Fábio Luz
Fábio Luz | |
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Nascimento | Fábio Lopes dos Santos Luz 31 de julho de 1864 Valença, Bahia |
Morte | 9 de maio de 1938 (73 anos) Rio de Janeiro, Rio de Janeiro |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge | Ritta Furtado Luz [1] |
Educação | Faculdade de Medicina da Bahia |
Ocupação | Médico, professor e escritor |
Tese | Hipnotismo e Livre Arbítrio |
Fábio Lopes dos Santos Luz (Valença, 31 de julho de 1864 - Rio de Janeiro, 9 de maio de 1938) foi um médico higienista e sanitarista, professor, escritor e abolicionista brasileiro, membro da Academia Carioca de Letras[2]. De ideologia anarquista, foi um dos mais notáveis propagandistas anarquistas do período da Primeira República brasileira.[3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Filho do funcionário público Manoel dos Santos Luz e da professora Adelaide Josefina Lopes Luz.[4][3]
Em 1883 forma-se em medicina, e em 1888 doutorou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia; defendendo a tese Hipnotismo e Livre Arbítrio.[5]
Ainda em Salvador, torna-se envolvido com a propaganda abolicionista e republicana, pois entendia que o Império Brasileiro era o fator básico da manutenção e ampliação das injustiças sociais, da miséria e da opressão política sofridas pelas classes populares.[6][3]
Se muda para o Rio de Janeiro, então capital federal do Brasil; onde, posteriormente, estabelece-se com clínica instalada no bairro do Méier,[6] sendo um médico humanitário e muito estimado.[3][7]
Passa a colaborar como artigos para a imprensa e exerce o cargo de professor no magistério, sendo que no Colégio Pedro II ministra aulas de francês, português, história e latim[4]. Ainda no Rio de Janeiro, descobre a existência do anarquismo organizado na cidade, no início do século XX; onde por volta de 1902, com um grupo de intelectuais que se junta ao movimento; passa a divulgar as causas do movimento em fábricas e locais operários[4]
Após a Revolução Russa de 1917 e suas repercussões no Brasil, os anarquistas Fábio Luz e José Oiticica - entre outros militantes - combatem a ideologia bolchevista que buscava espaço junto ao proletariado do país.[6] Também promoveu campanhas a favor da higiene nas fábricas, locais de trabalho, restaurantes, bares e cafés.[4]
Escreveu vários livros, geralmente romances de analise social, comparável aos de escritores de sua época Aluísio de Azevedo, Júlio Ribeiro e Adolfo Caminha.[7] Fábio Luz recria em seus romances os ideais de uma sociedade anárquica.[8]
Fabio acaba compondo a corrente do chamado anarquismo libertário, tendência cujos princípios fundamentais são encontrados no pensamento de Kropotkin, Elisée Reclus e Malatesta. Ainda valendo-se de ideias anarquistas, Luz tentou fundar uma universidade popular[5], chamada de Universidade Popular de Ensino (Livre), voltada basicamente para a formação científica e política do proletariado, mas que dura por poucos meses.[6]
Em 1920 Fábio Luz é preso por sua colaboração num jornal anarquista.[4]
Vitima de um ataque de uremia, faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1938; deixando viúva Ritta Furtado Luz, cinco filhos e treze netos.[4][7]
Publicações[5]
[editar | editar código-fonte]- Xica Maria(1901),
- Ideó logo (1903),
- Os emancipados (1904),
- Virgem mãe (1910),
- Elias Barro (1915),
- A paisagem no conto, no romance e na novela (1922),
- Nunca (1924),
- Estudos de literatura (1927),
- Ensaios (1930),
- Dioramas-aspectos literários (1934),
- A invasão federalista em Santa Catarina e Paraná. In "Floriano" (1941 - póstumo),
- Imprensa Nacional (1941 - póstumo),
- Manuscrito de Helena (1951 - póstumo).
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Ainda em vida, um logradouro no bairro carioca do Méier recebeu a denominação de Rua Fábio Luz, em sua memória; caso raro para um anarquista. A rua esta situada, entre a Rua Aquidabã, localizada em frente ao Hospital Maternidade Carmela Dutra e uma das principais vias do bairro, a Rua Dias da Cruz[9][7][3][8]
Em 2001, recebeu o nome de Fábio Luz, a Biblioteca Social que funciona no Centro de Cultura Social do Rio de Janeiro, da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ), situada à rua Torres Homem 790, no bairro da Vila Isabel.[4]
No estado do Pará, existe uma escola de ensino fundamental e médio com o seu nome, no município de Tomé-Açu.[10]
Referências
- ↑ «Obituário: Dr. Fábio Luz» 13347 ed. Rio de Janeiro: jornal Correio da Manhã, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 15 de maio de 1938. p. 14. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «ACADÊMICOS: Cadeiras, Patronos, Antecessores e Acadêmicos». Rio de Janeiro: Academia Carioca de Letras. Consultado em 31 de março de 2023
- ↑ a b c d e Ribeiro, Alex Brito (2015). Fábio Luz entre a militância e a escrita: anarquismo, militância política e literatura (PDF) (Dissertação de Mestrado). Seropédica: Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ a b c d e f g «Fábio Luz». Rio de Janeiro: Biblioteca Popular Fábio Luz, da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ). Consultado em 31 de março de 2023
- ↑ a b c «Luz, Fábio Lopes dos Santos». Rio de Janeiro: Arquivo Nacional. Consultado em 31 de março de 2023
- ↑ a b c d «Fábio Luz– Dados Biográficos». Rio de Janeiro: Avante Comunismo Libertário; Coletivo de Estudos Anarquistas Domingos Passos. Consultado em 31 de março de 2023
- ↑ a b c d «Fábio Luz: faleceu ontem este escritor brasileiro» 13342 ed. Rio de Janeiro: jornal Correio da Manhã, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 10 de maio de 1938. p. 3. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ a b CAMPOS, Andreia da Silva Laucas de (2007). Fábio Luz e a pedagogia libertária: traços da educação anarquista no Rio de Janeiro (1898-1938) (PDF) (Dissertação de Mestrado). Rio de Janeiro: Faculdade de Educação, Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Consultado em 1 de abril de 2023
- ↑ «Rua Fábio Luz». Rio de Janeiro: Correios:Busca Meu Cep. Consultado em 31 de março de 2023
- ↑ «Escola Fábio Luz». Secretária Estadual de Educação. Governo do Estado do Pará. Consultado em 10 de abril de 2023