhor dos Martírios, a Nossa Senhora da Boa Morte e ao Senhor da Paciência. Esses altares foram arruinados com o tempo, só restando a imagem de Nossa Senhora da Conceição atualmente. A capela-mor possui a imagem da Nossa Senhora do Monte do Carmo e nas capelas laterais, a imagem de Elias e Eliseu. O antigo retábulo seguiu o estilo barroco, sendo decorado com colunas salomônicas de estilo joanino, folhas de acanto, querubins, grinaldas com margaridas e aves eucarísticas, mas foi arruinado pelos cupins, só restando alguns querubins e quatro colunas. No arco cruzeiro, de um lado há o altar dedicado a São José junto com uma capela dedicada a Santa Tereza, e do outro, um altar dedicado a Santana Mestra. A sacristia seguiu a decoração estilo barroca, com rocailles e um roda-teto circundando todo o cômodo. Deste roda-teto pendiam sanefas em gomos, talhada em madeira e cordões com borlas nas junções desses gomos. Há, na sacristia, uma bacia de pedra de Lioz esculpido com florais e palmas. Além da porta de acesso à igreja, a sacristia possui uma porta que dá acesso ao convento.[2]

O forro da capela-mor, da nave e da sacrista é abobadado em madeira com pintura barroca ilusionista em tons suaves, tendo como tema central a imagem da Nossa Senhora do Carmo rodeada de querubins em nuvens. O piso antigo da igreja, feito de tijolo de barro, foi coberto por piso de cerâmica em uma das reformas feita pelos frades.[2]

Referências

  1. a b Cachoeira – Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Ipatrimonio. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
  2. a b c d e f g h i j F LEXOR, ARIA H ELENA O.; LACERDA, ANA MARIA; SILVA, MARIA CONCEIÇÃO DA COSTA E e C AMARGO, MARIA VIDAL DE NEGREIROS. (2007). O Conjunto do Carmo de Cachoeira. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Programa Monumenta. ISBN 978-85-7334-058-7