Erliquiose humana
A Erliquiose humana é uma zoonose causada por bactérias da família Anaplasmataceae e transmitidas para humanos através da picada do carrapato.[1]
São parasitas intracelulas obrigatórios e existem quatro genogrupos distintos:
- Anaplasma: representado pelo Anaplasma phagocytophilum causador da Erliquiose humana granulocítica e pela Ehrlichia equi, causadora da erliquiose em ovelhas, alces e cavalos;
- Ehrlichia: representado pela Ehrlichia chaffensis, causadora da Erliquiose humana monocítica e pela Ehrlichia canis, causadora da doença em cães;
- Neorickettsia: representado pela Neorickettsia sennetsu;
- Wolbachia.
Ao infectar os leucócitos circulantes, desenvolvem-se no fagossomo, apresentando característica morfológica distinta denominada mórula.
Agentes etiológicos e patologias[editar | editar código-fonte]
Cinco espécies foram identificadas como causadoras de infecção nos humanos:[2]
- Anaplasma phagocytophilum, que causa Anaplasmose Granulocítica Humana, anteriormente conhecida como erliquiose granulocítica humana.
- Ehrlichia ewingii, responsável pela Erliquiose Granulocítica Canina,[3] que infecta primariamente renas e cães, sendo depois transmitida à espécie humana. Foi descoberta por Anderson, Greene, Jones e Dawson em 1992;
- Ehrlichia chaffeensis, que causa Erliquiose monocítica humana, descoberta por Anderson, Dawson, Jones e Wilson em 1992;
- Ehrlichia canis, também causadora de Erliquiose monocítica humana, descoberta por Donatien e Lestoquard em 1935;
- Neorickettsia sennetsu
Os últimas duas infecções não estão ainda bem estudadas. Recentemente, foi descoberta uma infecção pela espécie recém-descoberta Panola Mountain Ehrlichia.[4]
Sinais[editar | editar código-fonte]
A doença é multisistémica com sintomatologia aproximada à da febre exantémica por Rickettsia, porém sem exantema:
- Febre alta;
- Cefaleias;
- Mialgias;
- Atingimento do rim, coração, cérebro;
- Disseminação hematológica e linfática.
A Erliquiose pode também afectar o sistema imune, podendo levar a infecções oportunistas como a candidíase. Se o tratamento for atrasado, a erliquiose pode ser factal. A taxa de mortalidade é inferior a 3%.[3]
Epidemiologia[editar | editar código-fonte]
Estas bactérias apresentam um período de incubação no organismo de uma semana, após o qual o indivíduo manifesta sintomatologia característica. Utilizam como vectores as carraças (português europeu) ou carrapatos (português brasileiro) presentes em esquilos, ratos, alces, ovinos e equinos.
Diagnóstico[editar | editar código-fonte]
No exame microscópico, assemelham-se a mórulas no citoplasma dos leucócitos. O exame cultural segue o método padrão e a cultura celular pode demorar até 1 mês.
Tratamento[editar | editar código-fonte]
A antibioterapia de 1ª linha deve ser levada a cabo antes da chegada da confirmação laboratorial, consistindo em tetraciclina ou doxiciclina. No caso de pessoas alérgicas a drogas da classe das tetraciclinas, a rifampicina é alternativa. Experiências Clínicas recentes sugerem que o cloranfenicol também possa ser efectivo, porém testes de susceptibilidade in vitro revelaram resistência.
Referências
- ↑ Gershon (2004). Krugman´s Infectious Diseases of Children 11th edition ed. [S.l.: s.n.]
- ↑ Dumler JS, Madigan JE, Pusterla N, Bakken JS. Ehrlichioses in humans: epidemiology, clinical presentation, diagnosis, and treatment. Clin Infect Dis. 2007; 45 Suppl 1:S45-51. Pubmed ID =17582569
- ↑ a b Goddard J (1 de setembro de 2008). «What Is New With Ehrlichiosis?». Infections in Medicine
- ↑ Reeves WK, Loftis AD, Nicholson WL, Czarkowski AG (2008). «The first report of human illness associated with the Panola Mountain Ehrlichia species: a case report». Journal of medical case reports. 2. 139 páginas. PMC 2396651. PMID 18447934. doi:10.1186/1752-1947-2-139