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Fernando Pacheco de Amorim

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Fernando Pacheco de Amorim
Nascimento 6 de julho de 1920
Coimbra, Portugal
Morte 4 de maio de 1999 (78 anos)
Porto, Portugal
Nacionalidade português
Ocupação Professor universitário, antropólogo, publicista e político

Fernando Bayolo Pacheco de Amorim (Coimbra, 6 de Julho de 1920 - Porto, 4 de Maio de 1999) foi um professor universitário, antropólogo, publicista e político português.

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra foi professor contratado dessa mesma Universidade até 1975, centrando a sua vida académica nas áreas da Antropologia e da Etnologia. Foi um dos líderes da oposição monárquica ao Estado Novo e o teorizador e permanente defensor, em Portugal, do integracionismo como solução adequada para uma eficaz política ultramarina. Tinha, neste seu combate, o apoio dos Ministros Franco Nogueira e José Gonçalo Correia de Oliveira. Fundaria, após a revolução de 25 de Abril, o Movimento Federalista Português, mais tarde Partido do Progresso, que viria a ser ilegalizado pelo MFA na sequência do 28 de Setembro. Refugiado em Madrid, regressaria a Portugal após o Golpe de 25 de Novembro de 1975.[1]

O seu inconformismo lúcido, que particularmente se manifestava na defesa das teses integracionistas e numa militância monárquica esclarecida fizeram, de Fernando Pacheco de Amorim, um dos inspiradores ideológicos da direita universitária coimbrã na primeira metade da década de setenta.

Na Oposição Monárquica ao Estado Novo

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A sua acção política, numa primeira fase, centra-se, essencialmente, na oposição monárquica ao Estado Novo. Nessa qualidade, e sendo, então, alferes miliciano de Cavalaria, é um dos conspiradores da Revolta da Mealhada em 10 de Outubro de 1946. Essa tentativa de insurreição militar contra o Estado Novo foi organizada por um grupo de oficiais milicianos, de várias sensibilidades políticas. Parte o movimento insurrecional de uma única unidade, o Regimento de Cavalaria 6, no Porto. A coluna marcha até à Mealhada onde é detida. Comanda a revolta o capitão Fernando Queiroga. A revolta estaria para ser acompanhada por um levantamento em Tomar e teria a coordenação de Mendes Cabeçadas. O julgamento ocorre em Março de 1947, sendo defensores dos revoltosos Ramada Curto, Vasco da Gama Fernandes, Adelino da Palma Carlos e Fernando Abranches Ferrão. Nessa altura, Fernando Pacheco de Amorim é condenado a dois anos de prisão, pena que cumpriu no Forte de Peniche. Ainda como militante monárquico é um dos fundadores, com João Vaz Serra de Moura e outros, e primeiro Presidente, da Liga Popular Monárquica.

Exposição e defesa das teses integracionistas na política ultramarina

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A partir de 1962 centra a sua actividade política na teorização e combate em prol do integracionismo, insurgindo-se contra a política de autonomia, então protagonizada pelo ministro do Ultramar, Adriano Moreira. Distancia-se também da perspectiva adoptada por Cunha Leal. Em 1971 é um dos ferozes críticos da política assumida por Marcelo Caetano no plano das autonomias ultramarinas. A obra nesse ano editada, “Na Hora da Verdade”, ia-lhe valendo nova passagem pela prisão: em Conselho de Ministros, o então Ministro do Ultramar Silva Cunha, propôs a sua prisão. Os restantes ministros apoiaram. Opôs-se o ministro César Moreira Baptista por considerar que isso teria efeitos contraproducentes. Marcelo Caetano decidiu a favor de Moreira Batista.

