João Baptista Ribeiro
João Baptista Ribeiro | |
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Nascimento | 5 de abril de 1790 Arroios |
Morte | 24 de julho de 1868 (78 anos) Porto |
Sepultamento | Cemitério do Prado do Repouso |
Cidadania | Reino de Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | pintor |
Assinatura | |
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João Baptista Ribeiro (Arroios, Vila Real, 5 de abril de 1790 — Santo Ildefonso, Porto, 24 de julho de 1868) foi um pintor, desenhador, gravador, lente de Desenho e director da Academia Politécnica do Porto. Dedicou-se também à litografia e, mais tarde, também experimentou o daguerreótipo, a primeira forma de reprodução da imagem fotográfica.[1]
Biografia[editar | editar código-fonte]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/31/Auto-retrato_de_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro.png/214px-Auto-retrato_de_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro.png)
João Baptista Ribeiro nasceu em Arroios, junto à Ponte de Santa Margarida, em Vila Real, a 5 de abril de 1790. De descendência, em parte, africana, foi filho de António José Ribeiro, natural de Sabroso de Aguiar e de Isabel Maria, natural de Andrães.[2] Aprendeu as primeiras letras no Convento de São Francisco, pouco distante do Bairro dos Ferreiros, onde habitava.
Cedo se tornou evidente a sua vocação artística, revelando uma natural apetência pelo desenho. Nas paredes da sua aldeia fazia desenhos a carvão, que chamaram a atenção tanto do Arcebispo de Braga, Frei Caetano Brandão, como do Morgado de Mateus, ilustres personagens empenhadas, mas sem sucesso, em proporcionar-lhe a educação mais adequada, pois só a 21 de março de 1802 foi entregue aos cuidados do Dr. Frei Jacinto de Sousa.
Nesta altura, a sua família afetiva passou a ser a de D. Albina Emília, senhora que dele cuidou, correspondendo-se regularmente com o irmão, Luís José Ribeiro, Barão de Palma, e os sobrinhos, Luís, Sebastião e Maria da Glória, moradores em Lisboa.
Iniciou a sua aprendizagem no Porto. A 20 de maio de 1803, inscreveu-se na Aula de Debuxo e Desenho da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, a instituição mais marcante da cidade, sendo aluno de Domingos Vieira, lente substituto da Aula de Desenho, e do seu filho Francisco Vieira, o Portuense, proprietário da cadeira.
Entre 1803 e 1810, foi aluno de José Teixeira Barreto e de Raimundo Joaquim da Costa, na Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio do Porto. Vieira Portuense, o nome mais sonante, pouco lhe terá ensinado, pois faleceu em 1805. Pelo contrário, muito aproveitou com Domingos Sequeira, que teve como professor na mesma Aula de Desenho a partir de 1806 e que o acompanhou até ao final do curso, declarando-o o seu discípulo favorito.
As primeiras obras da sua autoria de que há notícia são as decorações ("painéis de cola") que realizou, em 1808, para as festividades em ação de graças à Restauração de Portugal, celebradas na Igreja Matriz de Vila Nova de Gaia, como consta na "Descripção Topographica de Villa Nova de Gaya", de João Monteiro Azevedo. E duas aguarelas, destinadas à Real Companhia Velha (1810), representando a destruição do Cachão da Valeira do rio Douro, em São João da Pesqueira.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/77/Miguel_-_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro_%281790_-_1868%29.jpg/202px-Miguel_-_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro_%281790_-_1868%29.jpg)
Terminada a formação artística, com 21 anos, foi nomeado lente substituto da Aula de Desenho da Academia Real de Marinha e Comércio (1811-1813), no lugar de Raimundo Joaquim da Costa que, por morte de José Teixeira Barreto, ascendera a Lente.
Entre 1836 e 1837 foi nomeado Diretor das três Academias de ensino superior do Porto. Iniciou o seu percurso na Academia Real de Marinha e Comércio, passou, depois, por um curto lapso de tempo, pela Academia Portuense de Belas-Artes vindo a fixar-se na Academia Politécnica do Porto, onde permaneceu até se jubilar em 1853, embora continuando a lecionar a cadeira de Desenho quase até ao final da sua vida, até 1866.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/18/D._Pedro%2C_Duque_de_Bragan%C3%A7a_-_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro%2C_1833_%28Biblioteca_P%C3%BAblica_Municipal_do_Porto%29.png/220px-D._Pedro%2C_Duque_de_Bragan%C3%A7a_-_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro%2C_1833_%28Biblioteca_P%C3%BAblica_Municipal_do_Porto%29.png)
Durante o Cerco do Porto, este "miguelista por convivência e liberal por convicção", foi chamado por várias vezes ao Paço, por D. Pedro IV, para lhe fazer o retrato ou para ser ouvido sobre as orientações a dar a um futuro museu, de cuja organização fora incumbido. Do monarca, que frequentava a sua casa, recebeu um prelo litográfico e conseguiu a dispensa do serviço militar. Com a sua arte representou o Desembarque do Mindelo, as baterias do Covelo, do Monte Pedral e dos Congregados.
