Saltar para o conteúdo

Indiferença

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Espelhos Mágicos)
Indiferença
Indiferença
Álbum de estúdio de Oficina G3
Lançamento 1996
Gravação Janeiro a junho de 1996
Estúdio(s) Estúdio 43, São Paulo
Gênero(s) Heavy metal, hard rock, rock cristão
Duração 47:59
Gravadora(s) Gospel Records
Produção Paulo Anhaia
Arranjos Oficina G3 e Paulo Anhaia
Cronologia de Oficina G3
Nada É Tão Novo, Nada É Tão Velho
(1993)
Acústico
(1998)

Indiferença é o segundo álbum de estúdio da banda brasileira de rock Oficina G3, lançado em 1996 pela gravadora Gospel Records, com produção musical de Paulo Anhaia.[1]

Este álbum angariou seguidores para o Oficina G3 ainda que fossem apenas do ainda obscuro cenário do rock cristão. O estilo hard rock do trabalho lembra o hard rock dos anos 80, e ainda pode-se notar influências do glam rock, típico de bandas como Bride e Stryper. O disco tem destaque para a faixa "Glória" que é dividida em duas partes: uma em que é cantada o tradicional hino "Vencendo Vem Jesus" (The Battle Hymn of the Republic) com ritmo de rock e outra com um solo de guitarra de Juninho Afram. O disco marca a estreia de Jean Carllos como tecladista da e a despedida de Luciano Manga, que sairia para formar um ministério pastoral.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Em 1993, o grupo tinha lançado Nada É Tão Novo, Nada É Tão Velho apenas em vinil. Entre o relançamento da obra em CD no ano de 1994, quando novas faixas foram gravadas como bônus, a saída passou pela saída de Wagner Maradona e a entrada de Duca Tambasco. Já em 1995, o grupo decidiu que deveria ter um tecladista como integrante, já que nos projetos anteriores Márcio "Woody" de Carvalho atuou como músico contratado. O baterista Walter Lopes entrou em contato com Jean Carllos, que era integrante da banda Vértice, para assumir o instrumento no Oficina G3.[2][3]

Gravação[editar | editar código-fonte]

Faixa título do álbum Indiferença.

Problemas para escutar este arquivo? Veja a ajuda.

Grande parte dos álbuns das principais bandas de rock da Gospel Records, desde 1990, eram gravados com o produtor Rick Bonadio. Mas em 1995, o músico ganhou notoriedade produzindo o Mamonas Assassinas. Assim, bandas como o Resgate e Katsbarnea começaram a trabalhar com Paulo Anhaia, que trabalhava no estúdio 43.[4] Até aquele momento, Anhaia conhecia Duca Tambasco. O baixista tinha feito uma pequena participação vocal em uma das faixas do álbum Armagedom, do Katsbarnea.[3] O processo de produção de Indiferença seguiu os mesmos passos que Paulo introduziu em outros álbuns: primeiro, a banda fez uma pré-produção até o gravar álbum propriamente dito.[5]

Um dos destaques de Indiferença foram as suas seções instrumentais. Duca estreou como compositor com o solo "Duca's Jam", enquanto Juninho Afram fez os solos de "Your Eyes II" e "Glória Inst.". Esta última ganhou notoriedade, ao longo do tempo, como um dos solos mais notórios da carreira de Afram.[4] Paulo Anhaia disse, anos depois, que o Oficina G3 tinha planos de ter a participação de Dale Thompson, vocalista da banda Bride, nos vocais de "Glória". A parceria chegou a ser conversada, mas não se tornou viável pelo prazo de produção do álbum.[3]

Em 2023, a banda disse em entrevista ao Flow Podcast que o álbum também trouxe um perfeccionismo de Afram nas sessões de gravação com a execução de guitarra. Em uma ocasião, o guitarrista ficou incomodado com o vocalista Luciano Manga, que gravou os vocais de "Contra-Cultura" gripado. O baterista Walter Lopes chegou a trocar seu kit de bateria durante as sessões e acabou por regravar algumas faixas.[6]

Paulo Anhaia colaborou nos arranjos e gravou alguns dos backings.[7] Segundo ele, Indiferença foi o primeiro álbum de sua carreira como produtor em que fez a masterização.[3]

Lançamento e recepção[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
O Propagador 5 de 5 estrelas.[8]
Super Gospel 4.5 de 5 estrelas.[9]

