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Deutsch-Atlantische Telegraphengesellschaft

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Ação preferencial de 1000 marcos da Deutsch-Atlantische Telegraphengesellschaft emitida em agosto de 1922.

Deutsch-Atlantische Telegraphengesellschaft, geralmente referida por DAT, foi uma empresa que instalou e operou cabos submarinos para permitir a ligação telegráfica entre o Império Alemão e os Estados Unidos. Foi fundada em 21 de fevereiro de 1899 para instalar um cabo submarino independente de operadores estrangeiros entre Emden e New York, passando pelos Açores, onde tinha uma estação intermédia na cidade da Horta (ilha do Faial).[1][2] Com as interrupções causadas pelas Guerras Mundiais, os cabos da DAT mantiveram-se em funcionamento até 1 de janeiro de 1964, data em que cessou a operação por obsolescência do serviço.[3][4][5][6]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Após autorização do Governo Português para amarração do cabo submarino da ciadade da Horta, o contrato para a construção e lançamento foi adjudicado a uma filial da empresa de Colónia Clouth Gummiwerke AG. O primeiro cabo entrou em funcionamento em 1 de setembro de 1900. Já em 1904, foi instalado e posto em funcionamento um segundo cabo, devido ao crescente volume de tráfego. Com o início da Primeira Guerra Mundial, o cabo foi cortado por forças britânicas e apreendido pelo Reino Unido, só voltando a funcionar em 1925. Em 27 de janeiro de 1926, a DAT colocou em funcionamento mais dois cabos entre a cidade alemã de Emden e a Horta, nos Açores.[1]

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, os cabos da DAT foram novamente cortados. Só em 1954 é que as operações puderam ser retomadas. A sede da DAT foi transferida de Emden para Colónia (Hansaring) em 1952. No período pós-guerra, as capacidades de cabo da DAT foram alugadas a longo prazo.

A DAT era uma filial integralmente detida pelo grupo Gerling. Por volta de 1970, foi fundada uma empresa de software em Colónia e foi adquirido um centro informático em Koblenz (Gefa). Na altura, os principais clientes eram a Gerling Versicherungen (IBM), o Herstatt-Bank (Honeywell Bull) bem como a TUI em Hannover.

Nos anos da década de 1980, como era previsível que o sector do cabo chegaria em breve ao fim, a DAT começou a reestruturar-se. Foram adquiridas várias empresas de produtos de software (rhv, AGS, COMPAC) ou fundadas novas empresas (consultoria: INTELDAT, correio eletrónico: MAXDAT), a fim de formar uma nova base de negócios. Na década de 1990 a DAT concentrou-se na sua nova atividade principal de projectos de software e separou-se das outras áreas de negócio.

A Colónia Alemã da Horta[editar | editar código-fonte]

A instalação da DAT na cidade da Horta levou à construção de um conjunto de imóveis, com distinta arquitectura colonial alemã, alguns deles com grande qualidade construtiva, dando origem à chamada «Colónia Alemã» da Horta. Esses edificios albergam presentemente diversos departamentos do Governo dos Açores, sendo a casa do diretor a residência oficial do presidente da Assembleia Legislativa.[7] Em 1974, os edifícios foram adquiridos pela Junta Geral da Horta e transferidos posteriormente para o Governo dos Açores.

O conjunto, com arquitetura tipicamente germânica, está classificada como imóvel de interesse público, e a Colónia Alemã constitui um dos importantes legados da história dos cabos submarinos na cidade da Horta. O bairro residencial era composto por 5 edifícios, construído em 1919, destinados ao alojamento dos quadros da companhia e aos respetivos serviços administrativos. Os cinco edifícios são: a Casa do Relógio, o edifício do diretor da DAT e 3 edifícios de apartamentos familiares. Do conjunto, merece destaque a Casa do Relógio, com uma entrada em forma de pórtico encimada por uma mansarda com um relógio.[8]

Um dos imóveis alberga um jardim de inverno com um conjunto de vitrais, produzidos em 1919 pela firma Glasmalerei Schneiders & Schmolz, de Köln-Lindenthal, decorados com a heráldica do Império Alemão e dos seus estados constituintes.[9] Os vitrais foram restaurados pela Oficina de Paulo Patacão em 2012, ano em que o imóvel foi classificado como de interesse público.

Referências[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]