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Cognição

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(Redirecionado de Função cognitiva)
A obra "Escola de Atenas" de Rafael retrata filósofos antigos imersos em diálogo e reflexão, evidenciando a coletiva busca pelo conhecimento. Esta representação sintetiza a cognição ao enfatizar a importância da razão, do pensamento crítico e da troca intelectual como fundamentais na construção do entendimento humano.

Cognição é uma função psicológica individual ou coletiva[1] actuante na aquisição do conhecimento e se dá através de alguns processos, como a percepção, a atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. A palavra Cognitione tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles.[2]

É o conjunto de processos psicológicos usados no pensamento que realizam o reconhecimento, a organização e a compreensão das informações provenientes dos sentidos, para que posteriormente o julgamento através do raciocínio os disponibilize ao aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.

De uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos, bem como as informações que são disponibilizadas pelo armazenamento da memória, isto é, a cognição processa as informações sensoriais que vem dos estímulos do ambiente que estamos e também processa o conteúdo que retemos em relação às nossas experiências vividas.

Mas a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e consequentemente, a nossa melhor adaptação ao meio - é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Ela começa com a captação dos sentidos e logo em seguida ocorre a percepção. É, portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória.[3]

Ver artigo principal: Psicologia cognitiva

Assim surge a psicologia cognitiva que estuda esses aspectos, os processos de aprendizagem e comportamentais para a aquisição de conhecimento.

Atualmente é um ramo da psicologia dividido em inúmeras linhas de diferentes pesquisas e algumas vezes discordantes entre si.

Perda auditiva e envelhecimento

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Com o avanço da idade, alguns sinais comportamentais relacionados ao declínio cognitivo são observados, dentre eles: o esquecimento, a diminuição da capacidade de manter o foco e diminuição da capacidade de resolução de problemas. Tais sinais tem sido relacionados a diminuição da capacidade da memória de trabalho e da atenção.[4][5]

O declínio da memória, é o sinal de alerta mais relevante associado ao déficit de pelo menos outra função, seja ela motora, linguística, praxias ou gnoses[6][7], sendo assim considerada como uma forte evidência de pré-estágio da demência.[8]

Foi demonstrado que em idosos com mais de 65 anos de idade, o tempo médio de desenvolvimento de demência foi de 10,3 anos naqueles com perda auditiva, contra 11,9 anos em idosos com audição normal.[9] Por meio de uma análise entre a relação do grau da perda auditiva, piora das funções cognitivas e incidência de demência, constatou-se que em graus maiores de perda auditiva (moderado e severo) o risco é de 3 a 5 vezes maior para o desenvolvimento dessas condições.[10][11]

O resultado da associação entre o declínio cognitivo e a perda auditiva periférica ainda não está claro, assim como ainda não se estabeleceu se o uso de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI), pode impedir ou retardar o aparecimento de demência. Contudo, o risco da perda auditiva para o desenvolvimento dessa condição se sobrepõe individualmente a outros fatores de risco, uma vez que ela é altamente prevalente entre as pessoas com mais de 55 anos (32%).[12]

Existem quatro teorias concorrentes sobre a associação da perda auditiva (declínio sensorial) e o declínio cognitivo. Essas teorias não são mutuamente exclusivas e uma vez que múltiplos processos estão envolvidos, o declínio de um pode afetar o outro. São elas:

  • A hipótese de causa comum: sugere um fator subjacente comum que leva ao declínio relacionado aos dois sistemas ; [13][14]
  • A hipótese de privação sensorial: apenas longos períodos crônicos de privação sensorial induzem ao declínio cognitivo; declínio perceptivo causa declínio cognitivo permanente;[14]
  • Hipótese de degradação da informação: pressupõe que o declínio sensorial antecede o declínio cognitivo e sugere efeitos imediatos, potencialmente remediáveis;[15]
  • O efeito do tempo nas nossas vidas, incluindo as nossas capacidades cognitivas e pontuações de QI, é um tema fascinante. É uma interação complexa de fatores biológicos, ambientais e psicológicos que talvez nunca compreendamos completamente.
  • Hipótese da percepção: afirma que o declínio cognitivo relacionado à idade precede ou conduz ao declínio sensorial;[14] [15]

Um importante passo para entender se a reabilitação auditiva poderia ajudar a minimizar essa condição, é estabelecer a relação entre o declínio cognitivo e a presença de perda auditiva. A magnitude dessas associações é clinicamente significativa em indivíduos com perda auditiva, demonstrando uma taxa acelerada de declínio cognitivo de 30% a 40% e um risco 24% maior de incidentes cognitivos durante um período de 6 anos em comparação a indivíduos que apresentam a audição dentro dos padrões de normalidade.[16]

