Felá
Felá[1] (em árabe: فلاح; romaniz.: fallāḥ ou fellāh; feminino em árabe: فَلَّاحَة ; romaniz.: fallāḥa ou fellāḥa; plural: em árabe: فلاحين; romaniz.: fallāḥīn ou fellāḥīn) é a designação dada ao trabalhador agrícola do Oriente Médio e Norte da África. A palavra deriva do termo árabe fallāḥ - 'lavrador' ou 'agricultor' - e, no Egito moderno, designa o camponês de casta inferior, considerado descendente dos antigos habitantes do Egito faraônico.[2]
Uso
[editar | editar código-fonte]O termo 'felá' tem sido usado, em todo o Oriente Médio, desde os tempos do Império Otomano, para designar os aldeões e trabalhadores rurais.[3] A palavra é geralmente traduzida como 'camponês'.[4]
Os felás, também referidos como fallahin ou felachim,[5] distinguem-se dos efêndis (classe dos proprietários de terras).[6][7] Geralmente são arrendatários rurais, posseiros ou trabalhadores das terras comunais, nas aldeias.[8][9] Alguns aplicam o termo fallahin aos trabalhadores sem terra, em geral.[10] No Levante, especificamente na Palestina, Jordânia e Hauran (Síria), o termo fellahin referia-se aos camponeses nativos.[11]
No Egito, os felás compõem 60% da população[12]. Levam uma vida modesta, morando em casas de adobe, tal como seus ancestrais. [13] O número de felás aumentou muito no começo do século XX, antes do êxodo para as cidades. Em 1927, o antropólogo Winifred Blackman, autor de Os Felás do Alto Egito, conduziu pesquisa etnográfica sobre esses camponeses do Alto Egito e observou continuidades, entre sua cultura (estilo de vida, crenças e práticas religiosas) e a dos antigos egípcios,[14] sendo por isso considerados por alguns autores como os "verdadeiros" egípcios.[13]
Referências
- ↑ Alves 2014, p. 502.
- ↑ Dicionário Houaiss: 'felá' (do árabe fellāh).
- ↑ Mahdi 2007, p. 209.
- ↑ Masalha 2005, p. 78.
- ↑ Lectures on great living religions. 1948. American Jewish Archives, p. 19.
- ↑ [Merriam-Webster]]: effendi
- ↑ Tyler 2001, p. 13.
- ↑ Cohen 2008, p. 32.
- ↑ Sufian 2007, p. 57.
- ↑ Gilsenan 2003, p. 13.
- ↑ Smith 1918, p. 41.
- ↑ SEMP 2005.
- ↑ a b Pateman 2003, p. 54.
- ↑ Faraldi 2000.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Alves, Adalberto (2014). «Felá». Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Leya. ISBN 9722721798
- Cohen, Hillel (2008). Army of Shadows, Palestinian Collaboration with Zionism, 1917–1948. Berkeley: University of California Press
- «Who are the Fellahin?». 2005
- Faraldi, Caryll (2000). «A genius for hobnobbing». Al-Ahram Weekly
- Gilsenan, Michael (2003). Lords of the Lebanese Marches: Violence and Narrative in an Arab Society. Nova Iorque: I.B.Tauris
- Mahdi, Kamil A.; Würth, Anna; Lackner, Helen (2007). Yemen Into the Twenty-First Century: Continuity and Change. Nova Iorque: Garnet & Ithaca Press
- Masalha, Nur (2005). Catastrophe Remembered: Palestine, Israel and the Internal Refugees: Essays in Memory of Edward W. Said (1935-2003). Londres: Zed Books
- Pateman, Robert; El-Hamamsy, Salwa (2003). Egypt. Nova Iorque: Marshall Cavendish Benchmark
- Smith, George Adam (1918). Syria and the Holy Land. [S.l.]: George H. Doran company. p. 41.
fellahin syria.
- Sufian, Sandra Marlene (2007). Healing the Land and the Nation: Malaria and the Zionist Project in Palestine, 1920–1947. Chicago: University of Chicago Press
- Tyler, Warwick P. N. (2001). State Lands and Rural Development in mandatory Palestine, 1920–1948. Eastbourne: Sussex Academic Press