Cristiano de Hesse-Philippsthal-Barchfeld
Cristiano | |
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Nascimento | 16 de junho de 1887 |
Palácio de Louisenlund, Güby, Schleswig-Holstein, Império Alemão | |
Morte | 19 de outubro de 1971 (84 anos) |
Genebra, Suíça | |
Esposas | Elizabeth Reid Rogers (1914–1957) Ann Pearl Everett (1958–1971) |
Descendência | Elisabeth Auguste Richard Christian Waldemar Marie Louise Olga |
Casa | Casa de Hesse-Philippsthal-Barchfeld |
Pai | Guilherme de Hesse-Philippsthal-Barchfeld |
Mãe | Augusta de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg |
Cristiano de Hesse-Philippsthal-Barchfeld (em alemão: Christian Ludwig Friedrich Adolf Alexis Wilhelm Ferdinand; Güby, 16 de junho de 1887 - Genebra, 19 de outubro de 1971) foi um principe alemão e oficial da marinha alemã até sua renúncia ao cargo durante a Primeira Guerra Mundial em protesto à campanha alemã de submarinos.
Como membro da Casa de Hesse, era denominado "Sua Alteza, o Príncipe Cristiano de Hesse-Philippsthal-Barchfeld". Para distinguir entre os vários ramos da casa, a designação Philippsthal-Barchfeld foi por vezes adicionada ao final de seu título principesco.[1]
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Cristiano Luís Frederico Adolfo Alexis Guilherme Fernando nasceu em 16 de junho de 1887 no Palácio de Louisenlund em Güby, Schleswig-Holstein. Ele era o filho varão mais novo, único do quarto casamento, do príncipe Guilherme de Hesse-Philippsthal-Barchfeld. Sua mãe era a princesa Augusta de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, prima de primeiro grau da rainha Alexandra do Reino Unido, dos reis Frederico VIII da Dinamarca e Jorge I da Grécia e da imperatriz Maria da Rússia.[1] Como o príncipe era o filho mais novo, ele não era particularmente rico e teve que viver as custas da generosidade da família.[2]
Em 1905, o meio-irmão mais velho de Cristiano, o príncipe Clóvis, herdou a riqueza e os bens da família quando sucedeu seu tio, o conde Alexis como chefe da Casa de Hesse-Philippsthal-Barchfeld em meio à uma crise sucessória. Os filhos mais velhos do pai de Clóvis e Cristiano, intitulados Príncipes von Ardeck, eram frutos de um casamento morganático e, portanto, foram foram excluídos da sucessão.[1]
Em 20 de março de 1905 ele ingressou na Marinha Imperial Alemã[3] e, no verão de 1912, foi tenente comandante do SMS Stettin quando da viagem oficial aos Estados Unidos de um esquadrão comandado pelo almirante Hubert von Rebeur-Paschwitz.[4]
Durante a Primeira Guerra Mundial, Cristiano escreveu uma carta aberta ao imperador Guilherme II da Alemanha na qual criticava a campanha de submarinos travada por U-boats alemães contra as rotas comerciais dos Aliados. Consequentemente, ele renunciou ao seu posto em protesto a essas hostilidades.[5][6]
Casamento
[editar | editar código-fonte]Como parente tanto do imperador Nicolau II da Rússia quanto de sua esposa, nascida uma princesa de Hesse, antes do início da guerra, especulava-se um casamento entre Cristiano e a filha mais velha de Nicolau, a grã-duquesa Olga Nikolaevna. Essa união era fundamentada nas esperanças por parte dos alemães de aumentarem sua influência na corte russa.[2] No entanto, nenhum compromisso foi acertado e, em dezembro de 1914, foi anunciado o noivado do príncipe Cristiano com Elizabeth Reid Rogers, filha de Richard Reid Rogers. O casal tinha se conhecido cerca de um ano antes, em um baile na cidade do Cairo, Egito, após o qual a família dela viajou para Berlim para uma estadia prolongada e permitiu que o príncipe continuasse seu namoro. Ao contrário de outras herdeiras estadunidenses que se casaram com a realeza e a nobreza europeias nos séculos XIX e XX, a noiva de Cristiano não era particularmente rica[2], mas era filha de um homem influente.
