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Ferromodelismo em Portugal

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Pormenor de dois modelos de material circulante português, expostos como parte do VIII Encontro Nacional de Coleccionismo, em 2022, na cidade de Lagos. Representam a locomotiva 2553 e um vagão U, ambos da operadora Caminhos de Ferro Portugueses.

O Ferromodelismo é uma actividade com um certo desenvolvimento em Portugal, existindo várias associações que promovem eventos ligados ao modelismo ferroviário.

Maquete construída pelo Batalhão de Sapadores dos Caminhos de Ferro, durante os exercícios na Quinta de Belas, em 1941.

Uma das empresas mais destacadas no panorama português de modelismo ferroviário é a Norbrass, fundada em 2001 por um entusiasta que procurou colmatar a falta de peças nacionais de qualidade no mercado nacional.[1] Uma vez que a reduzida procura e os elevados custos envolvidos impediam a utilização dos métodos mais comuns para a criação de modelos, a empresa aplicou uma solução mista entre a produção industrial e artesanal, recorrendo a componentes fabricados na Coreia do Sul.[1] O primeiro lançamento da marca foi uma réplica de uma locomotiva da série 1320 da operadora Caminhos de Ferro Portugueses, produzida em colaboração com a empresa espanhola Alejandro Modelismo Ferroviario.[1] Outro marco importante foi atingido em 2003, com a produção das miniaturas das locomotivas da série 1960 com recurso aos fabricantes coreanos, tendo este modelo sido considerado como um dos dez melhores do ano de 2004 pela revista alemã Eisenbahn Magazin.[1] Além de material motor, a empresa também produz réplicas de material rebocado, tendo por exemplo lançado os furgões das séries Dfv 551-571, da SOREFAME, e Dfv-700.[1] Algumas empresas espanholas também produziram modelos baseados em material português, como a Alejandro Modelismo Ferroviario, que comercializou, através da Mabar Tren, uma réplica da locomotiva 1329 da CP, como parte do seu pacote de locomotivas inspiradas na Série 1300 dos Caminhos de Ferro Espanhóis.[2] Outra empresa nacional é a Modelismo Artesanal, focada principalmente na produção de estruturas e material circulante baseados no ambiente português.[3]

Destaca-se igualmente o Museu da Carris, em Lisboa, cujo acervo inclui várias miniaturas de veículos.[4]

Miniatura de locomotiva exposta na Gare do Rossio em 1936.

Entre as primeiras iniciativas para a produção de modelos à escala baseados em material circulante ferroviário português, conta-se a criação de um comboio em miniatura, fabricado em 1906 por um operário do Barreiro, Manuel Gualdino da Silva.[5] A composição era formada por uma locomotiva a vapor com cerca de dois metros de comprimento, réplica de uma motora real utilizada nos caminhos de ferro portugueses, e seis vagonetas, com capacidade para 24 passageiros.[5] O comboio foi utilizado com grande sucesso durante as festas do Barreiro, tendo sido integrado no Instituto Superior Técnico em 1956, no âmbito das comemorações do centenário da abertura do primeiro lanço de caminho--de-ferro em Portugal, entre Lisboa e o Carregado.[5] Também como parte deste evento, o Instituto Superior Técnico inaugurou, no dia 29 de Outubro, uma exposição de miniaturas ferroviárias,[6] fabricadas tanto por empresas como por particulares.[7] Os modelos apresentados pelos entusiastas destacaram-se pela sua qualidade, diversidade e quantidade, tendo sido descritos pela Gazeta dos Caminhos de Ferro como «pequenas maravilhas, havendo ali de tudo, desde as carvoeiras, depósitos de máquinas, guindastes, placas giratórias, sinalização automática, até aos parques oficinais, tudo formando um harmonioso conjunto de muitas centenas de peças, algumas dignas de museu, até aos últimos modelos de máquinas e carruagens em uso nas redes de todo o mundo».[7] Grande parte das peças eram estrangeiras, principalmente americanas, italianas e alemãs, embora também tenham sido mostrados alguns modelos nacionais, como o Comboio na estação de Cacia, de Onofre Gomes.[6] A Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa também esteve integrada nas comemorações, com a exposição Cem anos de caminhos de ferro em artes e recordações, onde uma das peças expostas foi um modelo da primeira locomotiva a circular em Portugal.[6]

