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Discussão:Plan Rubber

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Último comentário: 7 maio de André Koehne no tópico Forças brasileiras estimadas


Forças brasileiras estimadas

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Faz tempo que tenho este artigo no meu horizonte. Eu possuo o livro O Nordeste na II Guerra Mundial - Antecedentes e ocupação (1971), do general Paulo de Queiroz Duarte, que serviu em posições de Estado-Maior no Nordeste neste período e portanto, teve acesso aos documentos do Exército identificando quais organizações militares estiveram no Nordeste, onde ficaram e quando chegaram. É um livro opaco, sem índice onomástico, mas é a fonte mais completa sobre a ordem de batalha brasileira. Ainda antes da entrada brasileira na guerra, inúmeras tropas já estavam sendo transferidas do Sudeste ao Nordeste e outras eram criadas na região. Quase todas seguiram de navio, por ausência de infraestrutura no interior do país.

Juntamente com outras fontes sobre a artilharia de costa e Fernando de Noronha, é possível comparar as informações à disposição dos americanos em 1941 com os registros brasileiros publicados décadas após o fato. O artigo de Michal Gannon, embora publicado em 1999, infelizmente se restringe à inteligência americana da época. É perigoso cair em pesquisa inédita, mas o leitor deveria saber que, onde os americanos calculavam que havia X defesas, a evidência documental brasileira mostra que havia X-1. Considere as organizações do Exército presentes em dezembro de 1941 no Relatório do Comandante da 7.ª Região Militar (que à época, compreendia todo o Nordeste acima do São Francisco), conforme o livro do general Duarte, p. 193:

  • 14º Regimento de Infantaria, Recife
  • 15º Regimento de Infantaria, João Pessoa
  • 16º Regimento de Infantaria, Natal
  • 20º Batalhão de Caçadores, Maceió
  • 21º Batalhão de Caçadores, Caruaru
  • 22º Batalhão de Caçadores, Campina Grande
  • 23º Batalhão de Caçadores, Fortaleza
  • 24º Batalhão de Caçadores, São Luís
  • 25º Batalhão de Caçadores, Teresina
  • 29º Batalhão de Caçadores, Fortaleza
  • 2ª Companhia Independente de Guarda, Recife
  • 4º Grupo de Artilharia de Dorso, Natal
  • Bateria Independente de Artilharia Antiaérea,
  • 2ª Bateria Independente de Artilharia Antiaérea
  • 3ª Bateria do 4º Grupo de Artilharia de Dorso
  • 1ª Companhia do 1º Batalhão de Engenharia, Natal

Natal sediava a 2ª Brigada de Infantaria, que comandava o 15º e 16º Regimentos de Infantaria e o 23º Batalhão de Caçadores (p. 198).

Mais unidades seriam criadas ou chegariam ao Nordeste no início de 1942:

  • 1º Grupo de Obuses, Campina Grande, 6 de janeiro (p. 190)
  • I Grupo do 3º Regimento de Artilharia Antiaéreo, Natal, 15 de janeiro (p. 201)
  • 3º Esquadrão de Trem Automóvel, Recife, fevereiro (p. 202)
  • Ala Moto-Mecanizada do 7º Regimento de Cavalaria Divisionário, Recife, março (p. 202)

Segundo os americanos, a presença do Exército em Natal consistia em:

  • 16º Regimento de Infantaria - realmente estava ali.
  • 29º Batalhão de Infantaria Leve - este seria o 29º Batalhão de Caçadores, o mesmo da Intentona Comunista, mas ele já havia sido extinto em 1.° de agosto de 1941 e absorvido pelo recém-criado 16º Regimento de Infantaria, juntamente com o 11º Batalhão de Caçadores, que havia sido transferido do Sudeste. Em 26 de setembro, outra unidade chamada 29º Batalhão de Caçadores foi criada em Fortaleza. Então esta unidade existia, mas estava no Ceará.
  • 1 Companhia de Guarda de Infantaria - seria esta a companhia no Recife? Uma companhia de outra unidade destacada para a guarda da base aérea?
  • 1 Bateria de Artilharia Motorizada - o que havia de artilharia em Natal era o 4º Grupo de Artilharia de Dorso, que chegou em 30 de outubro, vindo de Juiz de Fora. Ele tinha duas baterias de canhões Schneider de 75 mm (p. 187), e portanto os americanos enfrentariam mais artilharia do que esperavam.
  • 1 Companhia de Engenharia - esta era a 1ª/1º Batalhão de Engenharia.

O que quero mostrar é que a inteligência americana era às vezes incompleta e obsoleta.

