Família Contostefano
Contostefano (em grego: Κοντοστέφανος), em sua forma feminina Contostefanina (Κοντοστεφανίνα),[1] foi uma ativa família aristocrática bizantina nos séculos X-XV, que gozou de grande proeminência no século XII através de seu casamento com a dinastia comnena.
História
[editar | editar código-fonte]O progenitor da família foi Estêvão, que serviu sob Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025) como doméstico das escolas do Ocidente, e foi apelidado "Contostefano" ("pequeno Estêvão") devido a sua altura. Responsável em grande medida na derrota humilhante de Basílio na Batalha da Porta de Trajano contra os búlgaros, ele esteve depois envolvido em intrigas e foi morto pelo imperador.[1][2]
Apogeu sob os Comnenos
[editar | editar código-fonte]A família então desapareceu até 1080, quando Isaac Contostefano foi capturado pelos turcos seljúcidas. O pansebasto sebasto Isaac Contostefano serviu durante boa parte do reinado de Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) até sua nomeação mal sucedida como almirante (talassocrator) em 1107/1108.[3] Seu ramo da família ascendeu à grande proeminência no período Comneno, casando com os Comnenos, Ducas e Ângelos e outras famílias aristocráticas. Eles serviram como comandantes militares e não parece que estiveram envolvidos nos assuntos culturais de seu tempo.[1] O irmão de Isaac, Estêvão, aparece apenas uma vez, junto com Isaac no sínodo de Blaquerna em 1095.[3]
O filho de Isaac, o panipersebasto Estêvão Contostefano, casou-se com Ana Comnena, a segunda filha do imperador João II Comneno (r. 1118–1143). Ele tornou-se grande duque da frota e foi morto no cerco de Corfu em 1149.[4] Outro filho, Andrônico, casado com Teodora, uma filha de Adriano Comneno, o irmão mais jovem de Aleixo I. Ele liderou uma campanha contra Raimundo de Antioquia em 1144 e tomou parte na expedição de 1156 ao sul da Itália.[5] Outro filho de Isaac, João, tornou-se grande duque sob Isaac II Ângelo (r. 1185-1195; 1203-1204) em 1186, enquanto Aleixo Contostefano, duque de Dirráquio em 1140, foi provavelmente também um filho de Isaac.[6]
Andrônico teve vários filhos: o pansebasto sebasto João, atestado nos sínodos de 1157 e 1166, Aleixo, e ao menos duas crianças de nome desconhecido.[7] João teve três crianças de nome desconhecido mencionadas numa monodia por Constantino Manasses. O irmão de Andrônico, Aleixo, teve algumas crianças, mas apenas um filho homônimo, que casou-se com Irene, a filha primogênita de Aleixo III Ângelo (r. 1195–1203), é conhecido.[8] Outro filho de Isaac, Estêvão, teve três filhos: João, que foi duque de Salonica em 1162,[9] Aleixo, um comandante militar ativo nas guerras de Manuel I Comneno (r. 1143–1180) na Hungria e governador de Creta em 1167,[10] e Andrônico, igualmente um comandante eminente que tornou-se grande duque,[11] bem como uma filha, Irene, que casou-se com Nicéforo Briênio.[12] Os descendentes deste ramo são melhor conhecidos: o filho de João, Estêvão, foi duque de Creta em 1193 e teve um filho homônimo, conhecido apenas de um selo.[13] Andrônico teve cinco filhos, cujos nomes não são atestados; sua existência é apenas mencionado de passagem durante a conspiração fracassada de Andrônico I Comneno em 1182. Um neto de Andrônico, que morreu como monge, é conhecido de uma breve inscrição.[14]
