Saltar para o conteúdo

Iria Corrêa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Iria Corrêa
Nascimento 20 de outubro de 1839
Paranaguá, Brasil
Morte 14 de março de 1887
Paranaguá, Brasil
Nacionalidade brasileira
Ocupação Pintora

Iria Corrêa (Paranaguá, 20 de outubro de 1839 - 14 de março de 1887) foi uma pintora e professora brasileira, pioneira das artes plásticas no Paraná.[1] Iria Corrêa foi a primeira mulher a atuar profissionalmente como artista no Paraná.[2] E ela foi, segundo relatos, uma das primeiras mulheres paranaenses a subir em um palanque para fazer discursos políticos em público.[1]

Contemporânea de figuras como Julia da Costa e Fernando Amaro,[3] ela é reconhecida como uma das mulheres mais instruídas de seu tempo, e uma das figuras mais cultas de Paranaguá da época.[4] Fez carreira na metade do século XIX com naturezas-mortas e retratos de personalidades paranaenses.[5]

Primeiros anos e formação

[editar | editar código-fonte]

Nascida em uma família tradicional parnanguara,[6] no litoral do Paraná. Segunda filha de nove irmãos,[7] cresceu em um ambiente privilegiado, que lhe proporcionou uma educação de destaque para a época. Seu pai era o General Joaquim Cândido Correia e sua mãe, Damiana Corrêa.

Naquele período, a elite econômica de Paranaguá buscava adotar costumes da burguesia europeia para se diferenciar do restante da população. Esses hábitos culturais eram transmitidos de diversas maneiras, desde a interação com estrangeiros até a circulação de publicações nacionais e internacionais, além da educação das mulheres. Dessa forma, a formação das mulheres da elite passou a ser feita, em grande parte, por educadoras estrangeiras, que introduziam novos padrões de comportamento e conhecimentos artísticos às jovens.

Aos 10 anos, foi matriculada no Colégio Particular Feminino James,[8] administrado pelas britânicas Jéssica e Willie James, mãe e filha. Lá, demonstrou grande talento nas aulas de música e pintura. A escola, além das disciplinas tradicionais, oferecia um currículo que incluía dança, desenho e bordado, o que incentivou Iria a desenvolver seu potencial artístico desde cedo. Também estudou, por volta dos 16 anos, em um colégio dirigido pela francesa Madame Taulois, onde recebeu uma educação refinada em música, canto, bordado, desenho e pintura.

Carreira Artística

[editar | editar código-fonte]

Ainda na adolescência, com o incentivo de sua professora Jéssica James, Iria começou a pintar suas primeiras obras, que consistiam principalmente em naturezas-mortas, temas religiosos e miniaturas. Posteriormente, passou a se dedicar também aos retratos, tendo como modelos figuras importantes da sociedade paranaense, como seu avô, o coronel Correia Velho, e a família do Visconde de Nácar.

Um momento marcante em sua carreira foi a participação na Exposição Provincial do Paraná,[1] realizada em Curitiba entre junho e agosto de 1866, onde exibiu cerca de 20 obras (dentre estes, retratos, natureza-morta e os de temas religiosos, nas técnicas de pintura a óleo, guache, aquarela e desenhos em lápis crayon e pastel) ao lado de grandes nomes da pintura nacional, sendo a única pintora mulher na exposição. Assim, consolidou seu espaço no cenário artístico da época.

Iria foi uma pioneira em uma época em que as mulheres eram praticamente invisíveis no mercado de trabalho, especialmente nas artes. Ela se dedicou profissionalmente à pintura, recebendo encomendas e dando aulas.[5] As aulas eram ministradas na própria casa de Íria Correia onde suas alunas desenvolviam seus dons artísticos pintando louças, leques e pequenas telas em aquarela. O temperamento calmo e delicado lhe contribuía um número considerável de alunas.