Partido do Progresso e exílio

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É em 1974 presidente do Movimento Federalista Português pouco depois transformado em Partido do Progresso (MFP/PP), que foi proibido e perseguido após ter feito parte da chamada "Maioria Silenciosa", no 28 de Setembro de 1974. Com novo mandato de captura passado, agora pelo novo regime, refugiou-se em Madrid, onde presidiu ao Gabinete político (que configurava a direcção política) do MDLP, Movimento Democrático para a Libertação de Portugal, liderado pelo General António de Spínola. Regressa a Portugal após o Golpe de 25 de Novembro de 1975, abandona então a actividade política, por entender que o país perdera, por completo, qualquer possibilidade de uma existência verdadeiramente independente. Aí, com o mesmo critério de honestidade com que tinha deixado a Universidade de Coimbra para se dedicar à política,[2] nessa altura retoma a sua actividade académica, agora na Universidade Portucalense, assumindo as funções de secretário-geral[3] e de orientador de teses.[4]

Obras publicadas

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  • Catálogo-inventário do museu de etnografia do Ultramar do Instituto de antropologia da universidade de Coimbra / Fernando Bayolo Pacheco de Amorim, Maria Helena Xavier de Morais In: Anais da Junta de Investigações do Ultramar. - Vol. 10, nº 1 (1955), p. 5-581
  • Catálogo - Inventário do Museu de Etnografia do Ultramar do Instituto de Antropologia da Universidade de Coimbra / Fernando Bayolo Pacheco de Amorim, Maria Helena Xavier de Morais In: Anais: estudos de Biologia Marítima.- Vol. X, tomo I (1955), p. 7-581
  • Catálogo : inventário do museu de etnografia do ultramar do instituto de antropologia da universidade de Coimbra In: Anais da junta de investigações do ultramar : estudos de etnologia. - vol. 10, tomo 1(1955), p. 1-580 : il
  • Guia do coleccionador de objectos etnográficos In: Garcia de Orta : Revista da Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar. -Vol. 5, nº 3 (1957), p. 559
  • Guia do coleccionador de objectos etnográficos In: Garcia da Orta - Vol.5, nº 4 (1957), p. 559-564
  • A concentração urbana em Angola: contribuição para o estudo da demografia de Angola In: Revista do Centro de Estudos Demográficos do Instituto Nacional de Estatística. - nº 11 (1958/59), p. 89-112
  • As artes dos negros africanos: considerações acerca de alguns problemas que o seu estudo levanta In: Garcia de Orta. - Vol. 7, 3 (1959), p. 453-470
  • Contribuições para o Estudo da Antropologia Portuguesa, Revista da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, Vol VI Faxc 88, Tipografia da Atlântida, 1959
  • Contribuição para o estudo sociológico da tribo To, Revista da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, vol. XXVIII, Tipografia da Atlântida, Coimbra, 1959
  • Condições de uma política de verdadeira integração In: Portugal em África. - Nº especial (1960-61), p. 269-308
  • Condição de Sobrevivência, Edição das Semanas de Estudos Doutrinários, Coimbra, 1961
  • Três Caminhos de Política Ultramarina, Coimbra, 1962, Edição do Autor
  • Unidade Ameaçada (1963) - Edição do autor, coimbra 1963
  • Da lei orgânica do Ultramar: considerações acerca da proposta da lei para a sua revisão e do parecer da Câmara Corporativa, Coimbra : [s.n.], 1963 (Coimbra: Imprensa de Coimbra, Lda.. - 29, [3] p. ; 22 cm
  • Para onde vamos: o problema ultramarino, Coimbra: Imp. de Coimbra, 1965.-146, [2] p. ; 22 cm
  • Reflexão sobre o problema da estabilidade e da mudança nas culturas, Coimbra : Coimbra Editora, 1965, Biblos: Boletim da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1965. - p. 207-211. - Vol. XLI
  • Na hora da verdade: colonialismo e neo-colonialismo na proposta de lei de revisão constitucional - Coimbra: Edição do Autor, 1971. - 285 p.
  • Portugal Traído, de Fernando Pacheco de Amorim, Madrid, 1975, Edição do Autor
  • Manifesto contra a traição, ed. do Autor, 1976.
  • 25 de Abril - Episódio do Projecto Global, Artes Gráficas, Porto, 1996)[5]

Dados genealógicos

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Família directa:

  • Casamento com: Maria Luísa de Serpa Lopes da Costa
  • Filhos:
    • Maria João de Serpa Pacheco de Amorim
    • Miguel Lopes da Costa Pacheco de Amorim
    • Maria Isabel de Serpa Pacheco de Amorim
    • Gonçalo Nuno Lopes da Costa Pacheco de Amorim

Referências

Ligações externas

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