Além destes detalhes, eu também escreveria de outros planos militares americanos para o Brasil antes da guerra, e planos alternativos durante a guerra, como o "Pot of Gold" de 1940, e o plano do Exército de 1° de novembro de 1941. Eu deixaria a ligação ao artigo original nas ligações externas e substituiria na bibliografia pela versão da Revista Marítima Brasileira, pois além de apresentar uma tradução completa do original em inglês, ele acrescenta suas próprias considerações, examinando o planejamento alternativo do Exército dos Estados Unidos e concluindo que, pelas semelhanças dos vários planos, eles "pareciam demonstrar um conteúdo real" e não apenas um exercício de raciocínio. Estes outros planos, como o "Lilac", que incluía operações na direção do Rio de Janeiro, não são estritamente parte do Plan Rubber, mas o tema é conexo o suficiente para ser discutido no mesmo artigo. Deixarei estas considerações por aqui enquanto não começar a escrever. Serraria (discussão) 14h40min de 28 de abril de 2024 (UTC)Responder

Grande Serraria, pensei em vos falar para dar uma revisada no artigo e será de grande proveito para a Wiki se o fizer. Note que o artigo jazia sem fontes (na quase totalidade), quando foi proposto na seção "Sabia que?" da Página Principal. Pensei, justamente, em trabalhar com fontes brasileiras - e realmente parece que ignoramos houve essa possibilidade (e, dado o caráter secreto, inicialmente, e não-realizado - quando trazido a público). Como era um trabalho que demandava maior tempo e, pelo que pude notar - maiormente baseado no trabalho do Gannon - decidi fazer um retrato daquilo que enxergavam os estadunidenses, à época e como as coisas se desenvolveram para que (como aliás o próprio Gannon questiona) uma "nação amiga" fosse encarada como alvo - afinal, era o plano deles... Com as falhas deles - creio que, em grande parte, pela urgência da coisa...
Finalmente, mencionamos o Plano Lilac por lá, e não nos aprofundamos mais, embora o Gerson Moura tenha feito uma boa pesquisa acerca disso, achei que fugia um tanto ao escopo do artigo... Como muitas ligações em vermelho surgiram, imagino que temos muito mais trabalho pela frente e fica, então, o pedido para, quando puder, ajustar aquilo que falou (e, certamente, mais coisas hão de aparecer - eu, não fosse ter me "desviado" para editar aqui, desenvolveria mais o papel do Aranha para o sucesso diplomático, a vitória de Vargas na obtenção da siderúrgica, etc.).
Enfim, o artigo está posto justamente para que façamos Wiki dele - ou seja - somemos! Obrigado pela resposta e desculpa não ter falado, antes... André Koehne (discussão) 15h25min de 28 de abril de 2024 (UTC)Responder
@André Koehne: terminei a expansão que eu pretendia. Um detalhe irônico é que um dos comandantes brasileiros, ou o principal comandante, seria Mascarenhas de Morais (não posso dizer que é irônico no artigo pois seria pesquisa inédita). As informações da ordem de batalha brasileira ficaram numa seção à parte, o leitor atento tirará suas próprias conclusões comparando com a inteligência americana. Os detalhes da diplomacia de Aranha poderiam ser expandidos um pouco aqui, e com bastante trabalho seria possível até escrever um artigo específico sobre a Entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, mas eu não pretendo assumir a iniciativa em tal projeto. Serraria (discussão) 21h39min de 7 de maio de 2024 (UTC)Responder
Maravilhoso, Serraria! E ainda me deu um "banho" - porque fizera eu mesmo a tradução do Gannon e você nos trouxe a bela tradução do artigo na Revista Marítima!!! (em minha defesa, coloquei aqui uma nota de rodapé para a inexistência da praia em Natal que, na Revista, também está colocada! Não fui tão errado em minha pesquisa... he, he...) Deu uma guaribada até na infocaixa (ok, as imagens que existiam poderiam estar melhor colocadas). Se com a minha mexida o número de leitores deu um salto, imagine agora que está tão amplo!
A temática de novo artigo proposta é bem interessante, penso que se poderia tomar como base o livro do Moura... E já aqui penso na "Saída do Brasil na II Guerra" - pois algumas coisas me intrigam: aqui na cidade tive um professor cuja participação na FEB era motivo de pilhérias (como a própria FEB). Anos depois de sua morte (e há muito tempo já) tive acesso a suas medalhas por heroísmo na Itália, inúmeras fotografias (escaneei, na época, não sei onde foram parar!) e alguns documentos que mal tive tempo de ler. Então me assaltou a dúvida: por quê do menosprezo a alguém que tanto fizera? Noto que durante um bom tempo, isso era meio que a tônica e, sinceramente, é bem recente o resgate memorial da FEB... Mas algo é inegável: serviu para a derrubada do Estado Novo tudo isso, razão pela qual reputo bastante necessário esse link que criou e ainda em vermelho...
Enfim, ironias em tudo isso foram várias... (inclusive pessoais) E temos agora um bom artigo lançado aos leões e leitores! he, he... Abraço. André Koehne (discussão) 22h07min de 7 de maio de 2024 (UTC)Responder