Iria, assim como suas irmãs, nunca se casou. Os proventos financeiros assegurados pelo seu pai garantia que toda a família pudesse viver junta em um único casarão as beiras do rio Itiberê. E após a morte de seu pai, chegou a sustentar sua família[9] com seu trabalho como artista, algo notável para uma mulher no século XIX. Através das aulas particulares que já ministrava e a pintura de retratos encomendados pela aristocracia parnanguara, Iria conseguia uma boa remuneração, suficiente para prover para ela, a mãe, e irmãs.

Considerada a primeira mulher a seguir uma carreira profissional na pintura no Paraná, Iria produziu obras em diferentes técnicas, como crayon, pastel, aquarela e óleo, com temas que variavam entre imagens de santos, paisagens, naturezas-mortas e retratos.

Embora tenha vivido toda sua vida em Paranaguá,[1] sem jamais ter visitado grandes centros artísticos ou museus renomados, Iria conseguiu superar as limitações impostas à época às mulheres na esfera artística. Com seu destaque, ela abriu caminho para futuras artistas.

Apesar de, muitas vezes, seu nome ser menos lembrado em comparação com outros artistas paranaenses como Alfredo Andersen e Guido Viaro, ela ocupa um lugar de destaque na história das artes no Paraná.

Seu legado é crucial para a compreensão do desenvolvimento das artes plásticas no estado, sendo reconhecida como a precursora deste movimento. Como destacado por críticos e historiadores,[10] o nome de Iria Corrêa merece ser celebrado como uma das figuras pioneiras da arte no Paraná, especialmente pelo seu papel em uma época em que o cenário artístico ainda estava em formação.

Iria faleceu aos 48 anos, em 14 de março de 1887, ainda em sua cidade natal. A causa mortis de Íria Correia é controversa, em alguns artigos pesquisados citam a sua morte foi de febre perniciosa e em outros que ela foi acometida por uma depressão profunda, causada pelo falecimento do pai, o que ocasionou um quadro de imunodeficiência levando a sua morte.

Exposições recentes

[editar | editar código-fonte]

Suas obras foram expostas recentemente em:

  • MUPA, Museu paranaense[11]
  • MASP, Museu de Arte de São Paulo[1]

Referências

  1. a b c d e Moser, Sandro. «Quem é Iria Correia, a pioneira da pintura no Paraná que integra mostra do MASP?». Gazeta do Povo. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 7 de outubro de 2019 
  2. «MUPA Minuto: Iria Corrêa». Paraná Cultura. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 28 de novembro de 2023 
  3. «Mostra sobre a vida de Iria Corrêa é uma das atrações no Museu Paranaense, em Curitiba | Agência Estadual de Notícias». www.aen.pr.gov.br. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2024 
  4. «Mostra "Em foco: Iria Corrêa" no Museu Paranaense». 29 de março de 2019. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 2 de novembro de 2022 
  5. a b «Precursora das artes visuais no Paraná ganha exposição no Museu Paranaense». Museu Paranaense. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 24 de abril de 2024 
  6. «Exposição Em foco: Iria Corrêa | Folder by museuparanaense - Issuu». issuu.com (em inglês). 21 de março de 2019. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2023 
  7. «Mostra sobre Iria Corrêa é inaugurada nesta quarta-feira no Museu Paranaense, em Curitiba | Agência Estadual de Notícias». www.aen.pr.gov.br. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2024 
  8. Silvério da Silva, Almir (22 de outubro de 2022). «IRIA CÂNDIDA CORRÊA, A PRECURSORA DA ARTE PARANAENSE». Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 22 de outubro de 2022 
  9. Schmaedecke, Ingrid. «Em Foco: Iria Corrêa». ischmaedecke.com (em inglês). Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024 
  10. «Precursora das artes visuais ganha exposição no Museu Paranaense». Agência Estadual de Notícias. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 26 de setembro de 2024 
  11. «Exposição Iria Corrêa | Museu Paranaense». www.museuparanaense.pr.gov.br. Consultado em 26 de setembro de 2024. Cópia arquivada em 18 de maio de 2021