Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares
Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares | |
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Interior do templo em 2019, com sua ornamentação em ouro de 24 quilates. | |
Tipo | igreja |
Estilo dominante | Barroco Rococó |
Arquiteto(a) | Antônio Fernandes de Matos |
Início da construção | ±1710 |
Fim da construção | ±1780 |
Religião | Católica |
Diocese | Olinda e Recife |
Geografia | |
País | Brasil |
Localização | Recife |
Região | Pernambuco |
Coordenadas | 8° 03′ 52″ S, 34° 52′ 49″ O |
Localização em mapa dinâmico | |
Notas: Passou por uma importante restauração entre 2017 e 2021. |
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares é um templo católico localizado na cidade do Recife, capital do estado brasileiro de Pernambuco.[1]
Foi definida pelo historiador de arte francês Germain Bazin, após visita ao Brasil, como a "capela sistina" do barroco-rococó.[2]
História
[editar | editar código-fonte]Por perda dos documentos mais antigos da irmandade as informações desta igreja são escassas.[3]
De acordo com os registros históricos, os militares do Terço da vila de Santo Antônio do Recife (oficiais, sargentos e praças dos Corpos de Fuzilamento e Cavalaria), no dia 19 de março de 1725, solicitaram a criação de uma Irmandade dos Militares, bem como a construção de uma igreja que fosse sua, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Há indícios, porém, de que a edificação do templo foi iniciada antes disso, no ano de 1710, com obras encerradas em 1771.[1][4] A decoração do templo, por sua vez, foi concluída na década de 1780, quando, em 1781, pintou-se no forro do subcoro uma representação da primeira Batalha dos Guararapes.[5]
De autoria do "mascate" Antônio Fernandes de Matos e do engenheiro Diogo da Silveira Veloso, a igreja tem fachada severa, que contrasta com seu interior profusamente ornamentado com ouro de 24 quilates. O douramento dos altares laterais, do arco-cruzeiro e da capela-mor foi executado por Francisco Dornelas Munduri, e o douramento da talha do forro da nave, por Bernardo Luís Ferreira. O magnífico painel central é atribuído a José Rebelo de Vasconcelos (algumas fontes apontam João de Deus Sepúlveda como autor da pintura).[3] Sem adro na frente, o templo pode passar despercebido apesar de sua cantaria pesada com uma só torre e frontão rococó. A talha barroca toma conta de todas as paredes, incluindo a abóbada em barrete de padre na capela-mor. Havia um silhar de azulejos nas paredes laterais, perdido por completo devido à falta de manutenção e conservação. Sob o forro do coro há uma pintura realizada por ordem do governador José César de Meneses, e atribuída a João de Deus Sepúlveda, que descreve a Batalha dos Guararapes, associando a Conceição dos Militares à crença da proteção mariana aos militares luso-brasileiros na Insurreição Pernambucana (1645–1654). A pintura central da Virgem é atribuída a José Rabelo Gonçalves.[1]
Com a saída dos holandeses na Insurreição Pernambucana, Pernambuco e Bahia iniciaram uma disputa de demonstração de poder e inúmeras construções religiosas foram executadas. E é neste momento que a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares é construída. Na mesma época construiram-se a Madre de Deus, a Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo, ampliação do convento dos franciscanos e a Concatedral de São Pedro dos Clérigos.[6]
Estrutura
[editar | editar código-fonte]Construída em uma única nave, sacristia e capela-mor. Dois corredores que se conectam com a fachada. Um consistório na parte superior e têm o primeiro pavimento ligado ao térreo por uma torre ornada desde a base com porta e uma janela na altura do coro, óculo e janela sineira superior. Tem seu frontão bem mais simples que o interior, pintado de branco e com desenhos estriados em volutas e uma cruz no parte mais alta.[6]
Representação mestiça
[editar | editar código-fonte]Houve, no século XVII uma movimentação artística para inserir no visual tridentino os traços mestiços da nossa população brasileira. Representações de pardos, negros e até da Virgem Maria de pele mais escura foram executadas. Dois medalhões pintados no forro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares é um exemplo.[7]
Pintados pelo pardo João de Deus Sepúlveda em meados de 1777 trazem exemplos dessas caracteristicas mestiças inseridas na arte tridentina. Era comum a inserção de personagens mestiços nos motivos hagiográficos. Encontra-se no medalhão central uma típica representação de Nossa Senhora da Conceição arrodeadas de anjinhos. Mas é possível ver, ao lado esquerdo da imagem, um anjo com a pele significativamente mais escura que os demais. Já no medalhão secundário a representação não é tão tímica. Podemos ver Jesus ainda no ventre de Nossa Senhora e ao seu lado, um anjo mulato segurando um emblema jesuíta. E em ambas representações podemos notar nos cabelos crespos e traços mestiços em Nossa Senhora.[7]
Restauração
[editar | editar código-fonte]Em uma minuciosa obra de restauração iniciada em 2017, foram recuperados o douramento e as pinturas de todo o templo.[8][9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes
- Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio
- Capela Dourada
- Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo (Recife)
- Concatedral de São Pedro dos Clérigos
- Igreja Madre de Deus
- Centro Histórico do Recife
- Barroco no Brasil
- Arquitetura colonial do Brasil
Referências
- ↑ a b c «Igreja Nossa Senhora da Conceição dos Militares». Acervo Digital da Unesp. Consultado em 9 de março de 2017
- ↑ «Obra vai resgatar pintura original da Igreja Conceição dos Militares». Jornal do Commercio. Consultado em 15 de janeiro de 2020
- ↑ a b Moura Filha, Maria Berthilde. «Artistas e artífices a serviço das irmandades religiosas do Recife nos séculos XVIII e XIX» (PDF). Consultado em 7 de julho de 2021
- ↑ «Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares». Sanctuaria.art. Consultado em 10 de maio de 2020
- ↑ Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares. «História». Consultado em 25 de junho de 2021
- ↑ a b Guerra, Fernando (2005). «A euforia das reconstruções apóes 1654» (PDF). Clio Arqueológica N°19 - Vol. 2. Consultado em 7 de julho de 2021
- ↑ a b Paiva, Eduardo França; Amantino, Marcia. «Escravidão, mestiçagens, ambientes, paisagens e espaços» (PDF). A Construção de uma identidade visual mestiça no Nordeste Brasileiro. 2011. Consultado em 7 de julho de 2021
- ↑ «Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares passa por restauração». G1. Consultado em 13 de dezembro de 2019
- ↑ «Arte barroca-rococó está de volta à Igreja Conceição dos Militares». Jornal do Commercio. Consultado em 13 de dezembro de 2019