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Estridulação

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Vários grilos estridulando ao mesmo tempo

Série de estridulações de uma formiga operária Pachycondyla apicalis

Série de estridulações de uma formiga operária Pachycondyla verenae

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A estridulação é o ato de produzir som esfregando certas partes do corpo. Esse comportamento geralmente é associado a insetos, mas são conhecidos outros animais que também fazem isso, como algumas espécies de peixes, cobras e aranhas. O mecanismo é normalmente composto de uma estrutura com uma borda, crista ou nódulos bem definidos (o "raspador" ou palheta) sendo movidos através de uma superfície com sulcos finos (a "lima" ou estridulitrum - às vezes chamada de pars stridens) ou vice-versa, e vibrando ao fazê-lo, semelhante ao arrastar da agulha de um fonógrafo sobre um disco de vinil . Em alguns casos, é a estrutura que carrega a lima que ressoa para produzir o som, mas em outros casos é a estrutura que carrega o raspador, sendo ambas as variantes possíveis nos animais que o pertencem.[1] Um caso de palavra relacionada à estridulação é cricrilar, uma onomatopeia do som dos grilos.

Estridulação em artrópodes

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Estridulação em um Subpsaltria yangi.

Os insetos e outros artrópodes estridulam esfregando duas partes do corpo. As partes envolvidas são genericamente conhecidas como órgãos estridulatórios.

O mecanismo é mais conhecido em grilos, cachorros-da-areia e gafanhotos, mas outros insetos que estridulam incluem Curculionidae (gorgulhos), Cerambycidae (besouro serra-pau),[2] Mutillidae (formiga-feiticeira), Reduviidae (insetos assassinos, da família do barbeiro), Buprestidae (besouro-cai-cai), Hydrophilidae (besouros necrófagos),[3] Cicindelinae (besouros-tigre), Scarabaeidae (escaravelhos),[2] Glaresidae ("escaravelhos enigmáticos"), larvas Lucanidae (vacas-loiras),[4] Passalidae (variação de escaravelho),[2] Geotrupidae (besouros escaravelhos), Alydidae (percevejos de cabeça ampla),[5] Largidae (percevejos de plantas com bordas),[6] Miridae (percevejos de folha), Corixidae (percevejos aquáticos, sendo o principal o Micronecta scholtzi), várias formigas (incluindo a formiga-de-fogo-importada-preta),[7] alguns bichos-pau, como o Pterinoxylus spinulosus,[8] e algumas espécies de Agromyzidae (moscas-minadoras). Embora as cigarras sejam bem conhecidas pela produção de som através de órgãos abdominais chamados tímbales, foi descoberto que algumas espécies também podem produzir sons através da estridulação.[9]

Detalhe da dorsal anterior de um tetigoniídeo macho do gênero Panoploscelis. A tégmina constitui o órgão responsável por gerar o som nesse inseto.
Detalhe da dorsal anterior de uma fêmea Panoploscelis specularis. A palheta pode ser visto no lado direito da tégmina esquerda. As veias cruzadas da tégmina direita não são visíveis, já que a tégmina esquerda encobre a outra.

A estridulação também é conhecida em alguns tipos de tarântulas (Arachnida), de centopéias (como a centopéia caseira) e alguns milípedes comprimidos (Diplopoda, Oniscomorpha).[10] Também é comum entre os crustáceos decápodes, como as lagostas.[11] A maioria das aranhas é silenciosa, mas é conhecido que algumas espécies de tarântula estridulam. Quando perturbada, a tarântula Golias (Theraphosa blondi) pode produzir um som bastante alto ao esfregar as cerdas em suas pernas, e ao que se sabe, esse som é audível a uma distância de até 4 metros e meio.[12] Uma das aranhas-lobo, Schizocosa stridulans, produz sons de baixa frequência flexionando seu abdômen (nesse caso, configurando uma tremulação em vez de estridulação) ou estridulação de alta frequência usando os címbios nas extremidades de seus pedipalpos.[13] Na maioria das espécies de aranhas, a estridulação ocorre geralmente pelos machos durante os encontros sexuais. No caso das aranhas de adega, as fêmeas também possuem órgãos estridulatórios, e ambos os sexos praticam estridulação.[14] Na espécie da falsa viúva-negra, os machos produzem sons de estridulação durante o acasalamento.[15]

Chamado de um grilo Esperança.

As partes anatômicas utilizadas para produzir som são bastante variadas: o método mais comum é aquele visto em gafanhotos e em diversos insetos, onde um raspador da perna traseira é esfregado contra as asas anteriores adjacentes (em besouros e insetos comuns, as asas anteriores são endurecidas). Em grilos e tettigoniídeos, uma lima em uma asa é friccionada por um raspador na outra asa. Nos besouros de chifre longo, a borda posterior do protórax raspa contra uma lima no mesotórax. Em alguns outros tipos de besouros, o som é produzido movendo a cabeça (para cima e para baixo ou de um lado para o outro), enquanto em outros os tergitos abdominais são esfregados contra os élitros. Em insetos assassinos, a ponta do aparelho bucal raspa em um sulco estriado no protórax. Nas formigas-feiticeiras, a borda posterior de um tergito abdominal raspa uma lima na superfície dorsal do tergito seguinte.

A estridulação em vários exemplos é utilizada para atrair um companheiro, ou como forma de comportamento territorial, mas também pode servir como um sinal de alerta (aposematismo acústico, como nas formigas-feiticeiras e nas tarântulas). Esse tipo de comunicação foi descrito pela primeira vez pelo biólogo esloveno Ivan Regen (1868–1947).

