Flavodoxina
Flavodoxina | |||||
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Estrutura cristalográfica da flavodoxina de Aquifex aeolicus. | |||||
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As flavodoxinas são flavoproteínas que contêm na sua estrutura mononucleótido de flavina (FMN). São pequenas proteínas bacterianas (salvo raras excepções) com função de transferência electrónica.
Estrutura
[editar | editar código-fonte]As flavodoxinas são proteínas pequenas, com cerca de 140 a 180 aminoácidos na sua estrutura primária.[1] Ligada à cadeia polipeptídica encontra-se uma molécula de mononucleótido de flavina (FMN), cujo sistema heterocíclico isoaloxazina interage com aminoácidos aromáticos, nomeadamente o triptofano e a tirosina.
Embora os processos de enovelamento da proteína e ligação do cofactor in vivo não sejam totalmente conhecidos, estudos in vitro indicam que o enovelamento ocorre antes, e de forma independente, da ligação do FMN, já que é possível purificar apoflavodoxina a partir de culturas bacterianas crescidas em condições limitantes de FMN.[1] A flavodoxina é amplamente utilizada como modelo em estudos cinéticos e termodinâmicos de estabilidade estrutural proteica.[1]
Distribuição
[editar | editar código-fonte]Em geral, as flavodoxinas são proteínas bacterianas, com excepção de algumas algas vermelhas e verdes (eucariontes). Encontram-se espalhadas em vários grupos filogeneticamente diversos.[1] Embora ausentes em eucariontes superiores, existem proteínas eucariotas que possuem domínios similares a flavodoxinas, o que sugere a existência no passado de eventos de fusão de genes. A história evolutiva das flavodoxinas bacterianas é mais complexa, parecendo haver diversos eventos de transferência horizontal de genes.[1] As flavodoxinas parecem ter existido em ancestrais comuns que originaram as plantas superiores no presente, embora estejam ausentes destas.[2]
Actividade
[editar | editar código-fonte]Graças à presença do cofactor flavínico, a flavodoxina é capaz de aceitar e doar electrões de e a outras proteínas. Quando livre em solução aquosa, o FMN é incapaz de estabilizar a forma semiquinona, que é essencial para a transferência sequencial de electrões; a ligação à proteína possibilita a existência bem definida dos três estados de oxidação possíveis (quinona oxidada, semiquinona e hidroquinona).[1] Esta estabilização ocorre através da modulação pela proteína dos potenciais de redução de cada forma do FMN.
As flavodoxinas possuem diversos processos de oxidação-redução em comum com as ferredoxinas, substituindo estas quando as condições ambientais são limitantes em ferro.[2]
Uma das principais actividades da flavodoxina é a transferência de electrões entre o fotossistema I e a enzima ferredoxina(flavodoxina):NADP+ oxirredutase (FNR) em organismos fotossintéticos. A flavodoxina interage também com a FNR em organismos não fotossintéticos, estando aparentemente envolvida na resposta a condições de stress oxidativo.[1] Outras enzimas que usam a flavodoxina como doadora de electrões incluem a nitrogenase, a piruvato liase, a ribonucleótido redutase, a HMBPP sintase e a metionina sintase.[1] Em Bacillus subtilis, participa na biossíntese de biotina.
Referências
- ↑ a b c d e f g h Sancho, J. (2006). «Flavodoxins: sequence, folding, binding, function and beyond». Basel: Birkhäuser Verlag. Cell. Mol. Life Sci. (em inglês). 63: 855–864. ISSN 1420-9071. doi:10.1007/s00018-005-5514-4. Consultado em 31 de Dezembro de 2012
- ↑ a b Zurbriggen, M. D.; Tognetti V.B., Carrillo N. (2007). «Stress-inducible flavodoxin from photosynthetic microorganisms. The mystery of flavodoxin loss from the plant genome.». John Wiley & Sons, Inc. IUBMB Life. 59 (4-5): 355-60. ISSN 1521-6551. PMID 17505975. doi:10.1080/15216540701258744. Consultado em 31 de Dezembro de 2012