Saltar para o conteúdo

Crise do terceiro século

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Crise do século III)
O Império Romano dividido em 260 d.C.

Crise do terceiro século é uma série de acontecimentos ocorridos no Império Romano ao longo do século III, ou mais precisamente do ano 235 ao ano 284.[1]

Durante este período, o império foi governado sucessivamente por cerca de dezoito imperadores "legítimos". A maioria deles eram proeminentes generais que assumiram o poder imperial sobre todo ou parte do império, somente para perdê-lo por derrota em combate, assassinato ou morte natural, governando em média apenas dois a três anos. Por isso, este período é também conhecido como a época dos "Imperadores Soldados". O número exacto de imperadores do período é desconhecido, pois não considera aqueles nomeados juntamente com pais e colegas, e ainda desconsidera os pretendentes e usurpadores.[2]

No fim do século II ocorreu uma guerra civil de sucessão, que abalou profundamente o império. Na primeira metade do século seguinte, o império manteve-se próspero e extenso, até que o poderoso Império Sassânida, do leste, começou a fazer ataques ao Império Romano. No ano de 260, foram capturados o imperador Valeriano e todo o seu exército de 70 mil homens. Sem muita defesa, as províncias do leste foram devastadas.

Com a ascensão do imperador Diocleciano (r. 284–305) encerrou-se a crise do terceiro século.

A Peste de Cipriano espalhou-se pelo império e tornou-se uma epidemia. Além desses problemas, o Império Romano ainda se iria deparar com outro poderoso inimigo vindo do norte: os godos.

O avanço da peste e os fracassos militares do império eram tão frustrantes que o povo passou a buscar novas crenças e rituais para afastar os perigos, ao mesmo tempo que se intensificou a perseguição aos cristãos. Rumores de que os acontecimentos negativos eram algum tipo de castigo para o Império Romano espalharam-se por toda a Europa.

Uma característica marcante observada na crise do terceiro século foi a fraqueza demonstrada pelos imperadores em manter de forma prolongada o controle sobre o império. Essa série de imperadores fracos foi, de certa forma, um reflexo da extensa militarização do império. Por outras palavras, Roma foi abandonando gradualmente o seu caráter aristocrático, percebido anteriormente nos poderes investidos ao senado romano, para tornar-se um império militar.

Esse processo de enfraquecimento do senado romano foi acompanhado pelo fortalecimento cada vez maior das legiões romanas nas decisões relativas à escolha dos imperadores, em função dos seus interesses imediatos e, por consequência, na administração do império. Isso levou inevitavelmente à escolha de imperadores despreparados e incompetentes.

Com a crise do terceiro século, começaram as transformações que, mais de um século depois, levariam ao fim do período histórico conhecido como Antiguidade e o início da Idade Média.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Olivier Hekster, Rome and its Empire, AD 193–284 (Edimburgo 2008) ISBN 978 0 7486 2303 7
  2. Grandes Impérios e Civilizações. Roma - Legado de um império. 2 1 ed. Madri: Ediciones del Prado. 1996. pp. 112 p. ISBN 84-7838-740-4 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]