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Coruja-preta

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaCoruja-preta
Espécime adulto empoleirado numa árvore
Espécime adulto empoleirado numa árvore
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Strigiformes
Família: Strigidae
Género: Strix
Espécie: S. huhula
Nome binomial
Strix huhula
(Daudin, 1800)
Distribuição geográfica
Distribuição da coruja-preta
Distribuição da coruja-preta
Sinónimos
Ciccaba huhula

A coruja-preta[2] ou mocho-negro[3] (nome científico: Strix huhula) é uma coruja da família dos estrigídeos (Strigidae). Inteiramente noturna, possui tamanho médio e não migra de seu habitat. Encontrada na América do Sul, seus habitats naturais são variados.

A coruja-preta é uma espécie de tamanho médio (30–36 centímetros), pesando em torno de 400 gramas, mas podendo variar a até 500 gramas. Geralmente, as fêmeas são maiores que os machos.[4] Quando adulto, possui coloração predominantemente negra, levemente amarronzada no dorso. Sua região ventral e da face possuem cores brancas. Sua cauda é negra, com 4-5 faixas brancas.[5] Por possuir uma plumagem extremamente macia, não emite barulho ao bater suas asas.[6]

Sua taxonomia não é clara em vários pontos. Alguns autores a incluem no gênero Ciccaba (corujas de tamanho médio encontradas na América do Sul), junto com a coruja-de-cara-negra (Ciccaba nigrolineata), a coruja-do-mato-neotropical (Ciccaba virgata) e a coruja-dos-andes (Ciccaba albitarsis). No entanto, outros incluem todas as espécies de Ciccaba ao gênero Strix. Além disso, há algum debate sobre se a coruja-preta e a coruja-de-cara-negra são ou não da mesma espécie. Alguns afirmam que sim, devido às suas vocalizações serem semelhantes e ao fato de responderem aos chamados do outro. Outros afirmam que é improvável que sejam da mesma espécie, visto que as vocalizações são diferentes, mesmo quando seu alcance é sobreposto.[7]

Há duas subespécies reconhecidas:[8]

  • S. h. huhula, que se distribui principalmente no norte e centro da América do Sul.
  • S. h. albomarginata, que habita principalmente o sudeste do Brasil, leste do Paraguai e áreas adjacentes do nordeste da Argentina.

Habitat e distribuição

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São encontradas principalmente abaixo de uma altitude de 500 metros, com raros registros em até 1 400 metros. Habita vários tipos de florestas em toda a paisagem sul-americana, principalmente florestas tropicais e subtropicais. No Equador, foram registrados quase exclusivamente na floresta úmida do nordeste,[8] também sendo encontrada nas florestas do Atlântico, como a mata de igapó e a Floresta de terra firme no Brasil.[9][10]

É difícil de detectar e é um dos estrigídeos menos conhecidos na América do Sul. Seu tamanho populacional não foi avaliado, mas é descrito como uma ave relativamente comum, embora esteja distribuída de forma irregular. Poucos avistamentos foram registrados, mas seu alcance muito provavelmente se estende do sul da Colômbia ao sudeste da Argentina e do Brasil.[8]

A dificuldade em detectar a espécie é bem ilustrada pelo fato de que S. h. albomarginata foi encontrada apenas algumas vezes nos últimos anos na Mata Atlântica do Brasil e do Paraguai, e apenas duas vezes até 2012 no Parque Nacional Equatoriano de Podocarpus.[8] Na região de Minas Gerais, Brasil, só foi avistada uma segunda vez 170 anos depois de ter sido registrada pela primeira vez.[10] Da mesma forma, apenas relatos históricos sem evidências que o corroborem existiam no Paraguai antes de 1995.[11] Também foi considerada a menos abundante das corujas semelhantes na província de Misiones, na Argentina.[7] Em 2018, notou-se que a espécie é "desejada no álbum de registros dos observadores de aves" diante da dificuldade de ser avistada.[12]

Comportamento

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Vocalização

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A vocalização dos machos consiste em uma frase de vaias cambiantes. O ritmo típico é composto de 3-4 notas guturais profundas, seguidas por uma pausa de cerca de 0,6 segundos e terminando com um ou dois pios mais altos e mais curtos. Já as fêmea cantam uma versão ligeiramente mais aguda.[4] Muitas novas vocalizações são ouvidas durante o período de aninhamento, incluindo dois tipos de gritos. Ao redor do ninho, foram gravados machos chamando seu parceiro com seis ou sete notas descendentes, com as fêmeas respondendo com o mesmo chamado ou com 1, 2 ou 3 notas. Essa chamada descendente só foi ouvida durante o aninhamento, mas a chamada de 1, 2 ou 3 notas foi ouvida em outras circunstâncias.[7]

