Igreja Ortodoxa Tcheca e Eslovaca
Igreja Ortodoxa das Terras Tchecas e da Eslováquia | |
Catedral de Alexandre Nevsky em Prešov. | |
Fundador | São Cirilo e Metódio (863) |
Independência | 1923 (Autonomia) 1951 (Autocefalia) |
Reconhecimento | 1951 (do Patriarcado de Moscou)
1998 (do Patriarcado de Constantinopla) |
Primaz | Metropolita Rastislau |
Sede Primaz | Praga, Chéquia Prešov, Eslováquia |
Território | Chéquia Eslováquia |
Posses | Nenhuma |
Língua | Eslavo eclesiástico |
Adeptos | 100 mil [1] |
Site | Site oficial na Tchéquia (em tcheco) Site oficial na Eslováquia (em eslovaco) |
A Igreja Ortodoxa das Terras Tchecas e da Eslováquia (em tcheco/checo: Pravoslavná církev v českých zemích a na Slovensku, em eslovaco: Pravoslávna cirkev v českých krajinách a na Slovensku) é uma jurisdição autocéfala da Igreja Ortodoxa surgida na Tchecoslováquia e hoje reunindo os países originados da dissolução da mesma, isto é, a Tchéquia (Chéquia) e a Eslováquia.
História
[editar | editar código-fonte]A história do cristianismo de rito bizantino na região começa no século IX, com a missão de cristianização dos eslavos empreendida pelos irmãos gregos São Cirilo e Metódio iniciando-se na Grande Morávia, cujo território hoje corresponde à Tchéquia e à Eslováquia, sob o poderoso Duque Rastislau da Morávia, desde 1994 glorificado como santo da Igreja Ortodoxa.[2][3] São Rastislau incentivou e supervisionou o trabalho, que seria apenas interrompido após sua deposição e exílio por Esvatopluque I. O antigo líder morávio seria cegado e morto por Carlomano da Baviera, enquanto Esvatopluque perseguiria os missionários.
Com Esvatopluque no poder e Rastislau exilado, São Metódio e seus discípulos seria presos, só sendo soltos com a intervenção do Papa João VIII, provavelmente em um movimento de agrado ao clero alemão que se opunha à condução da liturgia na língua eslava eclesiástica.[4][5] Em 866, no entanto, passada a morte de ambos, os discípulos de São Metódio foram escravizados, presos ou expulsos para a atual Bulgária, onde persistiram na missão de cristianização dos povos eslavos sob liderança de Santos Clemente de Ócrida e Naum de Preslav.[6] Como resultado, a Morávia se tornaria cristã latina, desvinculando-se do cristianismo oriental e conduzindo seus ofícios em latim. Fatalmente, após o Grande Cisma, tornou-se uma nação católica romana.
O cristianismo ortodoxo permaneceu como fé minoritária na Eslováquia mesmo após o Grande Cisma entre rutenos até que a União de Uzhhorod, em 1646, levou-os a formar a Igreja Católica Bizantina Eslovaca. Após a fundação da Tchecoslováquia em 1918, no entanto, deu-se um expressivo movimento de sacerdotes e fiéis católicos romanos, especialmente greco-católicos, convertendo-se à ortodoxia. Em 1921, um dos líderes deste movimento, o Padre Matej Pavlik, foi ordenado Bispo de Belgrado em 1921 pela Igreja Ortodoxa Sérvia, assumindo funções como Bispo Gorasdo. Em 1923, o Patriarcado de Constantinopla concedeu autonomia à jurisdição.[7]
Durante a ocupação alemã da Checoslováquia, Gorasdo foi martirizado por tropas alemãs junto de grande parte de seu clero por ter prestado socorro a partisans que haviam assassinado Reinhard Heydrich.[3] Um total de 256 clérigos e leigos seriam mortos, e a Ortodoxia seria temporariamente proibida na Boêmia e na Morávia. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, mesmo sem o Bispo Primaz, houve um reavivamento da fé ortodoxa na região, respondido em 1951 pela Igreja Ortodoxa Russa com o reconhecimento da autocefalia da Igreja, gesto apenas repetido pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla em 1998, que até então reconhecia a Igreja como autônoma dentro de sua própria jurisdição.[3][8]
Organização
[editar | editar código-fonte]Depois da dissolução da Tchecoslováquia em 1993, a Igreja se dividiu juridicamente em duas entidades: a Igreja Ortodoxa das Terras Tchecas e a Igreja Ortodoxa na Eslováquia, mas manteve unidade canônica como uma única instituição.
Seu atual Primaz é Rastislau de Prešov (nascido Ondrej Gont), eleito em 2014 após o Santo Sínodo remover Simeão de Olomouc e Brno da posição de lugar-tenente, decisão lamentada por Bartolomeu I de Constantinopla.[9] Simeão havia sido posto nesta posição após a deposição de Krystof de Prešov por escândalos sexuais.[10]
A Igreja se organiza nas seguintes instituições:
- Arquidiocese de Prešov e da Eslováquia;
- Arquidiocese de Praga e das Terras Tchecas;
- Diocese de Olomouc e Brno;
- Diocese de Michalovce e Košice;
- Diocese de Beroun, Vicariato de Praga;
- Diocese de Komárno, Vicariato de Prešov.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «CNEWA - Orthodox Church of the Czech Lands and Slovakia». Consultado em 3 de setembro de 2015. Arquivado do original em 28 de fevereiro de 2007
- ↑ Maříková-Kubková, Jana. «7». The Slavs, Great Moravia and Us: Canonisation of Prince Rastislav. [S.l.]: Academia.edu. p. 75. Consultado em 31 de outubro de 2013
- ↑ a b c «When Did Today's Autocephalous Churches Come into Being?». Orthodox History (em inglês). 24 de maio de 2022. Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ Bartl 2002, p. 22.
- ↑ Barford 2001, p. 110.
- ↑ Wells, Colin (2006). Sailing from Byzantium: How a Lost Empire Shaped the World. New York: Bantam Dell. ISBN 9780553382730
- ↑ Ecclesia
- ↑ «Metropolitan Herman concludes Official Visit to the Orthodox Church of the Czech Lands and Slovakia». Orthodox Church in America. 11 de outubro de 2004. Consultado em 25 de agosto de 2014
- ↑ Pravoslavná Církev v Českých Zemích a na Slovensku
- ↑ «Prague Daily Monitor». Consultado em 3 de setembro de 2015. Arquivado do original em 1 de fevereiro de 2014