Como agente cultural na cidade teve uma importante intervenção. Organizou academias, museus, associações e coordenou a recolha e reordenação do espólio dos conventos abandonados e das casas confiscadas aos rebeldes absolutistas.
Esta missão tinha-lhe sido ordenada pelo rei. Foi com esse espólio, guardado na Academia, que se constituiu o primeiro museu público português: o Museu de Pinturas e Estampas, que mais tarde seria transformado no Museu Nacional de Soares dos Reis. Por decreto de D. Maria II, de 1836, foi nomeado diretor do Museu. Deixa o museu portuense em 1839 já instalado no Convento de Santo António da Cidade, onde ocupava uma galeria e uma sala de grandes dimensões. Abriu ao público em 1840, sob a proteção da Academia Portuense de Belas-Artes. Como pintor estimado na corte e Mestre de Desenho e Pintura das Senhoras Infantas, realizará um conjunto de retratos da Família Real, de que são interessantes documentos os desenhos preparatórios da colecção do Museu Nacional de Soares dos Reis.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/73/D._Carlota_Joaquina%2C_c._1820-30_-_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro_%28MNAA%2C_11_Min.%29.png/168px-D._Carlota_Joaquina%2C_c._1820-30_-_Jo%C3%A3o_Baptista_Ribeiro_%28MNAA%2C_11_Min.%29.png)
Depois das primeiras obras, a sua pintura centra-se essencialmente no retrato de grande dimensão e na pintura religiosa (grandes "panos de camarim" em Valongo, nos Congregados e os painéis para os retábulos de Massarelos, capelas das Almas e de São José das Taipas, já desaparecidos).
No retrato distinguem-se as obras encomendadas das realizadas mais livremente, como o seu auto-retrato (representado na Exposição Internacional de 1865 no Palácio de Cristal do Porto) e o retrato de seu pai, exemplos da sua mestria neste tipo de pintura. Entre outras obras, pintou, para a Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra, os retratos de D. João VI, D. Pedro IV, D. Maria II e D. Pedro V, e ainda um retrato de D. Miguel I. A miniatura proporcionou-lhe o fabrico em série das figuras do rei D. João VI e da rainha D. Carlota Joaquina, de burgueses, militares e auto-retratos. A litografia permitiu-lhe efetuar novas experiências, retratando entre outros Passos Manuel, Francisco de Almada e Mendonça e a cantora Teresa Távola. Mais tarde também experimentou o daguerreótipo, a primeira forma de reprodução da imagem fotográfica, e neste processo imortalizou Alexandre Herculano (1854). Será com o retrato deste escritor que o veremos estar presente na Exposição Universal de Paris de 1855.
Foi Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1824), Cavaleiro da Ordem de Cristo (1837) e Conselheiro de Estado (1853).
Ficou na história como político, pedagogo, museógrafo, pioneiro da fotografia e da litografia no Porto e, naturalmente, como pintor. Provavelmente não o mais ilustre dos pintores portuenses, mas aquele que, nas palavras de Flórido de Vasconcelos, "deve ser lembrado como um dos mais fecundos e ativos promotores das artes na cidade do Porto".[3][4][5]
João Baptista Ribeiro faleceu aos 78 anos, no número 524 da Rua de Santa Catarina (em cujo jardim instalara uma oficina litográfica e no muro externo fizera painéis de azulejo, homenageando Vieira Portuense, Domingos Sequeira e Teixeira Barreto), freguesia de Santo Ildefonso, na Baixa do Porto, às 4 horas da madrugada de 24 de julho de 1868, solteiro e sem filhos. Consta que fez testamento e encontra-se sepultado no Cemitério do Prado do Repouso, na mesma cidade.[6]
Notas
- ↑ Nota biográfica de João Baptista Ribeiro.
- ↑ «PT-ADVRL-PRQ-PVRL04-001-005_m0001.tiff - Livro de registo de baptismos - Arquivo Distrital de Vila Real - DigitArq». digitarq.advrl.arquivos.pt. Consultado em 18 de fevereiro de 2021
- ↑ «João Baptista Ribeiro (1790-1868)». CEPESE | CENTRO DE ESTUDOS DA POPULAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE. Consultado em 18 de fevereiro de 2021
- ↑ «U. Porto - Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto: João Baptista Ribeiro». sigarra.up.pt. Consultado em 18 de fevereiro de 2021
- ↑ «Ribeiro, João Baptista». www.matriznet.dgpc.pt. Consultado em 18 de fevereiro de 2021
- ↑ «PT-ADPRT-PRQ-PPRT12-003-0032_m0001.tif - Registos de óbitos -». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Consultado em 18 de fevereiro de 2021