Referências

  1. S.T. Fiske, and S.E. Taylor,  Social Cognition (2nd ed.), 1991, New York, McGraw-Hill.
  2. «cognição». Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  3. «o que e desenvolvimento cognitivo». Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  4. Gordon-Salant, Sandra; Cole, Stacey Samuels (2016). «Effects of Age and Working Memory Capacity on Speech Recognition Performance in Noise Among Listeners With Normal Hearing». Ear and Hearing. 37 (5): 593–602. ISSN 0196-0202. doi:10.1097/aud.0000000000000316 
  5. Stenbäck, Victoria. «Speech masking speech in everyday communication: The role of inhibitory control and working memory capacity» 
  6. Goodman, Richard A.; Lochner, Kimberly A.; Thambisetty, Madhav; Wingo, Thomas S.; Posner, Samuel F.; Ling, Shari M. (9 de maio de 2016). «Prevalence of dementia subtypes in United States Medicare fee-for-service beneficiaries, 2011-2013». Alzheimer's & Dementia (1): 28–37. ISSN 1552-5260. doi:10.1016/j.jalz.2016.04.002. Consultado em 30 de agosto de 2020 
  7. Rocca, Walter A. (2017). «Time, Sex, Gender, History, and Dementia». Alzheimer Disease & Associated Disorders (1): 76–79. ISSN 0893-0341. doi:10.1097/wad.0000000000000187. Consultado em 30 de agosto de 2020 
  8. Morenas-Rodríguez, Estrella; Sala, Isabel; Subirana, Andrea; Pascual-Goñi, Elba; Sánchez-Saudinós, Ma Belén; Alcolea, Daniel; Illán-Gala, Ignacio; Carmona-Iragui, María; Ribosa-Nogué, Roser (19 de junho de 2018). «Clinical Subtypes of Dementia with Lewy Bodies Based on the Initial Clinical Presentation». Journal of Alzheimer's Disease (2): 505–513. ISSN 1387-2877. doi:10.3233/jad-180167. Consultado em 30 de agosto de 2020 
  9. Gurgel, Richard Klaus; Ward, Preston Daniel; Schwartz, Sarah; Norton, Maria C.; Foster, Norman L.; Tschanz, JoAnn T. (2014). «Relationship of Hearing Loss and Dementia». Otology & Neurotology. 35 (5): 775–781. ISSN 1531-7129. doi:10.1097/mao.0000000000000313 
  10. Lin, Frank R.; Yaffe, Kristine; Xia, Jin; Xue, Qian-Li; Harris, Tamara B.; Purchase-Helzner, Elizabeth; Satterfield, Suzanne; Ayonayon, Hilsa N.; Ferrucci, Luigi (25 de fevereiro de 2013). «Hearing Loss and Cognitive Decline in Older Adults». JAMA Internal Medicine. 173 (4). 293 páginas. ISSN 2168-6106. doi:10.1001/jamainternmed.2013.1868 
  11. Foster, Shannon M.; Davis, Hasker P.; Kisley, Michael A. (2013). «Brain responses to emotional images related to cognitive ability in older adults.». Psychology and Aging. 28 (1): 179–190. ISSN 1939-1498. doi:10.1037/a0030928 
  12. Davies, Rachael (2017). «Gill Livingston: transforming dementia prevention and care». The Lancet. 390 (10113). 2619 páginas. ISSN 0140-6736. doi:10.1016/s0140-6736(17)31913-x 
  13. Dalton, Dayna S.; Cruickshanks, Karen J.; Klein, Barbara E. K.; Klein, Ronald; Wiley, Terry L.; Nondahl, David M. (outubro de 2003). «The Impact of Hearing Loss on Quality of Life in Older Adults». The Gerontologist (5): 661–668. ISSN 1758-5341. doi:10.1093/geront/43.5.661. Consultado em 31 de agosto de 2020 
  14. a b c Lindenberger, Ulman; Baltes, Paul B. (setembro de 1994). «Sensory functioning and intelligence in old age: A strong connection.». Psychology and Aging (3): 339–355. ISSN 1939-1498. doi:10.1037/0882-7974.9.3.339. Consultado em 31 de agosto de 2020 
  15. a b Pichora-Fuller, Margaret Kathleen (30 de janeiro de 2020). «Hearing and Cognitive Aging». Oxford University Press. Oxford Research Encyclopedia of Psychology. ISBN 978-0-19-023655-7. Consultado em 31 de agosto de 2020 
  16. Lin, Frank R.; Ferrucci, Luigi; Metter, E. Jeffrey; An, Yang; Zonderman, Alan B.; Resnick, Susan M. (2011). «Hearing loss and cognition in the Baltimore Longitudinal Study of Aging.». Neuropsychology. 25 (6): 763–770. ISSN 1931-1559. doi:10.1037/a0024238 
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