Júlio Bernardo
Júlio Bernardo | |
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Nascimento | 16 de março de 1916 Ferragudo, Lagoa |
Morte | 15 de junho de 2013 (97 anos) Portimão |
Nacionalidade | Portugal |
Principais trabalhos | Há Peixe no Cais |
Área | Pintura, fotografia e cinema |
Júlio Bernardo (Ferragudo, Lagoa, 16 de Março de 1916 - Portimão, 15 de Junho de 2013) foi um pintor, fotógrafo e cineasta português.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e formação
[editar | editar código-fonte]Júlio Bernardo nasceu na localidade de Ferragudo, no concelho de Lagoa, no Algarve, em 16 de Março de 1916.[1][2]
Foi para Portimão aos oito anos de idade, tendo feito naquela cidade a instrução primária e frequentado o colégio particular do professor José Negrão Buisel.[1] No entanto, quando estava no terceiro ano do liceu, o professor Buisel foi preso devido às suas tendências anarquistas, interrompendo os seus estudos, que Júlio Bernardo nunca chegou a concluir.[1] Em vez disso, tornou-se um autodidacta, tendo-se interessado por vários campos artísticos, incluindo a literatura, a pintura e o cinema.[1][2]
Carreira profissional e artística
[editar | editar código-fonte]A principal profissão de Júlio Bernardo foi de comerciante, trabalhando na Casa das Luzes, em Portimão, que pertencia ao pai, e onde esteve até à sua reforma.[1][3]
Já durante a sua formação se tinha revelado o seu talento para o desenho, especialmente nos retratos a carvão.[1] Dedicou-se à pintura a óleo e à escultura, tendo apresentado a sua primeira exposição individual em 1944, no Casino da Praia da Rocha.[1] Fez depois em várias exposições, tendo algumas das suas obras sido colocadas em colecções particulares em Portugal e no estrangeiro, como no Reino Unido, na Alemanha e nos Estados Unidos da América.[1]
Nos princípios da Década de 1950, foi o autor do cartaz publicitário para o primeiro cortejo do Carnaval de Portimão.[1][3]Também criou cartazes e autocolantes alusivos à Revolução de 25 de Abril de 1974, e desenhou as flâmulas para o Clube Naval de Portimão e para o agrupamento Os Amigos de Portimão[1]
Destacou-se principalmente na arte da fotografia, tanto a cores como a preto e branco, tendo recebido vários prémios em Portugal e no estrangeiro.[1] Foi premiado no Salão Nacional Fotográfico das Telecomunicações em 1956, no II Concurso de Motivos Algarvios na Casa do Algarve em 1960, e o Festival do Algarve - Salão de Fotografias sobre o Algarve em 1970.[1] Entre 1991 e 1992 ensinou um curso de fotografia no Centro de Língua, Cultura e Comunicação, que foi concluído com uma exposição das obras dos alunos e de curtas metragens de Júlio Bernardo.[1] Publicou um livro, Algarve a Gente e o Mar, em 2002, onde expôs fotografias e pinturas de sua autoria sobre a região do Algarve.[1] Trabalhou como fotógrafo publicitário para uma empresa turística de Londres, para a qual também executou uma pintura mural na sede e fez três filmes publicitários a cores.[1] Parte da obra fotográfica de Júlio Bernardo foi exposta no museu de Portimão.[1]
Entre 1960 e 1984, foi responsável por mais de trinta filmes de 8 mm e 16 mm, que foram por várias vezes premiados em certames portugueses e estrangeiros.[1] Em 2 de Fevereiro de 1964, o seu filme Praia da Rocha foi mostrado na Casa do Algarve em Lisboa, no âmbito de uma conferência do advogado Serafim Maurício Monteiro.[1] A sua principal obra foi o filme Há Peixe no Cais.[1][2]
Em 1966, ficou em primeiro lugar no III Concurso da Casa do Algarve, e no ano seguinte recebeu o segundo Prémio Internacional de Cinema Amador de Coimbra, o segundo prémio no 1.º Festival do Cinema Amador de Guimarães, e o terceiro prémio do Conselho Nacional do Clube Português de Cinema Amador.[1] Em 1968 participou no Festival de Cinema da Universidade do Porto, onde foi premiado com a insígnia de Ouro da Queima das Fitas, e em 1970 recebeu o primeiro prémio no Festival Internacional de La Montagne.[1] Foi igualmente premiado com o Troféu de Ouro para o melhor documentário no 1.º Festival de Cinema de Amadores de Aveiro.[1]
Destacou-se igualmente como músico, tendo tocado violino e bandolim.[1] Colaborava nas marchas populares e festas dos clubes de Portimão, e participou em vários concursos de dança de salão, tendo recebido vários prémios na dança da valsa e do corridinho.[1] Também criou cenários para peças de teatro amador.[1]
Falecimento
[editar | editar código-fonte]Faleceu na cidade de Portimão, em 15 de Junho de 2013.[1][4]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Em 1967, Júlio Bernardo foi homenageado pela associação Os Amigos de Portimão e pela Câmara Municipal de Portimão, tendo sido também nessa altura organizado uma exposição de obras suas no Clube Fraternidade e no Clube Boa Esperança - Atlético Clube Portimonense.[1]
No princípio da década de 1990, o seu nome foi colocado na sala de exposições da Associação Cultural e Desportiva de Ferragudo.[1][5]
Foi homenagado pela Câmara Municipal de Portimão com a exposição Uma Cidade Dois Fotógrafos, que também recordou o fotógrafo Francisco Oliveira, apresentada em Dezembro de 2011 no Museu de Portimão.[1][6] A autarquia também o nomeou Cidadão de Mérito Municipal, pelos seus esforços para o progresso do concelho de Portimão, em 1992. [1][2]
Em 2018, a editora Platibanda lançou o livro Um Algarve com Sentidos, no qual é homenageado por Carlos Alberto Osório. [7]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad Marreiros, Glória (2015). Algarvios pelo Coração - Algarvios por Nascimento. Lisboa: Edições Colibri. ISBN 9789896895198
- ↑ a b c d Dias, Jorge Matos (17 de julho de 2013). «Município comunica o falecimento do artista Júlio Bernardo». PlanetAlgarve. Consultado em 6 de outubro de 2021
- ↑ a b Rodrigues, Elisabete (16 de julho de 2013). «Morreu o fotógrafo Júlio Bernardo». Sul Informação. Consultado em 6 de outubro de 2021
- ↑ Rodrigues, Elisabete (16 de julho de 2013). «Morreu o fotógrafo Júlio Bernardo». Sul Informação. Consultado em 6 de outubro de 2021
- ↑ «ACD FERRAGUDO COMEMORA 40º ANIVERSÁRIO». A voz do Algarve. Consultado em 6 de outubro de 2021
- ↑ Rodrigues, Elisabete (13 de dezembro de 2011). «Museu de Portimão abre exposição «Uma cidade, 2 fotógrafos»». Sul Informação. Consultado em 6 de outubro de 2021
- ↑ barlavento (6 de dezembro de 2018). ««Um Algarve com Sentidos» homenageia Júlio Bernardo e marca a estreia da Platibanda Editora». Barlavento. Consultado em 6 de outubro de 2021