Gunneridae
eudicoteledóneas nucleares, gunerídeas Gunneridae | |||||||||
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Classificação científica | |||||||||
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Clados e ordens[2] | |||||||||
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Gunneridae (gunerídeas ou gunnerídeas) é a designação dada em nomenclatura filogenética a um grande grupo de espécies de eudicotiledóneas, também designadas por eudicotiledóneas nucleares (em inglês: core eudicots), que constitui o maior agrupamento na filogenia das angiospémicas. Compreende um grupo extremamente amplo e diverso de angiospérmicas, com uma grande variabilidade no hábito, morfologia, fitoquímica, distribuição geográfica e outros atributos. A sistemática clássica, baseada unicamente em informação morfológica, não foi capaz de reconhecer este grupo, pois a presente circunscrição das Gunneridae como um clado está baseada em evidência obtida a partir dos dados de análise molecular.[3][4][5] O clado é composto pela ordem Gunnerales e pela totalidade do clado das Pentapetalae.[6]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Apesar do clado Gunneridae não ter sido originalmente identificado com base em evidências morfológicas, as investigações subsequentes identificaram um conjunto de atributos que são característicos do grupo. Entre esses atributos estão: (1) a evolução de flores organizadas de um modo previsível, com um número de peças estável, ou seja, flores com cinco ou um múltiplo de cinco peças em cada ciclo; (2) uma clara diferenciação entre pétalas e sépalas; (3) o número de estames é o dobro do número de pétalas; e (4) um gineceu de três a cinco carpelos tipicamente fundidos, pelo menos parcialmente.[7] Na vertente fitoquímica, os membros deste grupo produzem ácido elágico e ácido gálico e, aparentemente, também se caracterizam pela duplicação de genes para identidade de órgão, incluindo os homólogos dos genes de Arabidopsis Apetala3 e Apetala1.[8][9][10]
Diversidade
[editar | editar código-fonte]Gunnerales
[editar | editar código-fonte]O clade Gunnerales agrupa duas pequenas famílias, as Gunneraceae (Gunnera com aproximadamente 40 espécies) e as Myrothamnaceae (Myrothamnus, com duas espécies). Este clado foi identificado com base em evidências obtidas pela biologia molecular, já que ambos os géneros diferem muito na sua morfologia. As Gunneraceae apresentam um perianto dímero (ou seja, o cálice e a corola têm duas peças ou um múltiplo de duas peças). Esta característica é partilhada com muitas linhagens de eudicotiledóneas basais, como as Buxaceae, Trochodendraceae e Proteaceae, e é frequente e provavelmente ancestral nas Ranunculales.[11][12][13]
Sendo as Gunnerales o clado irmão das pentapétalas (ou seja, das restantes gunnerideas) implica que o perianto pentámero típico destas derivou de ancestrais dímeros.[14]
Pentapétalas
[editar | editar código-fonte]O agrupamento taxonómico Pentapetalae (pentapétalas) compreende um grupo extremamente amplo e diverso de espécies que reúne cerca de 65% da diversidade das angiospérmicas, com uma grande variabilidade no hábito, morfologia, fitoquímica, distribuição geográfica e outros atributos. A sistemática clássica, baseada unicamente na informação morfológica, não foi capaz de reconhecer este grupo.
A circunscrição das pentapétalas como um clado está baseada num conjunto forte de evidências obtidas a partir da análise molecular de ADN.[3][4][5] O clado das Pentapetalae é composto pelas ordens Berberidopsidales (incluindo a família Aextoxicaceae),[15][16] Caryophyllales, Santalales e Saxifragales, a família Dilleniaceae e todos os taxa integrantes dos clados Asteridae e Rosidae.[6]
Filogenia
[editar | editar código-fonte]O seguinte cladograma resume as relações filogenéticas dentro do clado das Pentapetalae e com este clado:[17][18]
Gunneridae |
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Referencias
[editar | editar código-fonte]- ↑ Gunneridae D.E. Soltis, P.S. Soltis & W.S. Judd. En: P.D. Cantino, J.A. Doyle, S.W. Graham, W. S. Judd, R.G. Olmstead, D. E. Soltis, P.S. Soltis & M.J. Donoghue. 2007. Towards a phylogenetic nomenclature of Tracheophyta. Taxon 56 (3) 822–846
- ↑ The Angiosperm Phylogeny Group III ("APG III", en orden alfabético: Brigitta Bremer, Kåre Bremer, Mark W. Chase, Michael F. Fay, James L. Reveal, Douglas E. Soltis, Pamela S. Soltis y Peter F. Stevens, además colaboraron Arne A. Anderberg, Michael J. Moore, Richard G. Olmstead, Paula J. Rudall, Kenneth J. Sytsma, David C. Tank, Kenneth Wurdack, Jenny Q.-Y. Xiang y Sue Zmarzty) (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III.». Botanical Journal of the Linnean Society (161): 105-121. Cópia arquivada em 25 de maio de 2017
- ↑ a b Hoot, S. B., S. Magallón, and P. R. Crane. 1999. Phylogeny of basal eudicots based on three molecular data sets: atpB, rbcL, and 18S nuclear ribosomal DNA sequences. Annals of the Missouri Botanical Garden 86: 1-32
- ↑ a b Savolainen, V., M. W. Chase, C. M. Morton, D. E. Soltis, C. Bayer, M. F. Fay, A. De Bruijn, S. Sullivan, and Y.-L. Qiu. 2000a. Phylogenetics of flowering plants based upon a combined analysis of plastid atpB and rbcL gene sequences. Systematic Biology 49: 306-362
- ↑ a b Soltis, D. E., P. S. Soltis, M. W. Chase, M. E. Mort, D. C. Albach, M. Zanis, V. Savolainen, W. J. Hahn, S. B. Hoot, M. F. Fay, M. Axtell, S. M. Swensen, L. M. Prince, W. J. Kress, K. C. Nixon, and J. S. Farris. 2000. Angiosperm phylogeny inferred from 18S rDNA, rbcL, and atpB sequences. Botanical Journal of the Linnean Society 133: 381-461.
