Grandes debates
Na teoria das relações internacionais, os "Grandes Debates" referem-se aos muitos desentendimentos entre os estudiosos de relações internacionais.[1] Ashworth descreve como a disciplina de relações internacionais tem sido fortemente influenciada pelas narrativas históricas e que "nenhuma ideia tem sido mais influente" do que a noção de que existia um debate entre o pensamento utópico e o realista.[2]
Primeiro Grande Debate
[editar | editar código-fonte]O "Primeiro Grande Debate", também conhecido com o "Grande Debate Realismo-Idealismo"[2] foi a disputa entre os realistas e idealistas ocorrida nas décadas de 30 e 40, fundamentalmente sobre o acordo com a Alemanha Nazista.[3][4] Os estudiosos realistas enfatizaram a natureza anárquica das políticas internacionais e a necessidade da sobrevivência do estado. Os Idealistas enfatizaram a possibilidade da existência de instituições internacionais, como a Liga das Nações. Entretanto, alguns argumentam que a definição do debate entre o realismo e o idealismo, em termos de um grande debate, é uma caricatura enganosa, assim descrevem o "grande debate" como um mito.[5][6]
Segundo Grande Debate
[editar | editar código-fonte]O Segundo Grande Debate foi entre os estudiosos das "relações internacionais científicas" que procuram aperfeiçoar os métodos científicos de pesquisa na teoria das relações internacionais, e aqueles que insistiam em uma abordagem mais histórica/interpretativa da teoria das relações internacionais. O debate é denominado de "realismo versus behaviorismo" ou "tradicionalismo versus cientificismo".[7]
Debate interparadigmático
[editar | editar código-fonte]Por vezes o debate interparadigmático é considerado como sendo um grande debate. Foi um debate entre o liberalismo, realismo e teorias radicais das relações internacionais.[8] O debate é também descrito como sendo entre o realismo, institucionalismo e o estruturalismo.[9]
Quarto Grande Debate
[editar | editar código-fonte]O Quarto Grande Debate é um debate entre as teorias positivistas e as teorias pós-positivistas das relações internacionais. Confusamente, ele é frequentemente descrito como o "Terceiro Grande Debate" em virtude daqueles que rejeitam a descrição do debate interparadigmático como um Grande Debate.[10] Este debate preocupa-se com a epistemologia latente das escolas de relações internacionais, bem como é descrito como um debate entre os racionalistas e reflexivistas.[11] O debate foi iniciado por Robert Keohane em um debate na Associação Internacional de Estudos em 1988, e pode ser considerado um debate epistemológico em vez de um ontológico,[12] o que significa dizer, um debate sobre o que podemos afirmar conhecer.
Crítica
[editar | editar código-fonte]Steve Smith argumenta que as posições divergentes tem ignorado uma a outra, assim não faz muito sentido falar em "debates" entre os quadros teóricos rivais.[13]
Veja também
[editar | editar código-fonte]Referências
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Great Debates (international relations theory)», especificamente desta versão.
- ↑ Booth, Cox & Dunne 1999, Issue 1, p1: "The story of international relations is conveniently told in a series of 'great debates'"..
- ↑ a b Ashworth 2002.
- ↑ Booth, Cox & Dunne 1999, p. 1.
- ↑ Devetak, Richard; Burke, Anthony; George, Jim, eds. (2007). An Introduction to International Relations: Australian Perspectives (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. p. 90. ISBN 9780521682763
- ↑ Vigneswaran, Darshan (1 de janeiro de 2004). International relations first great debate: context and tradition (em inglês). Canberra: Dept. of International Relations, Research School of Pacific and Asian Studies, Australian National University. p. 5. ISBN 0731531337
- ↑ Wilson, Peter (1 de dezembro de 1998). «The myth of the 'First Great Debate'». Review of International Studies. 24 (5): 1–16. ISSN 1469-9044
- ↑ Guzzini, Stefano (8 de maio de 1998). Realism in International Relations and International Political Economy: The Continuing Story of a Death Foretold (em inglês) 2.ª ed. Nova Iorque: Routledge. p. 32. ISBN 9780415144025
- ↑ Weaver, Ole,The rise and all of the Inter-paradigm debate, International theory: positivism and beyond, Steve Smith, Ken Booth, Marysia Zalewski, p151
- ↑ [1]
- ↑ Y Lapid, The third debate: On the prospects of international theory in a post-positivist era, International Studies Quarterly (1989) 33, 235-254
- ↑ Smith 2013, p. 10.
- ↑ Smith 2013, p. 5.
- ↑ Smith, S. (2008) The Oxford Handbook of International Relations, C. Reus-Smit, D. Snidal (eds.),Oxford: Oxford University Press, p. 726
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Darshan Vigneswaran, Joel Quirk, International relations' first great debate: context and tradition, Issue 2001; Issue 2004 of Working paper, Dept. of International Relations, Research School of Pacific and Asian Studies, Australian National University, 2004.
- Ashworth, P. (1 de janeiro de 2002). «Did the Realist-Idealist Great Debate Really Happen? A Revisionist History of International Relations». International relations : the journal of the David Davies Memorial Institute of International Studies (em inglês). 16 (1): 33–51. ISSN 0047-1178
- Brown, Chris; Cox, Michael; Booth, Ken (13 de março de 1999). Dunne, Tim, ed. The Eighty Years' Crisis: International Relations 1919-1999 (em inglês) 1.ª ed. Cambridge: Cambridge University Press. p. 1. ISBN 9780521667838
- Smith, Steve (9 de agosto de 2013). «Introduction». In: Dunne, Tim; Kurki, Milja; Smith, Steve. International Relations Theories: Discipline and Diversity (em inglês) 3.ª ed. Oxford: Oxford University Press. ISBN 9780199696017