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Ignêz Novaes Romeu

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Ignêz Novaes Romeu

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Ignêz Novaes Romeu (1916-1994) foi uma educadora, profissional de Educação Física e pesquisadora brasileira, pioneira do Yoga Científico no Brasil. Formada em Educação Física na primeira turma da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD), em 1939, Ignêz desempenhou um papel fundamental na introdução e disseminação do Yoga como disciplina acadêmica na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP). Sua contribuição foi crucial para a consolidação do Yoga Científico no Brasil, ao unir práticas tradicionais de Yoga com metodologias científicas modernas (Meireles, 2016; Rodrigues, 2020).

Primeiros Anos e Formação

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Ignêz Novaes Romeu nasceu em 1916. Ela adquiriu a certificação como Licenciada em Educação Física na primeira turma da ENEFD em 1939. Em busca de uma formação mais sólida, Ignêz viajou para os Estados Unidos, onde obteve seu mestrado no Smith College, na área de Ginástica Corretiva, permanecendo quatro anos no país (Silva, 2024).

Em 1966, ela se tornou a primeira pessoa da América Latina e a primeira mulher a ingressar no curso de formação em Yoga no Instituto de Yoga Científico de Kaivalyadhama, em Lonavla, Índia (Da Índia, 1971).

Carreira e Contribuições para o Yoga Científico

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Ao retornar ao Brasil após dois anos em Lonavla, Ignêz trouxe novas perspectivas teóricas e práticas adquiridas na Índia, aplicando-as ao contexto acadêmico brasileiro (Da Índia, 1971). Ela foi responsável pela introdução do Yoga como disciplina optativa na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP). Essa iniciativa ajudou a consolidar a prática do Yoga no ambiente acadêmico, abrindo caminho para a pesquisa científica na área e estabelecendo o Yoga como uma prática legítima e digna de estudo nas universidades brasileiras (Silva, 2024).

Ignêz foi uma defensora fervorosa da incorporação dos ásanas (posturas de Yoga) e de outras práticas de Yoga nos currículos escolares, argumentando que essas atividades poderiam beneficiar significativamente a formação física e mental dos alunos (Romeu, 1972). Sua visão inovadora atraiu muitos estudantes, incluindo Marcos Rojo Rodrigues, que se tornaria um de seus principais discípulos e um renomado professor de Yoga no Brasil (Rodrigues, 2020).

Além de sua atuação acadêmica, Ignêz Romeu teve uma presença significativa na mídia brasileira. Durante as décadas de 1970 e 1980, ela foi mencionada em jornais como Folha de S. Paulo e O Estado de São Paulo, que divulgaram seu trabalho com Yoga e Ginástica Corretiva (Acervo Folha de S. Paulo e Acervo Estadão).

Sua abordagem científica diferenciava-se no contexto brasileiro, onde o Yoga era predominantemente visto como uma prática mística ou esotérica.

Produção Acadêmica e Participação em Congressos

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Ignêz Novaes Romeu também foi autora de vários artigos acadêmicos que exploravam a integração do Yoga com a Educação Física e a saúde. Um de seus trabalhos mais notáveis foi o artigo "Yoga: Racionalização do Uso de Asanas nos Programas de Treinamento Físico", publicado na revista Esporte e Educação em 1972, no qual defendeu a importância de utilizar as posturas de Yoga de forma sistemática e cientificamente embasada nos programas de treinamento físico, uma proposta inovadora para a época (Romeu, 1972).

Ignêz também participou de diversos congressos, onde apresentou seus trabalhos e pesquisas sobre o Yoga Científico. Em um desses eventos, realizado na década de 1980, ela e seu aluno e colega de profissão Marcos Rojo Rodrigues apresentaram um estudo conjunto sobre Yoga e a saúde da coluna vertebral (Rodrigues; Romeu, 1986).

O trabalho de Ignêz Novaes Romeu influenciou profundamente a trajetória do Yoga Científico no Brasil. Além de seu papel como educadora, Ignêz fundou o Instituto de Yoga Lonavla em São Paulo, um espaço dedicado à prática e ao estudo do Yoga Científico. Atualmente, o instituto permanece ativo, oferecendo aulas regulares ministradas por ex-alunos, como a professora Silvia Martins Meireles, que também foi sua discípula (Meireles, 2016).

Ignêz foi pioneira na introdução da Ginástica Corretiva no Brasil, contribuindo significativamente para a disseminação desse conhecimento. Seu trabalho sobre Ginástica Corretiva foi documentado em diversas publicações (Romeu, 1953).

Sua metodologia, que combinava rigor científico com tradições milenares do Yoga, deixou um legado duradouro que continua a inspirar educadores e praticantes até os dias de hoje. Ignêz Novaes Romeu faleceu em 1994, mas seu impacto na Educação Física e no Yoga Científico no Brasil permanece vivo (Acervo Folha de São Paulo).

  • Da Índia para você: Yoga, Yoga. Esporte e Educação, São Paulo, ano III, n. 16, p. 22-23, jun./jul. [1971?].
  • Meireles, Silvia Martins. Homenagem pelo Centenário de Nascimento da Profa. Ignêz Novaes Romeu (1916 – 1994), 2016. Disponível em: https://www.Yogalonavla.com.br/fundadora.
  • Romeu, Ignêz Novaes. Yoga: Racionalização do Uso de Ásanas nos Programas de Treinamento Físico. Esporte e Educação, São Paulo, 1972.
  • Rodrigues, Marcos Rojo; Romeu, Ignêz Novaes. Contribuição e importância das práticas do Yoga para os portadores de problemas de coluna. Anais da Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, 1986.
  • Silva, Ricardo Henrique Marques da. A jornada da professora Ignêz Novaes Romeu e a trajetória do Yoga Científico na Universidade de São Paulo. Relatório Final do Projeto de Iniciação Científica – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2024.