Daiara Tukano
Daiara Tukano | |
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Nascimento | 1982 (42 anos) São Paulo |
Cidadania | Brasil |
Etnia | Tucanos |
Ocupação | artista, ativista, investigadora, jornalista |
Daiara Hori Figueroa Sampaio (São Paulo, 1982), conhecida como Daiara Tukano, ou Duhigô, da etnia Tukano é uma artista visual reconhecida por seu trabalho como muralista, professora e ativista pelos direitos indígenas brasileira. Daiara Tukano é também comunicadora e foi coordenadora da Rádio Yandê, primeira web-rádio indígena do Brasil.[1][2][3][4][5]
Vida
[editar | editar código-fonte]Daiara Hori Figueroa Sampaio – Duhigô, do povo indígena Tukano – Yé’pá Mahsã, descende do clã Eremiri Hãusiro Parameri de São Gabriel da Cachoeira (AM), na região do Alto Rio Negro no Amazonas, fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela.Daiara, de origem Nambikwara, quer dizer ‘minha amiga’; e Hori quer dizer ‘desenho, luz, cor e miração, na língua Tukano[6]. Nasceu em São Paulo, em uma família de lideranças indígenas, em meio a um contexto político de movimentação social indígena antecedente à Constituinte. Mudou-se para Brasília com a família onde vive atualmente com seus irmãos.Filha de um líder Tukano e uma antropóloga colombiana, Daiara nasceu literalmente dentro do movimento indígena. A família de Daiara Tukano deslocou-se de sua aldeia, no Amazonas, para se juntar em São Paulo ao esforço dos líderes indígenas que lutavam para conquistar direitos que antecede a construção da Constituição Federal de 1988. Seu avô, seus tios e primos vivem na Aldeia Balaio, próxima ao município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas e ela vive entre a aldeia e a cidade.[7][8]
Dos 3 aos 11 anos de idade, morou na Colômbia, por conta da militância de seus pais. Pré-adolescente foi acompanhar a mãe em seu doutorado na França. Vivendo sob essa miscigenação linguística Daiara conta que são três, o número de linguas nativas sendo elas o -espanhol, francês e português, além disso Daiara também fala inglês. Além de sua formação idiomática, a literatura teve grande influência em sua formação desde pequena. Odisseia, A Ilíada, Dom Quixote, Cem anos de solidão, A História sem fim, senhor dos Anéis e Júlio Verne, para citar alguns fizeram parte de sua infância. Na literatura indígena Ciça Fittipaldi (primeira ilustradora de livros de mitologia indígena no Brasil) e amiga de sua mãe. [9]
É uma artista, ativista, educadora e comunicadora. Graduada em Artes Visuais e Mestre em direitos humanos pela Universidade de Brasília – UnB; pesquisa o direito à memória e à verdade dos povos indígenas.[6] Em Brasília, Daiara formou-se mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Brasília (UnB) onde pesquisou o direito à memória e à verdade dos povos indígenas.[10][11]
Seu papel como ativista indígena anda ao lado do seu trabalho como artista. Em 2019 ela participou de uma reunião de líderes como ela e o escritor Ailton Krenak no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, na mostra Mostra Ameríndia — Percursos do Cinema Indígena no Brasil que reuniu exibições cinematográficas e debates sobre as questões indígenas.[12] Ela também participou, em 2018, do ColaborAmerica, evento que propõe novas formas de economia na América Latina.[13][8] A artista participou do Conselho Nacional de Cultura, como representante da sociedade civil de povos indígenas.[14] Foi coordenadora da primeira web rádio indígena do Brasil, a rádio Yandê, entre os anos 2015 a 2021.[15]
Atualmente a artista é representada pela galeria de arte Millian.[16]
Obras
[editar | editar código-fonte]Em 2020, ela se tornou a artista indígena a ter o maior mural de arte urbana do mundo, sendo a primeira a pintar uma empena. A obra ocupa mais de 1.000 m² no histórico Edifício Levy, no Centro de Belo Horizonte, famoso por seu papel no surgimento do Clube da Esquina. Com a colorida imagem de uma mãe carregando o seu filho no colo. Esse trabalho fez parte do Festival Cura e se chama Selva Mãe do Rio Menino.[17][18][19]
No mesmo ano, Daiara participou de uma exposição coletiva na Pinacoteca de São Paulo - a primeira em mais de 100 anos de existência que o museu paulistano recebe uma mostra exclusiva de arte indígena. A mostra Véxoa: Nós sabemos contou com a participação de 23 artistas e ficou em exibição até março de 2021.[20][21]
Em seu trabalho artístico Daiara Tukano tem uma produção eclética e se destaca por sua pesquisa dos desenhos tradicionais do objetos dos Tukano; e também das mirações causadas pelas medicinas, cantos e cerimônias.[22]
Exibições
[editar | editar código-fonte]- 2020 - Festival 5ª edição do Circuito de Arte Urbana (Cura), realizado entre os dias 22 de setembro e 4 de outubro deste ano, em Belo Horizonte.
