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Horto (Auta de Souza)

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Auta de Souza (1876-1901), poetisa negra e uma boa fonte de inspiração autora de Horto

Horto é um livro de poesias escrito pela poetisa Auta de Souza e publicado pela primeira vez em 20 de Junho de 1900.

O político e escritor Henrique Castriciano, irmão de Auta de Souza, insistiu para que o manuscrito, então com o nome de Dhálias, fosse entregue a seu amigo Olavo Bilac, para que este fizesse o prefácio. Seu outro irmão, o também político Elói de Sousa, levou então o livro para o famoso poeta parnasiano, que lhe fez o prefácio com o título de um dos poemas da obra, O Horto. Finalmente, ao ser publicado, o livro ganhou seu título definitivo.

Olavo Bilac (1865-1918)

Horto teve, oficialmente, cinco edições:

Primeira edição

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Foi publicada em Natal, em 1900, pela Tipografia d’A República/Biblioteca do Grêmio Polimático. Continha 114 poemas e 232 páginas e teve prefácio de Olavo Bilac, o poeta mais célebre da época. Sua primeira tiragem, de mil exemplares, esgotou-se em dois meses.[1]

Henrique Castriciano (1874-1947)

Segunda edição

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Foi publicada em Paris, em 1910, pela Tipografia Aillaud, Alves e Cia. Continha ilustrações de D. O. Widhopff [2] e breve biografia da autora, escrita pelo seu irmão Henrique Castriciano, que aproveitou uma viagem à França para tratamento de saúde para publicá-lo naquele país, adicionando outros 17 poemas que integravam o manuscrito Dhálias e ainda não haviam sido publicados nas primeiras edições de Horto.

Terceira edição

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Foi publicada no Rio de Janeiro, em 1936, pela Tipografia Batista de Souza. Continha prefácio de Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Athayde.

Quarta edição

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Foi publicada em Natal, em 1964, pela Fundação José Augusto. Continha outros poemas inéditos, além das poesias publicadas nas edições anteriores.

Quinta edição

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Em 2000, foi publicado em Taguatinga (DF), pela Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza/ Editora Auta de Souza, o que seria a quinta edição do livro, em homenagem ao seu centenário, mas não tendo sido registrada nos órgãos competentes, não foi assim considerada.

No ano seguinte,em 2001, foi então publicada a quinta edição, em Natal, pela Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com introdução de Ana Laudelina Ferreira Gomes.

Estilo literário

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Os poemas publicados em Horto foram escritos entre 1893 e 1899, quando predominava na poesia o Parnasianismo, estilo do qual Olavo Bilac era representante. Auta de Sousa apreciava o estilo, mas não era parnasiana. Em seus poemas, existem vários paradigmas do Romantismo, que havia se esgotado na Europa em meados do século XIX, mas continuou no Brasil por mais tempo. O individualismo e subjetivismo, a abertura às emoções, a contemplação, a religiosidade, a ideia da natureza como abrigo e ideal e o tema da morte são elementos que podem caracterizá-los (e a própria autora) como neo-românticos.

Mas neste mesmo período, se iniciavam, sobretudo na França, alguns movimentos de libertação contra o academicismo da escola Parnasiana, que consagrariam o Simbolismo pouco mais tarde. Tendo fluência no francês, e tendo acesso aos originais dos românticos Lamartine, Chateaubriand, Victor Hugo e Fénelon, talvez Auta também tivesse lido os simbolistas franceses Verlaine, Rimbaud, Laforgue ou Corbière, ou o brasileiro Cruz e Sousa.[3]

Afinal, em alguns poemas do livro está fortemente presente o misticismo e o vocabulário litúrgico que são típicos do Simbolismo, como em O Horto, poema que dá nome ao livro, repleto de metáforas na correspondência entre o horto interior e o horto bíblico.

O poema Ao Luar apresenta muita semelhança com o poema Antífona, de Cruz e Sousa, que lhe é anterior.

Assim como as poesias O Horto, Ao Luar e Crepúsculo podem ser bem caracterizadas como simbolistas, os poemas Agnus Dei, Fio Partido, e Ao Pé do Túmulo são tipicamente românticos. O primeiro foi escrito em francês, e tem epígrafe do romântico Lamartine. E sabe-se que a autora apreciava Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias e Luís Murat,[3] todos eles poetas da escola romântica.

O últimos versos de Ao Pé do Túmulo originaram o epitáfio da poetisa, em homenagem prestada muitos anos após sua morte:

O poema, e especialmente esta estrofe, é muito semelhante a Lembrança de Morrer, do ultra-romântico Álvares de Azevedo, que também tornou-se epitáfio de seu autor:

A lápide contendo os versos do poema foi proposta em 1951 por Paulo Pinheiro Viveiros, então presidente da Academia Norte-Riograndense de Letras. Antes, em 1943, Câmara Cascudo já havia feito um apelo por uma lápide dedicada à poetisa, o que foi negado pelo seu irmão.[1] Com a morte de Henrique Castriciano, a lápide pôde enfim ser colocada em seu túmulo.

Os manuscritos Dhálias e Horto estão hoje cuidadosamente guardados na biblioteca da Escola Doméstica de Natal, fundada por Henrique Castriciano, junto como um exemplar de cada edição do livro.

Alguns poemas do livro têm como tema a morte, como: Ao Pé do Túmulo, A Morte de Helena, Quando Eu Morrer, Melancolia, Agonia do Coração, Ao Mar, Fio Partido, e Morta. Sobre a morte de seus pais , existem os poemas À Alma de Minha Mãe, Chorando, Mater e Meu Pai.

Outros poemas versam sobre mulheres ou crianças, como A Eugênia, As Mãos de Clarisse, A Júlia, Carlota, Clarisse, Antonieta, Angelina, Celeste e Regina Coeli.

Há também poemas com tema ligado à religiosidade, como Ao Senhor do Bomfim, Natal, Adoração dos Reis, Consolo Supremo, Sancta Virgo Virginum: Prece, Jesus! Maria!.

E há poemas com temas diversos, normalmente ligados à natureza, como Ao Cair da Noite, Ao Clarão da Lua, Ao Luar e Crepúsculo.

Referências

Ligações externas

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