Gado franqueiro
Gado franqueiro é uma raça de boi taurino surgida na região sul do Brasil, sendo ela considerada a primeira raça de bovino genuinamente nativa daquela região.[1]
História
[editar | editar código-fonte]Desde o descobrimento do Brasil, os portugueses trouxeram gado bovino de origem taurina que foram dispersadas no Brasil e tiveram que se adaptar e sobreviver, desenvolvendo-se por séculos, resultando nos animais atuais.[2] O gado ancestral que deu origem a esta raça também deu origem às raças gado pantaneiro, caracu, curraleiro pé-duro, crioulo lageano e o gado junqueira, sendo todos taurinos e com bastante semelhanças físicas. Tais animais provavelmente descendem de raças portuguesas do tipo aquitânico ou turdetano, representadas pela Alentejana[3] (ou Transtagana), Galega[4][5] (ou Minhota) e Mirandesa. É certo que não foram somente estas raças que participaram da formação, outras raças de gado do tronco ibérico podem ter contribuído, sendo possível que gado africano também tenham participado.
É do leite desta raça que foi usada, inicialmente, para a produção do famoso queijo serrano da região.[6]
Risco de extinção
[editar | editar código-fonte]Está em vias de extinção existindo por volta de 350 animais no Rio Grande do Sul e pouco mais de 1000 na região sul,[6][7] devido ao fato de que diversos criadores no sul trocaram seus plantéis por animais de outra raças de origem europeia de maior tamanho ou raças sintéticas (criadas a partir de critérios técnico-científicos usando raças diferentes). Os criadores lutam por reconhecimento junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e pelo seu reconhecimento e preservação por parte do governo do Rio Grande do Sul como um dos símbolos que compõe a cultura sulista.[8][9][10] Os criadores têm esperança de que, com o reconhecimento, a raça possa ser valorizada como o Longhorn, raça dos EUA do estado do Texas cuja característica é ter um chifre longo como o do gado franqueiro, com exemplares podendo chegar a valer 15 mil dólares.[11][12]
Características
[editar | editar código-fonte]A raça é considerada de dupla aptidão para carne e leite, destacando-se por ser muito rústica, reduzindo bastante os custos de criação, porém devido ao baixo número de exemplares atualmente, se tem evitado abater os animais para aumentar seus números.[13] Seu crescimento é bastante lento e além do seu uso para alimentação, foi muito usado como arado de boi.[6]
Uma coisa que chama bastante a atenção são seus chifres, de posição horizontal, podendo chegar de uma ponta a outra a 2 metros de comprimento.[14]
A raça é considerada de porte médio, o peso dos machos fica em média de 800 quilos e as fêmeas entre 500 e 600 quilos.[13]
Distribuição do plantel
[editar | editar código-fonte]A grande maioria dos animais estão concentrados na região sul do Brasil, sendo a grande maioria no Rio Grande do Sul.[6]
Melhoramentos genéticos
[editar | editar código-fonte]A raça, neste momento, tem passado por um processo de preservação para evitar sua extinção. Superada esta etapa, com o aumento do número de animais, os pesquisadores pretendem selecionar aqueles animais com as características consideradas mais vantajosas para aprimorar e definir as características raciais.
Valor genético
[editar | editar código-fonte]A conservação dos seus genes permite identificar a sua composição e seu uso naquelas características consideradas vantajosas. Há estudos indicando que a raça tem características genéticas únicas que não estão presentes em nenhuma outra raça de bovino no mundo, como por exemplo uma característica que a coloca como potencialmente mais resistente a doença da vaca louca mostrando o potencial genético que os poucos exemplares da raça ainda fornecem e a necessidade urgente da preservação destes animais.[15]
Outras raças brasileiras de bovinos
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «GADO FRANQUEIRO: A SAGA DE UMA RAÇA EM EXTINÇÃO». Gado Franqueiro. 3 de maio de 2016. Consultado em 25 de setembro de 2018
- ↑ MISSOES, PORTAL DAS. «Origem do Gado no Rio Grande do Sul - Sites - Portal das Missões». www.portaldasmissoes.com.br (em inglês). Consultado em 25 de setembro de 2018
- ↑ «Site de raças autóctones de Portugal: Raça Alentejana». Consultado em 26 de setembro de 2018. Arquivado do original em 16 de junho de 2011
- ↑ «Site de raças autóctones de Portugal: Raça Minhota ou Galega». Consultado em 26 de setembro de 2018. Arquivado do original em 9 de fevereiro de 2016
- ↑ Aristeu Mendes Peixoto, Francisco Ferraz de Toledo. Enciclopédia agrícola brasileira: C-D, Volumen 2. EdUSP, 1998. ISBN 8531404606 [1]
- ↑ a b c d «CP: Sobrevida ao gado Franqueiro – Thais DAvila Produtora de Conteúdo Assessoria de Imprensa». thaisdavila.com.br. Consultado em 25 de setembro de 2018
- ↑ Notícias, Portal da Agência de. «Comissão levará defesa do gado franqueiro ao ministro da Agricultura». www2.al.rs.gov.br. Consultado em 25 de setembro de 2018
- ↑ «Criadores de gado franqueiro lutam por reconhecimento da raça junto ao Ministério da Agricultura - Canal Rural». Canal Rural. 18 de fevereiro de 2012
- ↑ «Medidas de preservação do gado Franqueiro». Jusbrasil
- ↑ «Criador do gado Franqueiro Archives - Estúdio P». Estúdio P. Consultado em 25 de setembro de 2018
- ↑ «Primeira raça bovina das Américas será atração na Expointer 2008». Portal do Estado do Rio Grande do Sul. 21 de junho de 2008
- ↑ «Dickinson Cattle Co. LLC > Home > Longhorn Info > Unique Longhorn > disposition >». www.texaslonghorn.com. Consultado em 26 de setembro de 2018
- ↑ a b «Gado franqueiro é uma das estrelas da 41ª Expoingá». maringa.odiario.com. 11 de maio de 2013
- ↑ «Fazendeiro resgata a primeira raça de gado do Sul do país: Gado Franqueiro». Globo Repórter. 21 de fevereiro de 2015
- ↑ «Antigo Caminho das Tropas». www.antigocaminhodastropas.com.br. Consultado em 25 de setembro de 2018