Indiferença foi lançado em 1996 pela gravadora Gospel Records em formato CD. O álbum foi um sucesso comercial e de crítica. Com cotação de 5 estrelas de 5, o O Propagador defendeu que "composto por elementos do rock progressivo, pop rock, heavy metal e até mesmo baladas acústicas e instrumentais, é impossível ter alguma faixa como ruim, ainda considerando que Luciano Manga dá uma vitalidade as músicas que nenhum vocalista posterior conseguiria".[8] 20 anos após o lançamento, em crítica retrospectiva para o Super Gospel, Tiago Abreu atribuiu a cotação de 4,5 estrelas de 5 para o projeto e afirmou que "é o ápice coletivo da banda na década de 1990. Também é o ponto alto de Luciano Manga como intérprete e frontman, uma estreia respeitável da dupla Duca Tambasco e Jean Carllos, contribuições fundamentais de Walter Lopes e a consagração de Juninho Afram como compositor e homem das seis cordas".[9]

Meses após o lançamento do álbum, o jornal Folha de S.Paulo produziu uma reportagem sobre a emergência da música evangélica daquele período, com menções ao Oficina G3. O jornalista e crítico Thales de Menezes, no entanto, fez observações negativas sobre a falta de contestação social e política no cenário evangélico, utilizando a letra de "Profecias". Na época, ele disse: "Que tipo de contestação pode vir de um movimento em que todas as canções pregam a mesma coisa? A música gospel acaba servindo apenas para entreter os jovens, num clima de 'alto astral'. No fim, Deus vai salvar todo mundo. Os grupos de rap ou rock pesado até tentam seguir a cartilha mais agressiva comum a seus gêneros, mas acabam caindo na mesma mensagem otimista. O Oficina G3 recheia a letra de 'Profecias' com citações de guerra, dor, fome. No final, 'em breve vai se ouvir a linda melodia/dos anjos lá no céu a cantar/para sua vinda anunciar'. Se as letras das músicas gospel soam simplórias, isso é consequência da camisa-de-força temática imposta pelo movimento".[10]

Como divulgação do álbum, a banda chegou a produzir o videoclipe da canção "Indiferença". Na rádio Gospel Sat de São Paulo, de propriedade da gravadora, "Indiferença" era a terceira música mais tocada em janeiro de 1997.[11]

Durante a turnê do álbum, Luciano Manga precisou deixar a banda para seguir sua trajetória como pastor. Por conta do fato, Manga e os membros do Oficina G3 escolheram PG, que era membro da igreja ao qual faziam parte, para assumir a posição de vocalista do conjunto. PG era baixista e vocalista de uma banda de metal chamada Corsário, e, mais tarde, aceitou entrar no grupo.[12] Os dois vocalistas chegaram a dividir os palcos em alguns shows, até que PG assumiu os vocais por completo.[13]

Legado[editar | editar código-fonte]

Indiferença foi o último disco inédito da banda com Luciano Manga, que só se apresentaria de novo com o Oficina G3 na década de 2020.

Com o passar dos anos, Indiferença chegou a ser defendido como o melhor álbum da banda por parte dos fãs e da mídia especializada.[14] Isso também se deveu ao fato de que, logo depois, a banda investiria em projetos acústicos e, no inédito O Tempo, ter investido em uma musicalidade pop. Com isso, trabalhos posteriores sempre foram comparados ao disco de 1996. Em 2002, por exemplo, Juninho Afram chegou a defender no lançamento de Humanos, que "Muitas pessoas acham que o nosso disco mais pesado é Indiferença, que tem uma concepção heavy metal. Mas eu acho que os rocks de Humanos são os mais pesados que já fizemos".[15] Já em 2005, quando o grupo lançou Além do que os Olhos Podem Ver, parte da crítica especializada argumentou sonoridade do projeto foi comparado um retorno às origens e, ao mesmo tempo, uma superação do peso apresentado em Indiferença.[16]

Entre 2023 e 2024, durante um processo de shows comemorativos com ex-integrantes, a banda promoveu a turnê NADOQINDY, com as participações de Manga, PG, Lufe e Déio Tambasco. O roteiro comemorou os álbuns Nada É Tão Novo, Nada É Tão Velho, Indiferença e Além do que os Olhos Podem Ver.[17] As apresentações se destacaram com a participação de PG nos vocais de algumas canções de Indiferença ao lado de Luciano. Foi a primeira vez desde 1997 que Luciano atuou como vocalista do Oficina G3 em uma turnê, uma experiência que considerou absurda diante do tempo distante do grupo.[6]

Em 2015, foi considerado, por vários historiadores, músicos e jornalistas, como o 22º maior álbum da música cristã brasileira, em uma publicação dirigida pelo Super Gospel.[18][19] Mais tarde, foi eleito pelo mesmo portal o 10º melhor álbum da década de 1990.[20]

Faixas[editar | editar código-fonte]

