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Fraude genealógica

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Uma fraude genealógica é uma fraude, por meio de artifícios variados, com o objectivo de criar uma ligação genealógica entre um indivíduo e outro indivíduo, ou outros indivíduos, para obtenção de um ganho ou com vista à ascensão social.

Na Antiguidade são frequentes as tentativas de ligar pessoas e famílias a entidades mitológicas, como forma de prestígio e legitimação do poder. Exemplo disso é o da gens Júlia, a que afirmava ser descendente de Ascânio, filho do legendário troiano Eneias, que por sua vez era, segundo a mitologia romana, filho da deusa Vénus.[1]

Diversos pseudo-pesquisadores se tornaram notórios pelas suas fraudes genealógicas, às vezes cobrando altas somas pelos seus trabalhos, como Charles H. Browning, Orra E. Monnette, Frederick A. Virkus, C. A Hoppin, Horatio Gates Somersby, Gustave Anjou e John S. Wurts.[2]

Em Portugal são conhecidos vários exemplos.

Um desses casos, talvez o mais conhecido de todos, é o dos engenheiros militares Guilherme Joaquim Paes e Francisco Xavier Paes, irmãos, que se fizeram passar por descendentes do Infante D. Duarte, através da falsificação de vários documentos.[3]

Outro exemplo conhecido foi o do pai do Marquês de Pombal que, sendo proveniente de família tida como de fidalgos de terceira categoria, resolveu inventar um livro de genealogia. Impresso em 1702, em Nápoles, para fugir às autorizações necessárias em Portugal, Manuel de Carvalho e Ataíde ficcionou no livro, pela pena de um inexistente “prior D. Tivisco de Nasão Zarco y Colona”, ligações dos Carvalho e Melo a distintas raízes, de fidalgos da Restauração (a que acrescentou outros, como o florentino “Genebra Cavalcanti”) a “mestres-sala de D. João II”. A burla seria denunciada e eternizou-se como mancha na reputação da família.[4]

São também conhecidos vários exemplos de fraude genealógica no Brasil.

O processo de habilitação de Felipe Pais Barreto, membro de uma rica família do Pernambuco colonial, a cavaleiro da Ordem de Cristo, revela um sistema de fraude genealógica montado com o propósito de apagar as origens comprometedoras do habilitando e contornar as normas vigentes, de limpeza de sangue, que vedavam aos descendentes de judeus, africanos, índios e mouros o acesso aos cargos públicos, à carreira eclesiástica e às honrarias e mercês dispensadas pela Coroa.[5]

Referências

  1. Froude 1879, p. 67.
  2. ["Beware of Fraudulent Genealogies"]. Family Chronicle, jan-fev/2001
  3. SOVERAL, Manuel Abranches de, Um caso setecentista de fraude e falsificação genealógica.
  4. Marquês de Pombal: a História Secreta.
  5. MELLO, Evaldo Cabral de, O Nome e o Sangue: uma Fraude Genealógica no Pernambuco Colonial. 1989.