Força de Chaytor
Força de Chaytor | |
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Uma unidade de artilharia da Força de Chaytor tentando passar num trecho destruído da estrada entre Jericó e Es Salt, durante o terceiro ataque transjordano | |
País | Império Britânico |
Subordinação | Corpo Montado do Deserto |
Unidade | divisão reforçada |
Tipo de unidade | infantaria montada, infantaria e artilharia |
Período de atividade | 13 de agosto — 31 de outubro de 1918 |
História | |
Guerras/batalhas | Campanha do Sinai e Palestina (Batalha de Nablus, terceiro ataque transjordano, etc.) |
Comando | |
Comandantes notáveis |
Edward Chaytor |
A Força de Chaytor (em inglês: Chaytor's Force foi uma unidade militar composta do Império Britânico, equivalente a uma divisão[a] que fez parte do Corpo Montado do Deserto, que por sua vez fazia parte da Força Expedicionária Egípcia. Foi formada em 13 de agosto de 1918 e foi extinta em 31 de outubro do mesmo ano. Serviu na Campanha do Sinai e Palestina da Primeira Guerra Mundial e deve o seu nome ao seu comandante, o major-general neozelandês Edward Chaytor. Composta por 11 500 homens,[b] tinha as seguintes unidades: estado-maior, três brigadas de infantaria montada, uma brigada de infantaria, quatro batalhões independentes de infantaria e quatro baterias de artilharia.[1][2] Foi destacado do Corpo Montado do Deserto para levar a cabo operações para enganar o inimigo.[3]
A unidade foi formada para levar o alto comando otomano a pensar que todo o Corpo Montado do Deserto estava posicionado no flanco direito britânico. Foram criados campos militares, posições de artilharia e cavalos falsos.[4] Foram usadas mulas para arrastarem ramos ao longo de caminhos, produzindo poeira, para dar a ilusão de movimento de tropas a cavalao. Todos os dias a infantaria marchava para o vale do Jordão e era retirada por camiões à noite, dando a ideia que se estava a fazer uma reunião de tropas.[5] Mais tarde, a força foi encarregada da defesa do flanco direito da Força Expedicionária Egípcia, desde o norte do mar Morto até a um ponto 8 km a noroeste de Jericó, onde se encontrava com o Corpo XX. A Força de Chaytor enfrentou o Quarto Exército otomano até que este foi forçado a retirar em consequência das derrotas nas batalhas de Sarom e de Nablus.[6]
Operações
[editar | editar código-fonte]As ordens de Edmund Allenby, o General Officer Commanding da Força Expedicionária Egípcia para Chaytor eram para «estar vigilante e pronto para em qualquer momento tomar a ofensiva [...] para impedir que o inimigo retirasse tropas para reforçar outras partes da linha [da frente] ou se concentrasse contra o Corpo XX; fazer todos os esforços possíveis para proteger o flanco direito do Corpo XX quando este avançasse; e, se os turcos reduzissem a sua força no vale do Jordão, avançar para a ponte em Jisr ed Damieh e estar pronto para ir para leste atravessando o rio Jordão, para Es Salt e Amã, onde cooperaria com os árabes».[7]
Entre 19 e 20 de setembro, enquanto decorriam as principais batalhas de Sarom e de Nablus, a Força de Chaytor segurou o flanco direito do Corpo XX que atacava na batalha de Nablus e o vale do Jordão contra o Quarto Exército otomano, ao mesmo tempo que levava a cabo demonstrações ativas.[8] Os avanços do 2.º Batalhão do Regimento das Índias Ocidentais em direção a Bakr Ridge foram consolidados e continuaram na madrugada de 20 de setembro ao mesmo tempo que a 2.ª Brigada de Cavalaria Ligeira e a Infantaria de Patiala avançava em direção a leste ao longo do vale do Jordão, para Shunet Nimrin.[9][10]
No dia 21, quando a a retirada do Quarto Exército já tinha começado, a principal linha de retirada dos Oitavo e Sétimo exércitos otomanos nos montes da Judeia, a leste do vale do Jordão, foi cortada em Kh Fasail pelo regimento dos Auckland Mounted Rifles. A este regimento juntou-se o resto da brigada de Mounted Rifles da Nova Zelândia para o ataque a Jisr ed Damieh, a principal ponte sobre o rio Jordão usada pelas colunas otomanas em retirada.[11][12][13][14]
No dia 22, os quartéis-generais da 53.ª Divisão otomana foram capturados em El Makhruk e a linha de retirada ao longo da estrada de Nablus foi cortada. Correndo o risco de serem esmagados por numerosas forças otomanas em retirada para a ponte de Jisr ed Damieh, a brigada de Mounted Rifles da Nova Zelândia e uma companhia do 1.º Batalhão do Regimento das Índias Ocidentais atacaram a ponte com um esquadrão do regimento dos Auckland Mounted Rifles e uma companhia do 1.º Batalhão das Índias Ocidentais carregando sobre a ponte para perseguirem o inimigo e capturarem numerosos prisioneiros.[12][15][16]
Os vaus do rio Jordão em Umm esh Shert e Mafid Jozele foram também capturado no dia 22 de setembro pelo 2.º Batalhão das Índias Ocidentais com o 3.º Regimento Light Horse, depois do 38.º dos Fuzileiros Reais ter capturado a posição de Mellaha no vale do Jordão.[17][18]
A Força de Chaytor cruzou o rio Jordão a 23 de setembro no seu avanço para Es Salt, que foi tomada no início da noite depois das retaguardas terem sido capturadas.[19][20] A força avançou depois para Amã, que foi atacada e tomada no dia 25.[21] No dia 28, a Força de Chaytor capturou em Ziza a Força Sul do Quarto Exército otomano.[22][23][24]
As primeiras unidades de Chaytor tinham cruzado o Jordão em 22 de setembro e no dia 2 de outubro Amã estava sob controlo britânico. Foram feitos 10 332 prisioneiros de guerra e capturadas 57 peças de artilharia, 147 metralhadoras, 11 locomotivas, 106 vagões ferroviários e 142 veículos.[25][26]
Notas e referências
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Chaytor's Force», especificamente desta versão.