- ↑ a b P.D. Cantino, J.A. Doyle, S.W. Graham, W. S. Judd, R.G. Olmstead, D. E. Soltis, P.S. Soltis & M.J. Donoghue. 2007. Towards a phylogenetic nomenclature of Tracheophyta. Taxon 56 (3) 822–846
- ↑ Judd, W. S., C. S. Campbell, E. A. Kellogg, P. F. Stevens, and M. J. Donoghue. 2002. Plant systematics: a phylogenetic approach. Sinauer Associates, Inc., Sunderland, Massachusetts, USA.
- ↑ Kramer, E. M., R. L. Dorit, and V. F. Irish. 1998. Molecular evolution of genes controlling petal and stamen development: Duplication and divergence within the APETALA3 and PISTILLATA MADS-box gene lineages. Genetics 149: 765-783.
- ↑ Litt, A., and V. Irish. 2003. Duplication and diversification in the APETALA1/FRUITFULL floral homeotic gene lineage: implications for the evolution of floral development. Genetics 165: 821-833.
- ↑ Soltis, P. S., D. E. Soltis, M. W. Chase, P. K. Endress, and P. R. Crane. 2004. The diversification of flowering plants. In J. Cracraft and M. J. Donoghue [eds.], The tree of life. Oxford University Press, Oxford, UK.
- ↑ van Tieghem, P. 1897. Sur les Buxaées. Annales des Sciences Naturelles Botanique. Série 8, 5: 289-338.
- ↑ Drinnan, A. N., P. R. Crane, and S. B. Hoot. 1994. Patterns of floral evolution in the early diversification of non-magnoliid dicotyledons (eudicots). Plant Systematics and Evolution 8 (Supplement): 93-122
- ↑ Douglas, A., and S. C. Tucker. 1996. Comparative floral ontogenies among Persoonioideae including Bellendena (Proteaceae). American Journal of Botany 83: 1528-1555.
- ↑ DeCraene, L. P. R. 2004. Floral development of Berberidopsis corallina: a crucial link in the evolution of flowers in the core eudicots. Annals of Botany 94: 741-751.
- ↑ Hilu, K.W., Borsch, T., Müller, K., Soltis, D.E., Soltis, P.S., Savolainen, V., Chase, M.W., Powell, M.P., Alice, L.A., Evans, R., Sauquet, H., Neinhuis, C., Slotta, T.A.B., Rohwer, J.G., Campbell, C.S. & Chatrou, L.W. 2003. Angiosperm phylogeny based on matK sequence information. Amer. J. Bot. 90: 1758–1776.
- ↑ Soltis, D.E., Soltis, P.S., Chase, M.W., Mort, M.E., Albach, D.C., Zanis, M., Savolainen, V., Hahn, W.H., Hoot, S.B., Fay, M.F., Axtell, M., Swensen, S.M., Prince, L.M., Kress, W.J., Nixon, K.C. & Farris, J.S. 2000. Angiosperm phylogeny inferred from 18S rDNA, rbcL, and atpB sequences. Bot. J. Linn. Soc. 133: 381–461.
- ↑ Theodor C. H. Cole & Hartmut H. Hilger 2013 Angiosperm Phylogeny, Flowering Plant Systematics.
- ↑ Michael J. Moore, Nasr Hassan, Matthew A. Gitzendanner, Riva A. Bruenn, Matthew Croley, Alexia Vandeventer, James W. Horn, Amit Dhingra, Samuel F. Brockington, Maribeth Latvis, Jeremy Ramdial, Roolse Alexandre, Ana Piedrahita, Zhenxiang Xi, Charles C. Davis, Pamela S. Soltis and Douglas E. Soltis. Analysis of the Plastid Inverted Repeat for 244 Species: Insights into Deeper-Level Angiosperm Relationships from a Long, Slowly Evolving Sequence Region[ligação inativa]. International Journal of Plant Sciences. Vol. 172, No. 4 (May 2011), pp. 541-558