Durante a Exposição Industrial Portuguesa, realizada em 1932, o Batalhão de Sapadores dos Caminhos de Ferro apresentou várias miniaturas de estações e sistemas de sinalização.[8] Durante exercícios militares em 1941, aquela unidade construiu uma maquete de uma estação improvisada, com vários equipamentos de sinalização.[9]

Um dos principais núcleos do modelismo ferroviário em Portugal situa-se no Entroncamento, que é também um importante nó de linhas férreas, sendo esta actividade dinamizada pelo Museu Nacional Ferroviário. Por exemplo, em Outubro de 2006 a Associação de Modelismo Ferroviário de Portugal organizou o VII Encontro Ibérico de Módulos Maquetrem, no Pavilhão Desportivo do Entroncamento, no âmbito das comemorações dos 150 anos da abertura da linha férrea até ao Carregado.[10] Também como parte das comemorações, a Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro apresentou uma série de exposições, intituladas 1980-2005: 25 anos de caminhos-de-ferro - 25 anos de paixão em Lisboa, Porto e Entroncamento, que além de várias peças de coleccionismo relacionadas com o transporte ferroviário em Portugal, incluiu um interessante conjunto de modelos de material circulante nacional.[11] Em 2008 a Associação de Modelismo Ferroviário de Portugal expôs uma maqueta na escala H0 durante o evento Modelândia - Exposição de Modelismo de Paços de Ferreira, representando parte da Linha do Norte, ao longo da qual circulavam modelos de material circulante da CP.[12] Uma outra entidade nacional ligada ao modelismo ferroviário nacional é a FERMODEL, que desde 2018 tem sido responsável pela organização de um evento anual em Carcavelos.[13]

Em Abril de 2023 foi organizada a exposição Modelismo Ferroviário - Estação de Óbidos, no âmbito do Festival Latitudes, em Óbidos.[14]

Maquete exposta durante o VIII Encontro Nacional de Coleccionismo, que inclui uma reconstrução da estação de Lagos.

Referências

  1. a b c d e GUILLÉN, José Menchero (Novembro de 2005). «Proyectos de la marca portuguesa Norbrass». Via Libre (em espanhol). Ano 42 (491). p. 82-85 
  2. GUILLÉN, José Menchero (Abril de 2008). «Locomotoras diésel de la serie 1300 con diferentes decoraciones». Via Libre (em espanhol). Ano 45 (518). Madrid: Fundacion de los Ferrocarriles Españoles. p. 78-80 
  3. «Sobre nós». Modelismo Artesanal. Consultado em 21 de Setembro de 2024 
  4. «Núcleos». Museu Carris. Consultado em 23 de Setembro de 2024 
  5. a b c «110 Histórias, 110 Objetos – A locomotiva de Civil». Instituto Superior Técnico. 9 de Setembro de 2022. Consultado em 17 de Setembro de 2024 
  6. a b c «Comemorações do centenário dos caminhos de ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano LXIX (1653). Lisboa. 1 de Novembro de 1956. p. 546. Consultado em 17 de Setembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  7. a b RAPOSO, Jacques de Castro (1 de Julho de 1964). «Caminhos de ferro em miniatura» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano LXXVII (1837). Lisboa. p. 177. Consultado em 17 de Setembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  8. COSTA, Carlos Mendes da (16 de Outubro de 1932). «A Exposição Industrial Portuguesa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 45 (1076). Lisboa. p. 485-486. Consultado em 18 de Setembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  9. «Exercícios finais do Batalhão de Sapadores dos Caminhos de Ferro». Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 53 (1286). Lisboa. 16 de Julho de 1941. p. 546. Consultado em 18 de Setembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  10. VICENTE, Manuel Fernandes (14 de Outubro de 2006). «Entroncamento comemora 150 anos dos caminhos-de-ferro em Portugal». Público. Consultado em 16 de Setembro de 2024 
  11. CIPRIANO, Carlos (16 de Fevereiro de 2006). «Associação celebra 150 anos do primeiro comboio em portugal». Público. Consultado em 16 de Setembro de 2024 
  12. «Modelândia 2008 aposta na vertente ferroviária». Jornal de Notícias. 27 de Abril de 2008. Consultado em 16 de Setembro de 2024 
  13. «Eventos e Exposições». FERMODEL. Consultado em 21 de Setembro de 2024 
  14. Agência Lusa (11 de Abril de 2023). «Festival Latitudes "por terra, céu e mar e até à mesa"». Público. Consultado em 16 de Setembro de 2024 

Ligações externas

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