O irmão de Isaac, Estêvão, pode ter sido o pai de Teodoro Contostefano, um comandante sob Manuel I que caiu numa campanha contra o Reino Armênio da Cilícia em 1152. Alguns outros membros da família são atestados, cuja relação com Isaac e seus descendentes é desconhecido. Assim, um curopalata Miguel Contostefano, conhecido apenas por seu selo, foi aproximadamente um contemporâneo de Isaac;[6] um Nicéforo foi gambro (parente por casamento) de Aleixo III e duque de Creta em 1197, sucedendo neste posto o acima mencionado Estêvão, e ascendeu à alta posição de sebastocrator antes de sua morte. Dos selos, um panstratarca Contostefano, sem primeiro nome, e certa Eudócia Contostefanina, também são conhecidos, ambos datados do século XII.[15]
Membros posteriores
[editar | editar código-fonte]Após a queda do Império Bizantino pela Quarta Cruzada em 1204, a família declinou, embora permaneceram membros da aristocracia e ainda aparecem como proprietários e ocupando postos no serviço imperial.[1] Um protosebasto Teodoro serviu como general sob o imperador niceno João III Ducas Vatatzes (r. 1222–1254)[15] e outro membro da foi comandante da fortaleza Garela durante a guerra civil de 1341–1347, rendendo-a para João VI Cantacuzeno (r. 1347–1354) em 1343.[16] Um Jorge foi proprietário em Melênico em 1309 e doou terras ao Mosteiro de Zografo,[17] um Demétrio Comneno Contostefano vendeu uma casa em Constantinopla para Maria Paleóloga e foi casado com Teodora Ducena Acropolitissa e um membro sem nome da família reteve grandes propriedades em Lemnos em ca. 1435/1444.[18]
Um Dionísio Contostefano foi monge em ca. 1365,[19] um João Contostefano trabalho como professor, provavelmente em Constantinopla, em 1358,[20] um Cabalário Contostefano possuiu propriedade em Constantinopla em 1400,[21] e um Nicolau Contostefano esteve ativo na cidade na mesma época.[22] Estiliano, seu filho Lamberto e os filhos deste Tzóvia e Estélio são registrados no Chipre entre 1398 e 1405.[23] O último membro da família atestado nos tempos bizantinos foi Flamules, que trabalhou como escriba ca. 1413/1414-1416.[24]
Referências
- ↑ a b c d Kazhdan 1991, p. 1148–49.
- ↑ Varzos 1984a, p. 295, 385.
- ↑ a b Varzos 1984a, p. 295, 380–381 (nota 5).
- ↑ Varzos 1984a, p. 295, 380–388.
- ↑ Varzos 1984a, p. 291–294, 295.
- ↑ a b Varzos 1984a, p. 295.
- ↑ Varzos 1984a, p. 296.
- ↑ Varzos 1984a, p. 297.
- ↑ Varzos 1984b, p. 218–222.
- ↑ Varzos 1984b, p. 222–248.
- ↑ Varzos 1984b, p. 249–293.
- ↑ Varzos 1984b, p. 294–297.
- ↑ Varzos 1984a, p. 297–298.
- ↑ Varzos 1984a, p. 298–299.
- ↑ a b Varzos 1984a, p. 299.
- ↑ Trapp 2001, 13116. Κοντοστέφανος.
- ↑ Trapp 2011, 13117. Κοντοστέφανος Γεώργιος.
- ↑ Trapp 2001, 13115. Κοντοστέφανος.
- ↑ Trap 2001, 13119. Κοντοστέφανος Διονύσιος.
- ↑ Trapp 2001, 13120. Κοντοστέφανος ̓Ιωάννης.
- ↑ Trapp 2001, 13121. Κοντοστέφανος Καβαλλάριος.
- ↑ Trapp 2001, 13124. Κοντοστέφανος Νικόλαος.
- ↑ Trapp 2001, 13123. Κοντοστέφανος Λαμπέρτος; 13125. Κοντοστέφανος Στηλλιο; 13126. Κοντοστέφανος Στυλιανός..
- ↑ Trapp 2001, 13127. Κοντοστέφανος Φλαμούλης.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Trapp, Erich; Hans-Veit Beyer; Sokrates Kaplaneres; Ioannis Leontiadis (2001). Prosopographisches Lexikon der Palaiologenzeit. Viena: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften
- Varzos, Konstantinos (1984a). Η Γενεαλογία των Κομνηνών [The Genealogy of the Komnenoi] (PDF) (em grego). Salonica: Centro de Estudos Bizantinos, Universidade de Salonica. Consultado em 11 de janeiro de 2017. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016
- Varzos, Konstantinos (1984b). Η Γενεαλογία των Κομνηνών [The Genealogy of the Komnenoi] (PDF) (em grego). Salonica: Centro de Estudos Bizantinos, Universidade de Salonica. Consultado em 11 de janeiro de 2017. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016