A seguir lista-se as faixas, compositores e durações de cada canção de Indiferença, segundo o encarte do disco.[7]

N.º TítuloCompositor(es)Vocais Duração
1. "Davi"  
Luciano Manga 3:13
2. "Fé"  Walter Lopes 3:27
3. "Magia Alguma"  Marco Antônio Guimarães GarciaLuciano Manga 3:20
4. "Glória Inst."  AframInstrumental 2:23
5. "Glória"  Domínio PúblicoLuciano Manga 3:44
6. "Profecias"  AframLuciano Manga 4:33
7. "Espelhos Mágicos"  AframJuninho Afram 4:36
8. "Novos Céus"  AframJuninho Afram 3:51
9. "Indiferença"  
  • Manga
  • Afram
  • Lopes
  • Tambasco
  • Carllos
Luciano Manga 3:16
10. "Duca's Jam"  TambascoInstrumental 0:30
11. "Contra-Cultura"  AframLuciano Manga 3:40
12. "Your Eyes"  AframJuninho Afram 3:20
13. "Your Eyes II Inst."  AframInstrumental 1:20
14. "Não Temas"  AframLuciano Manga 3:30
15. "Rei de Salém"  Túlio RégisJuninho Afram 3:15
Duração total:
48:00

Ficha técnica[editar | editar código-fonte]

A seguir estão listados os músicos e técnicos envolvidos na produção de Indiferença:[7]

Banda
Músicos convidados e equipe técnica

Referências

  1. «Discografia Oficina G3». Super Gospel. Consultado em 25 de maio de 2012 
  2. Jean Carllos (Oficina G3) - PAPO de A a ZOLLA #34. Papo de A a Zolla. 28 de abril de 2023. Consultado em 2 de junho de 2024 – via YouTube 
  3. a b c d Duca Tambasco (Oficina G3) - Podcast Eu Vivo de Música #2. 15 de abril de 2020. Consultado em 11 de junho de 2024 – via YouTube 
  4. a b «Rocklogia - Indiferença». O Propagador. Consultado em 25 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 8 de fevereiro de 2015 
  5. É SÓ ISSO AQUI - 30 anos de Resgate - DOCUMENTÁRIO COMPLETO. 25 de dezembro de 2022. Consultado em 11 de junho de 2024 – via YouTube 
  6. a b Oficina G3 - Flow #289. Flow Podcast. 24 de outubro de 2023. Consultado em 2 de junho de 2024 – via YouTube 
  7. a b c (1996) Créditos do álbum Indiferença por Oficina G3. Gospel Records.
  8. a b «Oficina G3 - discografia e obra». O Propagador. Consultado em 25 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 8 de fevereiro de 2015 
  9. a b «CD Indiferença (Oficina G3) - Análise». Super Gospel. Consultado em 20 de janeiro de 2018 
  10. Thales de Menezes (17 de fevereiro de 1997). «Tema prende estilo em camisa-de-força». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de junho de 2024 
  11. «Os 10 hits gospels; Discoteca básica de Gospel e Contemporary Christian». Folha de S.Paulo. 17 de fevereiro de 1997. Consultado em 10 de junho de 2024 
  12. «Entrevista com PG, ex-Oficina G3». O Melhor do Gospel. Consultado em 19 de junho de 2015. Arquivado do original em 20 de junho de 2015 
  13. Manga, Luciano (2009). Meus dias no Oficina G3. [S.l.]: MK Editora. ISBN 9788589516945. Consultado em 24 de abril de 2012 
  14. «Melhores discos de rock cristão nacionais: 1995 a 1999». O Propagador. Consultado em 23 de setembro de 2015. Arquivado do original em 9 de outubro de 2015 
  15. «Oficina G3 lança seu álbum mais pesado». Universo Musical. Consultado em 14 de fevereiro de 2015. Cópia arquivada em 6 de outubro de 2014 
  16. Dias, Éber Freitas (3 de março de 2005). «Além do que os olhos podem ver / Oficina G3». Dot Gospel. Consultado em 9 de junho de 2012. Cópia arquivada em 7 de junho de 2009 
  17. «Show Oficina G3 & Resgate - Nadoq Indy». Prefeitura de Curitiba. Consultado em 10 de maio de 2024 
  18. «Sites cristãos produzem lista dos 100 maiores álbuns nacionais». Super Gospel. Consultado em 2 de setembro de 2015 
  19. «Os 100 maiores álbuns nacionais da música cristã». O Propagador. Consultado em 2 de setembro de 2015. Arquivado do original em 1 de setembro de 2015 
  20. «100 melhores álbuns dos anos 1990». Super Gospel. Consultado em 11 de março de 2018