Danaus
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Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Danaus é um género de borboletas (Lepidoptera: Nymphalidae) aposemáticas, da subfamília Danainae, tribo Danaini, com doze espécies reconhecidas, que habitam climas temperados, subtropicais e tropicais, possuindo representantes nas regiões Neártica, Neotropical, Paleártica, Afrotropical, Oriental, Australiana e Pacífica.[1] Entre as espécies de borboletas do gênero Danaus se destaca a espécie popularmente conhecida como Borboleta-monarca (Danaus plexippus).
Biologia e reprodução
[editar | editar código-fonte]Plantas, muitas vezes, apresentam defesas químicas como cardenolidas e alcaloides pirrolizidínicos para deter os herbívoros predadores. Entretanto, borboletas do gênero Danaus (Nymphalidae: Danainae: Danaini) se beneficiam destas defesas. As Danaus apresentam dois mecanismos de defesa química: um baseado em cardenolidas e o outro baseado em alcaloides pirrolizidínicos.[2][3][4][5] As larvas de Danaus são aposemáticas e especialistas em sequestrar cardenolidas[1] das folhas de suas plantas hospedeiras da família Apocynaceae.[6] As cardenolidas consumidas são retidas após o processo de pupação e conferem defesa química, tanto às larvas como aos adultos, contra o ataque de predadores.[7][8][6] Quando adultas, as borboletas sequestram alcaloides pirrolizidínicos do néctar e partes senescentes de folhas e ramos das famílias Asteraceae, Boraginaceae e Fabaceae. Desta forma, ambos compostos conferem às borboletas uma proteção química contra predadores.[9][10]
Machos do gênero Danaus utilizam os alcaloides pirrolizidínicos sequestrados como precursores para a síntese de feromônios sexuais[11] e para o desenvolvimento e funcionamento dos órgãos sexuais androconiais.[12] O sucesso reprodutivo dos machos depende das androcônias, as quais expelem, ao longo do intrincado voo nupcial, feromônios sexuais, como o hidroxidanaidal, que estimulam a receptividade da fêmea para a reprodução.[12][13][14] Entretanto D. plexippus não depende de alcaloides pirrolizidínicos para reprodução.[15]
Sistemática
[editar | editar código-fonte]Taxonomia
[editar | editar código-fonte]Espécie | Nota | Distribuição | Borboleta |
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Danaus plexippus (Linnaeus, 1758) |
Borboleta-Monarca | Canadá, EUA, México, América Central, Caribe, América do Sul (Norte), Nordeste do Brasil, Peru, Colombia, Salomões, Nova Caledônia, Nova Zelandia, Papua Nova Guiné, Austrália, Açores, Ilhas Canárias, Gibraltar, Filipinas e Norte da África. | |
Danaus erippus (Cramer, 1775) |
Borboleta-Monarca-do-Sul | América do Sul (clima Tropical e Subtropica), Brasil, Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolivia, Chile e Peru | |
Danaus genutia (Cramer, 1779) |
Tigre Comum | Sri Lanka, Índia, Burma, Tailândia, China, Malasia, Borneo, Sumatra, Java, Austrália e Papua Nova Guiné | |
Danaus melanippus (Cramer, 1777) |
Tigre Branco | Leste indiano ao Sul asiático, Indonésia, Filipinas e Malásia | |
Danaus affinis (Fabricius, 1775) |
Tigre Malaio | Tailândia, Filipinas, Indonésia, Melanésia e Austrália e Papua Nova Guiné | |
Danaus ismare (Cramer, 1780) |
Ilhas Molucas, Malásia, Indonésia | ||
Danaus eresimus (Cramer, 1777) |
Rainha Tropical ou Soldado Inclue D. Plexaure[16] |
EUA, México, Índias Ocidentais, América Central, América do Sul (clima Tropical e Subtropical) | |
Danaus gilippus (Cramer, 1775) |
Rainha | EUA, Índias Ocidentais, América Central, América do Sul (clima Tropical e Subtropical) | |
Danaus petilia (Stoll, 1790) |
Indonésia e Austrálasia | ||
Danaus dorippus (Klug, 1845) |
Incluída em D. chrysippus[16] | Leste e Sul africano, basicamente Kenia, Uganda, Eritréia, Oman e Tanzania e, esporadicamente na Índia | |
Danaus chrysippus (Linnaeus, 1758) |
Inclue D. dorippus[16] | Mediterrâneo, África, Índia, Ásia e Austrálasia | |
Danaus cleophile (Godart, 1819) |
Monarca Jamaicana | Ilha de São Domingos e Jamaica |
Filogenia
[editar | editar código-fonte]Ackery & Vane-Wright (1984) | Smith, Lushai & Allen (2005) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Cladograma baseado nos caracteres morfológicos publicados por Ackery e Vane-Wright (1984).[1] Há alguma sugestão de polifilia em D. chrysippus implicada por dados moleculares, segundo Lushai et al.[17][18] | Cladograma da revisão de Smith et al. (2005), com base nos dados morfológicos e de DNA mitocondrial. ARN ribossômico, citocromo c oxidase, subunidades proteicas, DNA nuclear, fatores de alongamento e de sequenciamento de DNA (sem D. Cleophile).[16] | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O gênero Danaus foi anteriormente dividido nos subgêneros Danaus, Salatura e Anosia, mas este arranjo foi abolido. | A hibridização que produz descendentes férteis ocorre entre algumas espécies, confundindo os dados do mtDNA.[19] Isso parece ser verdadeiro no caso de D. dorippus.[16] Além disso, a infecção por Spiroplasma (assassina-de-machos) foi demonstrada em D. chrysippus e provavelmente também ocorre em outras espécies;[20] as conseqüências para a especiação e evolução são provavelmente similares àquelas observadas na infecção com cepas da bactéria Wolbachia, outra assassina-de-machos.[21] |
Referências
- ↑ a b c Ackery, P. R.; Vane-Wright, R. I. (1984). Milkweed Butterflies, Their Cladistics and Biology: Being an Account of the Natural History of the Danainae, a Subfamily of the Lepidoptera, Nymphalidae. [S.l.]: British Museum (Natural History). London.