- [a] ^ A Força de Chaytor era maior do que uma divisão montada mas mais pequena do que uma divisão de infantaria, que geralmente tinha cerca de 20 000 homens.[27] Geoffrey Jukes descreve-a como uma pequena força móvel.[28] Basil Liddell Hart descreveu-a como sendo a Divisão Montada ANZAC reforçada por alguns batalhões de infantaria.[29] G. V. Carey e H. . Scott usam uma descrição semelhante: Divisão Montada ANZAC com um contingente de infantaria equivalente a duas brigadas.[30] David Woodward apresenta-a como a Divisão Montada ANZAC com a 20.ª Brigada de Infantaria indiana e algumas outros unidades.[31] Paddy Griffith chama-lhe uma divisão de cavalaria reforçada.[32] Bou diz que era quase equivalente a duas divisões.[33]
- [b] ^ A força tinha 8 000 britânicos (do Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia), 3 000 indianos e 500 egípcios do Corpo Egípcio de Transporte em Camelo (Egyptian Camel Transport Corps).[34]
- ↑ Kinloch 2007, p. 321.
- ↑ Sumner 2010, p. 10.
- ↑ Allenby 1922
- ↑ Perrett 1999, p. 39.
- ↑ Horner 2010, cap. "Deceiving the Turks".
- ↑ Falls & MacMunn 1996, p. 547.
- ↑ Gullett 1941, p. 714.
- ↑ Wavell 1968, p. 220.
- ↑ Falls & MacMunn 1996, p. 549.
- ↑ War Diary of Anzac Mounted Division AWM4-1-60-31, part 2, Appendix 38, pp. 2–3
- ↑ War Diary of New Zealand Mounted Rifles Brigade AWM4-35-12-41
- ↑ a b War Diary of Anzac Mounted Division AWM4-1-60-31, part 2, Appendix 38, p. 3
- ↑ Falls & MacMunn 1996, p. 550.
- ↑ Powles & Wilkie 1922, p. 245.
- ↑ Falls & MacMunn 1996, p. 551.
- ↑ Powles & Wilkie 1922, pp. 246–247.
- ↑ Diary of Anzac Mounted Division AWM4-1-60-31, part 2, Appendix 38, pp. 3–4
- ↑ Falls & MacMunn 1996, pp. 551–552.
- ↑ Powles & Wilkie 1922, p. 248.
- ↑ Falls & MacMunn 1996, pp. 553–554.
- ↑ Powles & Wilkie 1922, pp. 251–252.
- ↑ Powles & Wilkie 1922, pp. 254–255.
- ↑ Kinloch 2007, p. 318.
- ↑ Falls & MacMunn 1996, p. 555.
- ↑ Powles & Wilkie 1922, p. 256.
- ↑ «Edward Chaytor». FirstWorldWar.com
- ↑ Baker, Chris. «The British order of battle of 1914–1918». The Long Long Trail
- ↑ Jukes 2003, p. 307.
- ↑ Hart 1989, p. 276.
- ↑ Carey & Scott 2011, p. 238.
- ↑ Woodward 2006, p. 199.
- ↑ Griffiths 2003, p. 96.
- ↑ Bou 2009, p. 194.
- ↑ Anzac Mounted Division Admin Staff, Headquarters War Diary 30 September 1918 AWM4-1-61-31
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Allenby, Edmund (4 de fevereiro de 1922), Supplement to the London Gazette, 4 February, 1920 (PDF), London Gazette</ref>
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- Jukes, Geoffrey (2003), The First World War: The War To End All Wars, ISBN 978-1-84176-738-3, Essential Histories Specials, II, Oxford: Osprey
- Kinloch, Terry (2007), Devils on Horses: In the Words of the Anzacs in the Middle East 1916–19, ISBN 978-0-908988-94-5, Exisle Publishing
- Hart, Basil Liddell (1989), Lawrence of Arabia, ISBN 978-0-306-80354-3, The Perseus Books Group
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- Woodward, David R. (2006), Hell in the Holy Land: World War I in the Middle East, ISBN 978-0-8131-2383-7, University Press of Kentucky