Estridulação em vertebrados

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Algumas espécies de cobras venenosas estridulam como uma parte da demonstração de ameaça. Elas organizam seu corpo em uma série de bobinas paralelas em forma de C que se esfregam para produzir um som crepitante, semelhante ao da água em uma chapa quente. Os exemplos mais conhecidos são as cobras do gênero Echis (víboras com escamas em formato de serra), embora as do gênero Cerastes (víboras do deserto do Norte de África) e pelo menos uma espécie de víbora arbustiva (Atheris desaixi) também o produziam.[16][17] Também podemos citar uma espécie de ave, o tangaré bate-asa (Machaeropterus deliciosus), que possui um aparelho dedicado à estridulação, e uma espécie de mamífero, o tenreque-raiado-das-planícies ( Hemicentetes semispinosus ), que produz um ruído agudo ao esfregar espinhos específicos em suas costas.[18]

  1. Lyal, C. H. C.; King, T. (1996). «Elytro-tergal stridulation in weevils (Insecta: Coleoptera: Curculionoidea)». J. Nat. Hist. (em inglês). 30 (5): 703–773. doi:10.1080/00222939600770391 
  2. a b c Meyer-Rochow, V.B. (1971). «Observations on stridulating Australian beetles (Hydrophilidae, Cerambycidae, Passalidae, Dynastinae) using scanning electron microscopical and electrophysiological techniques». Forma et Functio (em inglês). 4: 326–339 
  3. Pirisinu, Q.; Spinelli, G.; Clara Bicchierai, M. (1988). «Stridulatory apparatus in the Italian species of the genus Laccobius Erichson (Coleoptera : Hydrophilidae)». Int. J. Insect Morphology and Embryology (em inglês). 17 (2): 95–101. doi:10.1016/0020-7322(88)90003-7 
  4. Stridulation in stag beetle larvae (Lucanus cervus L.) by Dr. Eva Sprecher-Uebersax, Janeiro de 2002 (em inglês)
  5. Schaefer, C. W.; Pupedis, R. J. (1981). «A Stridulatory Device in Certain Alydinae (Hemiptera: Heteroptera: Alydidae». Journal of the Kansas Entomological Society (em inglês). 54: 143–152 
  6. Lattin, JD (1958) A stridulatory mechanism in Arhaphe cicindeloides Walker (Hemiptera: Heteroptera: Pyrrhocoridae). The Pan-Pacific Entomologist 34: 217-219. (em inglês)
  7. Stridulation Sounds of Black Fire Ants (Solenopsis richteri) in Different Situations Arquivado em 2005-04-03 no Wayback Machine (em inglês)
  8. Robinson, Michael H. (1968). «The Defensive Behavior of Pterinoxylus spinulosus Redtenbacher, a Winged Stick Insect From Panama (Phasmatodea)». Psyche: A Journal of Entomology (em inglês). 75 (3): 195–207. doi:10.1155/1968/19150Acessível livremente 
  9. Luo C, Wei C (2015) Stridulatory sound-production and its function in females of the cicada Subpsaltria yangi. PLoS ONE 10(2): e0118667. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0118667 (em inglês)
  10. Wesener, Thomas; Köhler, Jörn; Fuchs, Stefan; Spiegel, Didier (2011). «How to uncoil your partner—"mating songs" in giant pill-millipedes (Diplopoda: Sphaerotheriida)». Naturwissenschaften (em inglês). 98 (11): 967–975. Bibcode:2011NW.....98..967W. PMID 21971844. doi:10.1007/s00114-011-0850-8 
  11. Meyer-Rochow V.B.; Penrose J. (1977). «Sound production by the Western rock lobster Panulirus longipes». Journal of Experimental Marine Biology and Ecology (em inglês). 23: 191–210. doi:10.1016/0022-0981(76)90141-6 
  12. Goliath Tarantula, Theraphosa blondi Arquivado em 2009-08-03 no Wayback Machine em Extreme Science Arquivado em 2009-07-28 no Wayback Machine. Acessado originalmente em 13 de março de 2007. (em inglês)
  13. Elias, D. O. (2006). «Seismic signal production in a wolf spider: parallel versus serial multi-component signals». Journal of Experimental Biology (em inglês). 209 (6): 1074–1084. PMID 16513934. doi:10.1242/jeb.02104Acessível livremente 
  14. Huber, Bernhard A. (October 1995). "Copulatory Mechanism in Holocnemus pluchei and Pholcus opilionoides, With Notes on Male Cheliceral Apophyses and Stridulatory Organs in Pholcidae (Araneae)". Acta Zoologica. 76 (4): 291–300. doi:10.1111/j.1463-6395.1995.tb01001.x. (em inglês)
  15. «NaturePlus: Identification: Fact sheet: False widow spiders - Steatoda spp». www.nhm.ac.uk (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2020 
  16. Spawls S, Branch B. 1995. The Dangerous Snakes of Africa. Ralph Curtis Books. Dubai: Oriental Press. 192 pp. ISBN 0-88359-029-8. (em inglês)
  17. Mallow D, Ludwig D, Nilson G. 2003. True Vipers: Natural History and Toxinology of Old World Vipers. Krieger Publishing Company, Malabar, Florida. 359 pp. ISBN 0-89464-877-2. (em inglês)
  18. Davies, Ella (11 de fevereiro de 2011). «Bizarre mammals filmed calling using their quills» [Mamíferos bizarros filmados se comunicando usando suas penas]. BBC News (em inglês). Consultado em 3 de junho de 2011 

Ligações externas

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