Grande Camafeu da França
O Grande Camafeu da França (em francês: Grand Camée de France) é um camafeu em ônix em cinco camadas datado de cerca de 23. Este camafeu de 31 cm por 26,5, o maior proveniente da Antiguidade,[1] pertence a um grupo de espetaculares gemas gravadas, às vezes chamadas "Camafeus Estatais",[2] que presumivelmente se originaram do círculo cortesão em torno de Augusto, uma vez que mostram-o com atributos divinos que ainda eram politicamente sensíveis, e em alguns casos há aspectos sexuais que não teriam sido expostos para uma audiência mais ampla.[3][4] Além do Grande Camafeu, pertencem a este grupo o Camafeu Blacas e a Gema Augusta em Viena (que também tem a Gema Cláudia mostrando o imperador Cláudio (r. 41–54) e seu irmão com suas esposas).[5][6]
Originalmente o Grande Camafeu da França pertenceu ao Tesouro Imperial dos Césares de Roma, passando posteriormente para os imperadores bizantinos. Balduíno II de Constantinopla (r. 1228–1261) vendeu-o para Luís IX de França (r. 1226–1270), que o incorporou no tesouro de Sainte-Chapelle. Cristianizado, o Grande Camafeu passou a ser conhecido como Triunfo de José e a Corte do Faraó. Pertenceu por certo tempo aos papas de Avinhão até ser posteriormente devolvido ao Sainte-Chapelle por Carlos V de França (r. 1364–1380). Durante a Revolução Francesa, a Assembleia Nacional o alocou na Sala das Medalhas, onde foi roubado. Foi vendido em Amsterdã por $ 60,000 quando a polícia de Napoleão Bonaparte encontrou-o, porém sem sua original moldura em ouro. Napoleão então ordenou que um joalheiro colocasse a atual moldura de bronze dourado. Em 8 de setembro de 1912, a moldura perdida foi descoberta em posse de M. Babelon, proprietário da Sala de Medalhas do Museu Nacional.[7] Atualmente o camafeu reside em Paris, na Biblioteca Nacional.[1]
O Grande Camafeu está gravado com 24 figuras, dividas em três níveis. Em seu sentido geral, com clara intenção propagandística, o trabalho afirma a continuidade e legitimidade dinástica da dinastia júlio-claudiana. Na porção superior estão os membros mortos - Augusto, cercado por Druso II e Germânico voando sobre o Pégaso. Possivelmente o personagem trajando roupas em estilo oriental e com o globo pode ser Eneias. No nível médio estão os vivos - o imperador Tibério (r. 14–23) no centro, acompanhado de sua mãe Lívia Drusa e por Nero (herdeiro designado de Tibério) de um lado e Druso III e Calígula do outro. No nível inferior, alguns bárbaros cativos.[1]
Referências
- ↑ a b c «Title: Great Cameo of France» (em inglês). Consultado em 14 de agosto de 2014
- ↑ Henig 1983, p. 156.
- ↑ Williams 2009, p. 296.
- ↑ «Cameo portrait of Augustus» (em inglês). Consultado em 15 de setembro de 2014. Arquivado do original em 23 de abril de 2012
- ↑ Henig 1983, p. 154-156.
- ↑ Boardman 1993, p. 274.
- ↑ «Finds Great Cameo's Frame» (em inglês). Consultado em 15 de setembro de 2014
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Boardman, John (1993). The Oxford History of Classical Art. [S.l.]: OUP. ISBN 0198143869
- Henig, Martin (1983). A Handbook of Roman Art. [S.l.]: Phaidon. ISBN 0714822140
- Williams, Dyfri (2009). Masterpieces of Classical Art. [S.l.]: British Museum Press. ISBN 9780714122540