Identidade de Li Shanlan
Na matemática, em combinatória, a identidade de Li Shanlan (também chamada fórmula da soma de Li Shanlan) é uma identidade combinatórial atribuída ao matemático chinês Li Shanlan.[1] Como Li Shanlan é também conhecido como Li Renshu, esta identidade é também referenciada como identidade de Li Renshu.[2] Esta identidade aparece no terceiro capítulo de Duoji bilei (垛积比类 / 垛積比纇, significando somando séries finitas), um texto matemático de autoria de Li Shanlan publicado em 1867 como parte de suas obras reunidas. O matemático tcheco Josef Kaucky publicou uma prova elementar da identidade juntamente com uma história da mesma em 1964.[3] Kaucky atribuiu a identidade a um certo Li Jen-Shu. A partir do relato da história da identidade, foi verificado que Li Jen-Shu é na verdade Li Shanlan.[1] Estudiosos ocidentais estudavam matemática chinesa por seu valor histórico; mas a atribuição dessa identidade a um matemático chinês do século XIX provocou um repensar sobre o valor matemático dos escritos de matemáticos chineses.[2]
"No Ocidente, Li é mais lembrado por uma fórmula combinatória, conhecida como 'identidade de Li Renshu', que ele deduziu usando apenas métodos matemáticos chineses tradicionais."[4]
A identidade
[editar | editar código-fonte]A identidade de Li Shanlan estabelece que
- .
Li Shanlan não apresentou a identidade desta forma. Ele a apresentou da maneira tradicional chinesa algorítmica e retórica.[5]
Provas da identidade
[editar | editar código-fonte]Li Shanlan não deu uma prova da identidade em Duoji bilei. A primeira prova usando equações diferenciais e polinômios de Legendre, conceitos estrangeiros para Shanlan, foi publicada por Pál Turán em 1936, e a prova apareceu em chinês em um artigo de Jack Yung Chang publicado em 1939.[2] Desde então pelo menos quinze provas diferentes foram apresentadas.[2] A seguinte é uma das provas mais simples.[6]
A prova começa expressando como a identidade de Vandermonde:
- .
Pré-multiplicando ambos os lados por ,
- .
Usando a seguinte relação
a relação acima pode ser transformada em
- .
Em seguida a relação
é usada para obter
- .
Outra aplicação da identidade de Vandermonde produz
e portanto
- .
Como é independente de k, isso pode ser colocado na forma
- .
Em seguida, o resultado
fornece
-
- .
Definindo p = q e trocando j por k,
- .
A identidade de Li segue a partir disso, substituindo n por n + n e fazendo algum rearranjo de termos na expressão resultante:
- .
Sobre Duoji bilei
[editar | editar código-fonte]O termo duoji denota um certo método tradicional chinês de calcular somas de pilhas. A maior parte da matemática desenvolvida na China desde o século XVI está relacionada ao método duoji. Li Shanlan foi um dos maiores expoentes desse método e Duoji bilei é uma exposição de seu trabalho relacionado a esse método. Duoji bilei consiste em quatro capítulos: o Capítulo 1 lida com pilhas triangulares, o Capítulo 2 com séries de potências finitas, o Capítulo 3 com pilhas triangulares auto-multiplicáveis e o Capítulo 4 com pilhas triangulares modificadas.[7]
Referências
- ↑ a b Jean-Claude Martzloff (1997). A History of Chinese Mathematics. Heidelberg Berlin: Springer Verlag. pp. 342–343. ISBN 9783540337829
- ↑ a b c d Karen V. H. Parshall, Jean-Claude Martzloff (Setembro de 1992). «Li Shanlan (1811–1882) and Chinese Traditional Mathematics». The Mathematical Intelligencer. 14 (4): 32–37. doi:10.1007/bf03024470
- ↑ Josef Kaucky (1965). «Une nouvelle demonstration elementaire de la formula combinatoire de Li Jen Shu». M.-Fuzik. Cas.. 15: 206–214
- ↑ Wann-Sheng Horng. «Li Shanlan Chinese mathematician». Encyclopædia Britannica. Consultado em 2 de abril de 2021
- ↑ Andrea Bréard (2013). «China». In: Robin Wilson, John J. Watkins. Combinatorics: Ancient & Modern. Oxford: OUP. pp. 78–79. ISBN 9780191630637
- ↑ John Riordan (1979). Combinatorial Identities. New York: Robert E Krieger Publishing Company. pp. 15–16. ISBN 0882758292
- ↑ Tian Miao (2003). «The Westernization of Chinese mathematics: The case study of the Duoji method and its development». East Asian Science, Technology, and Medicine. 20: 45–72. doi:10.1163/26669323-02001004