Poucas informações estão disponíveis sobre os hábitos alimentares desta espécie, mas morcegos foram encontrados no estômago de pássaros adultos e eles foram observados comendo e alimentando mariposas para seus filhotes.[7] A coruja-de-cara-negra, o parente mais próximo da coruja-preta, foi vista capturando grandes insetos, como besouros (principalmente escaravelho, gorgulhos (curculionídeos) e cerambycinae, gafanhotos (acridídeos) e baratas (blatídeos).[13] Com menor frequência, também consome pequenos vertebrados, como roedores, répteis, morcegos e aves.[5]

Também não se sabe muito sobre a reprodução da espécie. A primeira descrição de nidificação foi relatada em 2013. Observou-se que durante o período de incubação, de setembro a novembro, o ovo foi incubado durante todo o dia e quase toda a noite, sendo deixado sozinho apenas por curtos períodos de 5 a 10 minutos. O mesmo comportamento foi observado por pelo menos três semanas após a eclosão. Supõe-se que a fêmea fez toda a incubação e criação, congruente com todas as outras espécies de coruja estudadas. Ambos os pais defenderam ativamente seu ninho, e o casal reprodutor provavelmente excluiu outras espécies de corujas do centro de seu território. Semelhante a outras corujas Ciccaba e Strix, sua ninhada possui um filhote, e o ninho situa-se entre galhos bifurcados e não em uma cavidade. Podem usar a mesma forquilha de árvore para seu ninho nos anos seguintes, mas podem não se reproduzir consecutivamente.[7]

Conservação

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Em 2005, foi classificada como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[14] em 2010, sob a rubrica de "dados insuficientes" no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná;[15] em 2011, como em perigo na Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina;[16] em 2014, sob a rubrica de "dados insuficientes" no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[17] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[18][19] A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), em sua Lista Vermelha, a classificou como pouco preocupante por conta de sua ampla distribuição, apesar de se considerar que a espécie esteja em tendência de declínio populacional devido à perda de habitat.[1] A coruja-preta consta ainda no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).[20]

Referências

  1. a b BirdLife International (2012). «Strix huhula». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2012. Consultado em 29 de abril de 2022 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 162. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. «Coruja-preta». Michaelis. Consultado em 17 de abril de 2022 
  4. a b Becking, Jan-Hendrik; Weick, Friedhelm (2008). Owls of the World. Londres: Bloomsbury Publishing 
  5. a b Menq, Willian (2018). «Coruja-preta». Aves de Rapina Brasil. Consultado em 14 de julho de 2021 
  6. «Black-banded Owl - Introduction». Neotropical Birds Online. Consultado em 14 de outubro de 2018 
  7. a b c d e Bodrati, Alejandro; Cockle, Kristina (1 de janeiro de 2013). «Distribution, Nesting and Vocalizations of the black-banded owl (Ciccaba huhhula albomarginata) in Argentina». Ornitologia Neotropical. 24: 169–182 
  8. a b c d Delsinne, Thibaut; Guerrero, Mauricio (10 de março de 2012). «Black-banded Owl Ciccaba huhula near Podocarpus National Park, southern Ecuador». Cotinga. 34: 98–99 
  9. Borges, Sérgio Henrique; Henriques, Luiza Magalli; Carvalhaes, André (2004). «Density and Habitat Use by Owls in Two Amazonian Forest Types / (Densidad y uso de habitat por varias especies de buhos en dos tipos de bosques amazónicos)». Journal of Field Ornithology. 75 (2): 176–182. JSTOR 4151185. doi:10.1648/0273-8570-75.2.176 
  10. a b Ferreira de Vasconcelos, Marcelo; Diniz, Mauro (1 de setembro de 2008). «170 years after Lund: Rediscovery of the Black-banded Owl Strix huhula in the metropolitan region of Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil (Strigiformes: Strigidae)». Revista Brasileira de Ornitologia. 16: 277–280 
  11. Brooks, Thomas M.; Clay, Rob P.; Lowen, James C.; Butchart, Stuart H. M.; Barnes, Roger; Esquivel, Estela Z.; Vincent, Nubia I. Etcheverry and Jon P. (1995). «New Information on Nine Birds from Paraguay.». Ornitologia Neotropical. 6 (2): 129–134 
  12. «Coruja-preta é figurinha desejada no álbum de registros dos observadores de aves». G1. 19 de fevereiro de 2018. Consultado em 14 de julho de 2021. Cópia arquivada em 9 de março de 2021 
  13. Gerhardt, Richard P.; Gerhardt, Dawn Mcannis; Flatten, Craig J.; Gonz, Normandy Bonilla (1994). «The Food Habits of Sympatric Ciccaba Owls in Northern Guatemala». Journal of Field Ornithology. 65 (2 (Spring)): 258–264 
  14. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  15. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. 2010. Consultado em 2 de abril de 2022 
  16. Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina - Relatório Técnico Final. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Fundação do Meio Ambiente (FATMA). 2010 
  17. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  18. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  19. «Strix huhula Daudin, 1800». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 17 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  20. «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 14 de janeiro de 2022 
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