Dakini
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Dakini pode ser compreendida como uma deidade feminina. No idioma tibetano, o termo Dakini é Khandroma (mkha’-‘gro-ma), que significa “aquela que atravessa o céu” ou “a que se movimenta no espaço”; também se refere a “bailarina celeste” ou “andarilha celeste”. Iconograficamente, seus corpos são representados em posições sinuosas e dançantes. É notável que, mesmo que quase sempre sejam representadas nuas e belas, quase nunca são associadas à sexualidade, mas sim ao desnudamento mental livre de todas as sombras. Os movimentos de sua dança representam os movimentos e pensamentos da consciência no fluxo mental e também o dharmakaya como florescimento espontâneo da mente do Buda, o rigpa.
Budismo Tibetano
[editar | editar código-fonte]As Dakinis são recorrentes no budismo Vajrayana e, particularmente no Tibet, nos Himalaias. São tidas como possuidoras de um temperamento agressivo e volátil, agindo algumas vezes como musas (ou aspectos de inspiração para práticas espirituais). As Dakinis são entes femininos energéticos, que evocam o movimento de energia do espaço. Neste contexto, o céu e o espaço indicam o shunyata, a insubstancialidade de todos os fenômenos, que é ao mesmo tempo o potencial puro de todas as possíveis manifestações.
As Dakinis são agentes de provas e desafios. Há situações nas quais uma Dakini vem testar o conhecimento ou controle de um aspirante sobre um tema em particular. Muitas histórias dos Mahasiddhas no Tibet possuem passagens onde uma Dakini “perturba” ao aspirante a Mahasiddha.[1] Quando a prova delas é superada, o aspirante é reconhecido como um Mahasiddha e eventualmente é levado à terra pura das Dakinis, um lugar de êxtase luminoso.
Segundo a tradição, uma Dakini deu a coroa negra ao terceiro Karmapa, Rangjung Dorje (1284 – 1339), quando este tinha três anos de idade.[2] A coroa negra se tornou um emblema da linhagem de reencanações tibetanas.
As Dakinis se relacionam à energia em todas as suas funções, e também com as revelações dos Anuttara Tantras ou os mais elevados Tantras, que representam um caminho de transformação. Neste ponto, a energia das emoções negativas kleshas, chamadas de veneno, são transformadas na energia luminosa da claridade da Iluminação (jñana).
Iconografia
[editar | editar código-fonte]"As representações iconográficas geralmente mostram as dakinis como figuras jovens, nuas e dançando, muitas vezes sustentando uma tigela de caveiras (kapala) com sangue ou o elixir da vida em uma mão, e uma faca na outra. Podem ter um colar de caveiras humanas e tridentes (Khatvanga) sobre os ombros. Geralmente possuem um cabelo selvagem cobrindo-lhes as costas, seus rostos eventualmente possuem expressões furiosas e dançam sobre cadáveres, o que representa seu perfeito domínio do ego e da ignorância." (Campbell, June; "Traveller in Space: In Search of the Female Identity in Tibetan Buddhism pg. 138).
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Biografía de Naropa
- ↑ Rangjung Dorje, ou terceiro karmapa
Referencias
[editar | editar código-fonte]- Beyer, Stephen (1973). The Cult of Tara: Magic and Ritual in Tibet. University of California Press. ISBN 0-520-02192-4
- Campbell, June. (1996). "Traveller in Space: In Search of the Female Identity in Tibetan Buddhism". George Braziller. ISBN 0-8076-1406-8
- English, Elizabeth (2002). Vajrayogini: Her Visualizations, Rituals, and Forms. Wisdom Publications. ISBN 0-86171-329-X
- Geshe Kelsang Gyatso (1991). Guide to Dakini Land: The Highest Yoga Tantra Practice Buddha Vajrayogini. Tharpa Publications. ISBN 0-948006-18-8
- Norbu, Thinley (1981). Magic Dance: The Display of the Self Nature of the Five Wisdom Dakinis. Jewel Publishing House, 2nd edition. ISBN 0-9607000-0-5
- Padmasambhava, translated by Erik Pema Kunsang (1999) Dakini Teachings. Rangjung Yeshe Publications, 2nd edition. ISBN 962-7341-36-3
- Simmer-Brown, Judith (2001). Dakini's Warm Breath: The Feminine Principle in Tibetan Buddhism. Shambhala Publications. ISBN 1-57062-720-7
- Yeshe, Lama (2001). Introduction to Tantra : The Transformation of Desire. Wisdom Publications, revised edition. ISBN 0-86171-162-9