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Dietrich In Rio

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Dietrich in Rio
Dietrich In Rio
Álbum ao vivo de Marlene Dietrich
Lançamento 1959
Gênero(s) Pop tradicional
Idioma(s) Inglês, francês, alemão, português
Gravadora(s) Columbia Records
Produção Burt Bacharach
Cronologia de Marlene Dietrich
Live at the Café de Paris (1954)
Wiedersehen mit Marlene (1960)

Dietrich in Rio é um álbum ao vivo da cantora e atriz alemã Marlene Dietrich, lançado pela Columbia Records em 1959. Trata-se do segundo lançamento "ao vivo" de Dietrich, após Live at the Café de Paris, de 1954.

Tendo como contexto a série de shows que a cantora fez no Brasil, entre julho e agosto de 1959, o álbum apresenta canções em quatro idiomas diferentes inglês, francês, alemão e português, cuja sonoridade varia entre baladas e música pop tradicional, incluindo música para embalar uma performance cancã.

Embora a revista Billboard tenha publicado que a gravadora da cantora gravou um dos shows no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, as gravações utilizadas no álbum foram feitas em estúdio, com aplausos adicionados posteriormente.

O álbum foi lançado em LP, com número de catálogo WS 316,[1] e relançado em CD pela Sony Music Special Products.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Do início dos anos 1950 até meados dos anos 1970, Dietrich trabalhou quase exclusivamente como artista de cabaré, apresentando-se ao vivo em grandes teatros em grandes cidades ao redor do mundo.[2]

Show no Brasil[editar | editar código-fonte]

Em 24 de julho de 1959, Marlene Dietrich desembarcou de um avião da Varig no Rio de Janeiro para uma curta temporada, que incluiria também shows em São Paulo, acompanhada pelo pianista Burt Bacharach, com quem se apresentou em recitais de grande sucesso.[3]

Muitos artistas e pessoas renomadas aguardavam a artista no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão, entre eles o marechal Teixeira Lott, então Ministro da Guerra do governo Juscelino Kubitschek.[3] Após o desembarque, a atriz alemã participou de um coquetel e concedeu uma entrevista.[4] Ela declarou que seu espetáculo foi concebido e organizado por ela mesma.[4]

As datas da turnê incluíram o hotel Copacabana Palace (de 27 de julho a 2 de agosto de 1959 (exceto no dia 1)) e o Teatro Record (São Paulo) (de 4 a 9 de agosto). Dietrich não apenas negociou um cachê considerável, mas também exigiu uma participação na venda dos ingressos.[5] Em sua noite de estreia no Copacabana Palace, foram vendidos 700 ingressos, apesar da capacidade máxima do local ser de 400 pessoas.[5]

Marlene contratou o produtor teatral Abelardo Figueiredo para providenciar as coristas do espetáculo e fez uma exigência: nenhuma bailarina poderia levantar a perna mais alto que ela.[5]

No show, Dietrich cantava e dançava, incluindo um número de cancã, e se emocionou ao levar a plateia ao delírio cantando a antiga canção "Lili Marlene".[5] Durante a apresentação, ela interpretava alguns antigos sucessos de sua carreira, mas, para o show brasileiro, incluiu uma canção em português: "Luar do Sertão",[5] que aprendeu alguns meses antes, quando conheceu o cantor brasileiro Cauby Peixoto em Hollywood.[5] Peixoto lhe ensinou os versos da música de Catulo da Paixão Cearense.[5]

Essa foi a única vez que Dietrich fez shows no país, novos shows foram agendados nos anos 1970, mas tiveram que ser cancelados a pedido da artista por motivos pessoais.[6]

Gravação[editar | editar código-fonte]

Em sua edição de 3 de agosto de 1959, a revista Billboard informou que a Columbia Records gravou o show de Marlene Dietrich no night club Copacabana, no Rio de Janeiro, em julho de 1959.[7] No entanto, embora comercializado como um álbum "ao vivo", ele consiste em gravações de estúdio feitas em Nova Iorque, com aplausos gravados durante a turnê para criar uma atmosfera ao vivo.[5][8] Quatro faixas de Dietrich in Rio podem ser ouvidas sem a atmosfera "ao vivo" no CD The Marlene Dietrich Album, de 1991.[1]

Recepção crítica[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Allmusic 2 de 5 estrelas.[9]
Billboard Favorável[10]
Record Mirror 3 de 5 estrelas.[11]

O álbum recebeu críticas mistas a favoráveis dos críticos musicais.