O príncipe Cristiano e Elizabeth se casaram em 14 de janeiro de 1915[1] na Igreja da Santíssima Trindade em Berlim.[7] Como Elizabeth não possuía sangue igual, o casamento foi considerado morganático e, portanto, ela e quaisquer futuros filhos não poderiam compartilhar o título e as prerrogativas reais do príncipe Cristiano. Em compensação, no dia de seu casamento, o primo de Cristiano, o Ernesto Luís, Grão-Duque de Hesse, concedeu o título de Baronesa von Barchfeld a Elizabeth.[1]
O casal teve quatro filhos: Elisabeth Auguste (1915–2003), casada em 1949 com Jacques Olivgetti (div. em 1956); Richard Christian (1917–1985), casado em 1953 com Maria Lafontaine; Waldemar (1919–2002), casado em 1952 com Ellen Hamilton (dois filhos: Alexander, nascido em 1956, e Heinrich, nascido em 1963) e Marie Louise Olga (1921–1999), casado em 1952 com Michel Savich. Com o consentimento de seu irmão, o conde Clóvis, seus filhos foram autorizados a utilizarem os títulos de "Príncipe/Princesa de Hesse-Philippsthal-Barchfeld".[1]
Em 2 de fevereiro de 1957, sua esposa Elizabeth morreu em Cannes[8] e Cristiano casou-se religiosamente pela segunda vez em Cannes em 25 de junho de 1958 com a viúva, Ann Pearl Field, nascida Everett (1906-1972). Um casamento civil tinha ocorrido 15 dias antes em Genebra, Suíça.[9] Seu segundo casamento não gerou descendência.
Últimos anos
[editar | editar código-fonte]Após a guerra, o príncipe Cristiano e sua família viveram por um tempo na Suíça e nos Estados Unidos antes de adquirirem uma villa em Cannes.[8] O príncipe era próximo da família real britânica antes e depois da Primeira Guerra Mundial. Em 1925, depois de assistir ao funeral de sua prima, a rainha Alexandra, ele se tornou a primeira pessoa de origem alemã após a guerra a jantar com o rei Jorge V e a rainha Maria no Palácio de Buckingham.[5]
Quando da ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, vários parentes hessianos do príncipe Cristiano, incluindo vários sobrinhos e sobrinhas, juntaram-se ao Partido Nazista.[10] No entanto, nem o príncipe, sua esposa e filhos compactuavam com os ideais do partido, de modo que, em 1941, os nazistas revogaram a cidadania alemã de todos os membros da família.[11] Posteriormente, Cristiano adquiriria a nacionalidade suíça.[12]
O príncipe Cristiano passou seus últimos anos viajando e visitou a Austrália[13], terra natal de sua segunda esposa, em 1962. Ele morreu aos 84 anos enquanto estava de férias com sua esposa em Genebra.[12]
Honras
[editar | editar código-fonte]- Cavaleiro da Ordem do Leão Dourado da Casa de Hesse[3]
- Grã-Cruz da Ordem da Casa Principesca de Lipa[3]
Referências
- ↑ a b c d e f Almanach de Gotha. [S.l.]: Justus Perthes. 1929. p. 480
- ↑ a b c «Which one do you think the Prince chose?». The Spokesman-Review. 31 de janeiro de 1915. p. 22. Consultado em 20 de junho de 2013
- ↑ a b c E.S. Mittler., ed. (1911). Rangliste der deutschen Reichsmarine. [S.l.: s.n.] p. 143
- ↑ «German Squadron in Hudson today» (PDF). The New York Times. 9 de junho de 1912. Consultado em 20 de junho de 2013
- ↑ a b «British king dines German Prince first time since war». The Sunday Vindicator. 20 de dezembro de 1925. p. 7. Consultado em 20 de junho de 2013
- ↑ «A nice family to have». Toledo Blade. 19 de abril de 1923. p. 5. Consultado em 20 de junho de 2013
- ↑ «American society woman becomes morganatic wife of nephew of Kaiser Wilhelm». The Vindicator. 18 de janeiro de 1915. p. 7
- ↑ a b «Princess Christian of Hesse». The Times. 4 de fevereiro de 1957. p. 12
- ↑ «News in Brief». The Times. 21 de junho de 1958. p. 2
- ↑ Jonathan Petropoulos (2006). Royals and the Reich: The Princes Von Hessen in Nazi Germany. [S.l.]: Oxford University Press, USA. ISBN 978-0-19-516133-5
- ↑ «Lose Reich nationality». Montreal Gazette. 17 de julho de 1941. p. 2. Consultado em 20 de junho de 2013
- ↑ a b «Prince Christian of Hesse dies, 84». The Sydney Morning Herald. 27 de outubro de 1971. p. 8. Consultado em 20 de junho de 2013
- ↑ «Prince of Hesse, Princess arrive». The Age. 11 de julho de 1962. p. 2. Consultado em 20 de junho de 2013