- ↑ Brower, L. P.; Brower, J. V. Z.; Corvino, J. M. (1967). «Plant poisons in a terrestrial food chain.». Proceedings of the National Academy of Sciences. 57 (4): 893-898
- ↑ Edgar, J.; Cockrum, P. A.; Frahn, J. L. (1976). «Pyrrolizidine alkaloids in Danaus plexippus L. and Danaus chrysippus L.». Experientia. 32: 1535-1537
- ↑ Edgar, J.; Boppré, M.; Schneider, D. (1979). «Pyrrolizidine alkaloid storage in African and Australian Danainae». Experientia. 35 (1): 1447-1448
- ↑ Trigo, J. R. (2000). «The chemistry of antipredator defense by secondary compounds in neotropical lepidoptera: facts, perspectives and caveats». Journal of Brazilian Chemical Society. 11: 551-561
- ↑ a b Malcom, S. B. (1994). «Milkweeds, monarch butterflies and the ecological significance of cardenolides». Chemoecology. 5 (3): 101-117
- ↑ Brower, L. P.; Ryerson, W. N.; Copinger, L. L.; Glazier, S. C. (1968). «Ecological Chemistry and the Palatability Spectrum». Science. 168 (3848): 1349-1350
- ↑ Brower, L. P. (1969). «Ecological Chemistry». Sci. Am. 220: 22–29
- ↑ Nishida, R. (2002). «Sequestration of defensive substances from plants by Lepidoptera». Annual Review of Entomology. 47 (1): 57–92
- ↑ Opitz, S.; Müller, C. (2009). «Plant chemistry and insect sequestration». Chemoecology. 19 (3): 117-154
- ↑ Boppré, 1990
- ↑ a b Pliske, T. E.; Eisner, T. (1969). «Sex pheromone of the queen butterfly: Biology». Biological Science. 164: 1170-1172
- ↑ Boppré, M.; Petty, R. L.; Schneider, D.; Meinwald, J. (1978). «Behaviorally mediated contacts between scent organs: Another prerequisite for pheromone production in Danaus chrysippus males (lepidoptera)». Journal of Comparative Physiology. 126 (2): 97-103
- ↑ Boppré, M.; Vane-Wright, R. I. (1989). «Androconial systems in Danainae (Lepidoptera): functional morphology of Amauris, Danaus, Tirumala and Euploea» (PDF). Zoological Journal of the Linnean Society. 97 (2): 101-133
- ↑ Pliske, T. E. (1975). «Courtship Behavior of the Monarch Butterfly, Danaus plexippus L.». Annals of the Entomological Society of America. 68 (1): 143-151
- ↑ a b c d e Smith, D. A.; Lushai, G.; Allen, J. A. (2005). «A classification of Danaus butterflies (Lepidoptera: Nymphalidae) based upon data from morphology and DNA». Zoological Journal of the Linnean Society. 144 (2): 191–212
- ↑ Lushai, G.; et al. (2005). «The lesser wanderer butterfly, Danaus petilia (Stoll 1790) stat. rev. (Lepidoptera: Danainae), reinstated as a species». Australian Journal of Entomology. 44 (1): 6-14
- ↑ Lushai, G.; et al. (2005). «The butterfly Danaus chrysippus (L.) in East Africa comprises polyphyletic, sympatric lineages that are, despite behavioural isolation, driven to hybridization by female-biased sex ratios». Biological Journal of the Linnean Society. 86 (1): 117-131
- ↑ Baidya, S.; et al. (2018). «Occurrence of Interspecific Mating between Two Species of Danaus Kluk, 1780 (Lepidoptera: Nymphalidae) in Nature». Psyche. 2018 (Article ID 3059017, 5 pages)
- ↑ Jiggins, F. M.; et al. (1999). «The butterfly Danaus chrysippus is infected by a male-killing Spiroplasma bacterium» (PDF). Parasitology. 120 (Pt 5(5)): 439-446
- ↑ Harumoto, T.; et al. (2018). «Common and unique strategies of male killing evolved in two distinct Drosophila symbionts». Proc Biol Sci. 285 (1875)
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- The Nymphalidae Systematics Group - O Nymphalidae Systematics Group estuda as relações filogenéticas de taxa na família das borboletas Nymphalidae, assim como em outras famílias de Lepidoptera, usando principalmente métodos moleculares.
- Tree of Life - O ToL (Árvore da Vida) é um esforço colaborativo de biólogos e entusiastas da natureza de todo o mundo. O projeto fornece informações sobre a biodiversidade, as características de diferentes grupos de organismos e sua filogenia.
- Butterflies of America - Recurso online abrangente que inclui informações sobre taxonomia e identificação, distribuição e habitat, história de vida e bibliografia para todos os taxa de borboletas nas Américas.
- Species Link - Sistema de informação que integra dados primários de coleções científicas.