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Diário de Merer

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O Diário de Merer (Papiro Jarfe A e B) são diários de bordo escritos há mais de 4500 anos, que registram as atividades diárias dos trabalhadores que participaram na construção da Grande Pirâmide de Gizé. O diário de Merer é a primeira referência histórica que descreve a vida diária das pessoas que trabalharam na construção da grande pirâmide. O arqueólogo egípcio, Zahi Hawass, descreve os textos como "a maior descoberta no Egito, no século 21". O papiro está exposto no Museu Egípcio, no Cairo.[1]

O texto foi encontrado em 2013 por uma missão francesa, sob a direção de Pierre Tallet, da Universidade de Sorbonne em uma caverna, em Uádi Aljarfe. O texto está escrito em hieróglifo e hierático, em papiro. Estes papiros são os mais antigos, com texto, já encontrados.[2][3] O diário de Merer, é do ano 26 do reinado do Faraó Quéops.[4] O texto descreve vários meses de trabalho com o transporte de calcário, de Tora até Gizé.[5] Merer foi um oficial médio, com o título de inspetor (sHD). Ele era responsável por trazer as pedras das pedreiras de Tora para o local da pirâmide. As pedras eram provavelmente as utilizadas no revestimento externo da pirâmide. A cada dez dias, duas ou três viagens de ida e volta eram concluídas. Cerca de 40 marinheiros trabalhavam sob seu comando. O período abrangido nos papiros se estende de julho a novembro.[6]

Os campos nos diários de bordo estão todos dispostos ao longo da mesma linha. No topo há um cabeçalho nomeando o mês e a estação. Abaixo, há uma linha horizontal listando os dias dos meses. Abaixo dos campos para os dias, há sempre duas colunas verticais descrevendo o que aconteceu nestes dias (Seção B-II): [Dia 1] O diretor de 6 Idjeru manda para Heliópolis, em um barco de transporte, para nos trazer comida de Heliópolis enquanto a elite está em Tura, Dia 2 O Inspetor Merer passa o dia com sua tropa arrastando pedras em Tora Norte; passando a noite em Tora Norte.[7]

Além de Merer, algumas outras pessoas são mencionadas nos fragmentos. O mais importante é Ancafe, que também é conhecido de outras fontes. Nos papiros ele é chamado de nobre (iry-pat) e supervisor de Raxi-Cufu. O último lugar ficou o porto de Gizé, por onde as pedras para a construção da pirâmide chegaram.[8] Vários locais são mencionados nos diários de bordo. Tora Norte e Tora Sul são as pedreiras.[9] Raxi-Cufu é o porto de Gizé.[10]

Referências

  1. «Exposto ao público o papiro que revela o mistério da construção da grande pirâmide». SOCientifica.com.br 
  2. «The Earliest Known Egyptian Papyri». HistoryofInformation.com 
  3. «The World's Oldest Papyrus and What It Can Tell Us About the Great Pyramids». Smithsonian.com 
  4. Pierre Tallet: Les papiro de la Mer Rouge eu, Le journal de Merer, (papiro Jarf A et B), MIFAO 136, Cairo 2017, ISBN 9782724707069, p. 160
  5. «World's Oldest Harbor Discovered in Egypt». LiveScience 
  6. Tallet: Les papiro de la Mer Rouge, I, p. 160
  7. Tallet: Les papiro de la Mer Rouge, I, p. 150
  8. Tallet: Les papiro de la Mer Rouge, I, pp. 63. 66
  9. Tallet: Les papiro de la Mer Rouge, I, pp. 52, 55
  10. Tallet: Les papiro de la Mer Rouge, I, p. 42