O site AllMusic deu ao álbum duas de cinco estrelas e destacou que o álbum "mostra Dietrich em um humor malicioso, quase bobo, cantando com humor lascivo e flerte coquete" e que "a voz de Dietrich está mais rouca do que em seu auge, mas isso se adequa ao material, que foi rearranjado para se ajustar ao seu novo registro mais baixo, muito bem".[9]

A revista Billboard inclui o álbum em sua lista de "Maior potencial de vendas de todos os álbuns analisados nesta semana" e escreveu que Dietrich "nunca soou melhor" e elogiou a capa e a arte do álbum.[10]

Lista de faixas[editar | editar código-fonte]

  • Créditos adaptados do encarte do LP Dietrich in Rio, de 1959.[12]
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Look Me Over Closely"  Frederick Hollander 2:44
2. "You're the Cream in My Coffee"  Lew Brown / Buddy DeSylva / Ray Henderson 2:31
3. "My Blue Heaven"  Walter Donaldson / George A. Whiting 2:50
4. "The Boys in the Backroom"  Hollander / Frank Loesser  
5. "Das Lied ist aus"  Robert Stolz / Walter Reisch 4:01
6. "Je tire ma révérence"  Pascal Bastia 3:29
7. "All Right, Okay, You Win!"  Mayme Watts / Sidney Wyche 2:31
8. "Makin' Whoopee"  Walter Donaldson / Gus Kahn 4:04
9. "I've Grown Accustomed to Her Face"  Alan Jay Lerner / Frederick Loewe 4:30
10. "One for My Baby"  Harold Arlen / Johnny Mercer 4:16
11. "Maybe I'll Come Back"  Charles L. Cooke / Howard C. Jeffrey 2:27
12. "Luar do Sertão"  Catulo da Paixão Cearense / João Pernambuco 2:07
Duração total:
37:50

Referências

  1. a b Bach, Steven (1992). Marlene Dietrich: Life and Legend. [S.l.]: William Morrow and Company, Inc. pp. 523–525. ISBN 978-0-688-07119-6 
  2. Skærved, Malene Sheppard (2003). Dietrich (em inglês). [S.l.]: Haus Publishing. p. 138. ISBN 978-1-904341-13-0. Consultado em 24 de junho de 2024 
  3. a b Batista, Liz. «A visita de Marlene Dietrich ao Brasil». O Estado de S. Paulo. Grupo Estado. Consultado em 17 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 16 de agosto de 2019 
  4. a b «Há 50 Anos». Folha de S.Paulo. UOL HOST. 9 de agosto de 2009. Consultado em 24 de junho de 2024. Cópia arquivada em 24 de junho de 2024 
  5. a b c d e f g h «O show de Marlene Dietrich no Brasil». Memórias Cinematográficas. 27 de dezembro de 2020. Consultado em 24 de junho de 2024. Cópia arquivada em 29 de novembro de 2023 
  6. Sudendor, Werner (2005). «Tour Dates: 1965-75». Sounds Like Marlene. Consultado em 22 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 23 de janeiro de 2005 
  7. Rolontz, Bob. Billboard Magazine. Nielsen Business Media, Inc., August 3, 1959, p.22.
  8. Sudendor, Werner (2005). «Authorized Albums». Sounds Like Marlene. Consultado em 22 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 6 de março de 2005 
  9. a b «Marlene Dietrich - Dietrich in Rio - Allmusic Review». www.allmusic.com. Consultado em 4 de dezembro de 2015 
  10. a b Billboard Magazine - Reviews. Nielsen Business Media, Inc., April 4, 1960, p.35.
  11. Jones, Peter; Jopling, Norman (20 de novembro de 1965). «Marlene Dietrich: Dietrich In Rio» (PDF). Record Mirror (245). p. 9. Consultado em 18 de agosto de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 1 de abril de 2022 
  12. (1959) Créditos do álbum Marlene Dietrich por Dietrich in Rio [LP]. Estados Unidos: Columbia Records (AWS 316).