Irredentismo
Irredentismo é a aspiração de um povo a completar a própria unidade territorial nacional, anexando terras sujeitas ao domínio estrangeiro ("terras irredentas") com base em teorias de uma identidade étnica ou de uma precedente posse histórica, verdadeira ou suposta.
O termo "terras irredentas" (em língua italiana, terre irredente), isto é, não redimidas, foi utilizada a primeira vez pelo político nacionalista italiano, Matteo Renato Imbriani, em 1877, no funeral de seu pai, Paolo Emilio Imbriani. Portanto, diz respeito a povos que, vivendo em uma terra sujeita à soberania de certo Estado, desejam separar-se deste para fazer parte do estado do qual sentem a paternidade e a origem, ou constituir um estado nacional separado.
Nem sempre as disputas territoriais são irredentistas, mas frequentemente as vêm colocadas para buscar o apoio internacional e da opinião pública.
Algumas questões irredentistas
[editar | editar código-fonte]Entre as principais questões irredentistas estão as seguintes.
Relacionadas com a constituição de novos estados nacionais
[editar | editar código-fonte]- A questão de Bengala Oriental, resolvida com a separação do Paquistão e a constituição de Bangladexe em 10 de março de 1971;
- A questão da Palestina, baseada na Resolução 181 de 29 de novembro de 1947 da Assembleia Geral da ONU, que previa criação contextual do Estado de Israel e de um Estado árabe-palestino;
Relacionadas com aquisição de "terras irredentas"
[editar | editar código-fonte]- A reivindicação[1] das Ilhas Malvinas (Falkland) por parte da Argentina;
- As reivindicações alemãs, anteriores à Primeira Guerra Mundial, sobre a Alsácia e Lorena, mais aquelas durante a era nazista sobre áreas da Polônia, da Lituânia, e sobre os Sudetos da Checoslováquia.
- As reivindicações Sionistas[2] sobre territórios da Palestina histórica.
- As reivindicações da Bolívia sobre a região costeira do Chile, anexada por este depois da Guerra do Pacífico (1879-1884).
- As pretensões eslovenas sobre territórios da Itália, Áustria e Hungria.
- As reivindicações dos muçulmanos paquistaneses sobre território de Caxemira, que é dividido entre Paquistão e Índia.
- As reivindicações da Hungria, segundo a qual o Felvidék (parte meridional da Eslováquia), a Transilvânia, e Croácia e algumas outras partes da Áustria, Ucrânia, Romênia, Iugoslávia e Eslovênia lhe pertencem.
- As reivindicações da Sérvia sobre grandes áreas da Bósnia e Herzegovina e da Croácia.
- As reivindicações da Finlândia, no período entre as duas guerras mundiais, segundo a qual à Carélia Oriental, com base no Tratado de Tartu, foi garantida uma autonomia cultural e política, violada pela União Soviética. Hoje a questão da Carélia está ressurgindo, ainda que evitada pelo governo.
- As reivindicações da Índia sobre aquilo que é conhecido como Akhand Bharat, que inclui Afeganistão, Paquistão, Nepal, Butão, Sri Lanka, e Bangladesh. Este território é conhecido como a pátria histórica dos hindus, muito antes da repartição colonial e da conversão de parte dos hindus ao islamismo.
- As reivindicações de Portugal sobre Olivença, ocupada por Espanha desde 1807 na sequência da Guerra Peninsular durante as invasões napoleónicas. Embora Espanha reconheça o Tratado de Paris de 1814 e tenha acatado às resoluções do Congresso de Viena, que a devolviam à coroa portuguesa, mantêm a ocupação, ilegal à luz do direito internacional.
- A integração da Galiza ao território português, baseada na suposta unidade linguística (ver reintegracionismo).
- As reivindicações de Espanha sobre Gibraltar que é um território ultramarino britânico no extremo Sul da Península Ibérica, baseada no facto de Gibraltar já ter sido espanhol.
- As reivindicações de Marrocos sobre Ceuta e Melilha, bem como outras ilhas do norte de África, que estão sobre o domínio de Espanha.
- As reivindicações da Venezuela[3] sobre a Guiana Essequiba, baseada no facto de anteriormente ter sido parte da Capitania-Geral da Venezuela, distrito administrativo colonial do Império Espanhol.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Argentinian firebrand Javier Milei is right about one thing: British sovereignty of the Falklands must end». The Guardian. amp.theguardian.com. Consultado em 13 de dezembro de 2023
- ↑ Senkman, Leonardo (2019). «Irredentismo, descolonización y sionismo palestino: indagaciones preliminares». Araucaria (42): 209–242. ISSN 1575-6823. doi:10.12795/araucaria.2019.i42.10
- ↑ «Guyana-Venezuela tensions over Essequibo will escalate». Emerald Expert Briefings. 10 de fevereiro de 2021. doi:10.1108/oxan-db259418