- 2020 - Véxoa: Nós Sabemos, uma coletiva com trabalhos de 24 artistas indígenas, curada pela também artista Naine Terena, do povo Terena, na Pinacoteca de São Paulo.
Reconhecimentos e Prêmios
[editar | editar código-fonte]- 2020 - Daiara Tukano pintou o maior mural de arte urbana feito por uma artista indígena no mundo. A obra de arte ocupa uma empena de mais de 1.000 m² no Edifício Levy, em Belo Horizonte. Na imagem vê-se uma mãe carregando o seu filho.[23][24][25]
- 2021 - 2023 - 2024 - Participou do Prêmio PIPA.[26]
- 2021 - Vencedora do Prêmio PIPA Online. [26]
- 2022 - Ganhadora do Prêmio Prince Claus, da organização holandesa Prince Claus Fund.[27]
Referências
- ↑ «Daiara Tukano — IEA USP». www.iea.usp.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Povos Indígenas: conheça os direitos previstos na Constituição». Agência Brasil. 19 de abril de 2017. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Daiara Tukano». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Episodes of the South - Episodes - Goethe-Institut ». www.goethe.de. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Conquista de território». Nexo Jornal. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ a b «Daiara Tukano». Prêmio PIPA. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «Conheça a autora do maior mural feito por artista indígena do mundo, em BH». www.uol.com.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ a b «Daiara Tukano, militante indígena: 'Índios não são coisa do passado'». O Globo. 5 de janeiro de 2018. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Daiara Tukano: celebrar a ancestralidade e desenhar o mundo! | Instituto Socioambiental». www.socioambiental.org. 1 de março de 2023. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «Daiara Tukano — IEA USP». www.iea.usp.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Daiara Tukano». Millan. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «O silêncio do xeramoin de 110 anos e o medo de hoje: a sobrevivência dos indígenas cabe numa câmara de cinema». Jornal Expresso. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ Silva, Anielle Cristine. «Daiara Tukano, militante indígena: "Índios não são coisa do passado"». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Ao lado de Sonia Guajajara, ministra da Cultura se reúne com representantes indígenas na 4ª CNC». Ministério da Cultura. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «Rádio Yandê – Portal de Etnomídia Indígena | 10 anos». 10 de junho de 2024. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «Daiara Tukano». Millan. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «Conheça a autora do maior mural feito por artista indígena do mundo, em BH». www.uol.com.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Festival Cura deixa legado artístico para a Capital». Diário do Comércio. 27 de outubro de 2020. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ BH, Portal Sou (4 de outubro de 2020). «Totens invadem Centro de BH e indicam painéis de arte urbana | Notícias Sou BH». Portal Sou BH. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Noticias da Floresta - Mostra na Pinacoteca usa a arte para denunciar crimes contra indígenas». www.uol.com.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Arte indígena contemporânea é destaque entre as exposições em São Paulo! | Lilian Pacce». www.lilianpacce.com.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Pinacoteca de SP abre mostra coletiva somente com artistas indígenas». Vogue. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Conheça a autora do maior mural feito por artista indígena do mundo, em BH». www.uol.com.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Obra de Daiara Figueroa Tukano, em edifício no centro de Belo Horizonte». www.cedefes.org.br. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ Miazzo, Leonardo (7 de outubro de 2020). «Em BH, festival apresenta a maior obra de arte indígena contemporânea do mundo». CartaCapital. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ a b «Daiara Tukano». Prêmio PIPA. Consultado em 14 de junho de 2024
- ↑ «Daiara Tukano». Prince Claus Fund (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2024