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José Antônio dos Reis

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José Antônio dos Reis
Bispo da Igreja Católica
Bispo de Cuiabá
José Antônio dos Reis
Imagem de Dom José Antônio dos Reis no livro Noticia sobre a provincia de Matto Grosso seguida d'um roteiro da viagem da sua capital a São Paulo, obra de Joaquim Ferreira Moutinho. Imagem de 1869.
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Cuiabá
Nomeação 27 de agosto de 1831
Entrada solene 27 de novembro de 1833
Predecessor Frei José Maria de Macerata, O.F.M. Cap.[nota 1]
Sucessor Dom Carlos Luís d'Amour
Mandato 1832 - 1876
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 7 de abril de 1821
Nomeação episcopal 2 de julho de 1832
Ordenação episcopal 8 de dezembro de 1832
Catedral da Sé de São Paulo
por Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade
Dados pessoais
Nascimento São Paulo
10 de junho de 1798
Morte Cuiabá
11 de outubro de 1876 (78 anos)
Nacionalidade brasileiro
Habilitação académica Faculdade de Direito do Largo de São Francisco
Sepultado Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus
dados em catholic-hierarchy.org
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

José Antônio dos Reis (São Paulo, 10 de junho de 1798Cuiabá, 11 de outubro de 1876), foi um bibliotecário e prelado da Igreja Católica brasileiro, bispo de Cuiabá.

Cuidou da Biblioteca do Convento dos Franciscanos que foi anexada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a mais antiga da universidade e, por isso, é considerado o primeiro bibliotecário público de São Paulo. Fez também parte da primeira turma da Academia de 1828.[1]

Nascido em São Paulo, seus pais eram Francisco Mendes de Oliveira e Ana Maria Franca.[2] Era mulato, ficando cedo órfão, tendo uma infância e adolescência de grande pobreza, chegando a ficar sem roupa, sem comida e sem cama para dormir.[3][4] Acabou sendo apoiado por Dom Mateus de Abreu Pereira e, ainda jovem, foi nomeado sacristão da Catedral da Sé.[4]

Bibliotecário e padre

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Foi ordenado padre em 7 de abril de 1821.[5] Por ocasião da criação dos cursos jurídicos no Império, matriculou-se em 1828 no 1.º ano da Academia de São Paulo, formado bacharel em 1832. Durante seus estudos, visando se manter dignamente, trabalhou, além dos serviços religiosos, como fiscal da Câmara e como bibliotecário da Biblioteca Pública de São Paulo, onde fez um importante e minucioso trabalho de catálogo e categorização. Nessa mesma época, foi eleito para o Conselho Geral da Província de São Paulo.[6]

Sagração e coroação de d. Pedro II em 18 de julho de 1841, obra de François-René Moreaux de 1842. Dom José Antônio dos Reis é o primeiro prelado à esquerda, à direita do faldistório, atrás do sagrante do Imperador, Dom Romualdo Antônio de Seixas, Primaz do Brasil, de perfil. Óleo sobre tela, Museu Imperial.

Ainda estudante de Direito e bibliotecário, foi nomeado pela Regência Trina em nome do Imperador Dom Pedro II como bispo de Cuiabá, em 27 de agosto de 1831.[3][7] Foi enviada a apresentação à Santa Sé em 7 de janeiro de 1832 e o Papa Gregório XVI o confirmou em 2 de julho, sendo consagrado na Catedral da Sé, em 8 de dezembro do mesmo ano, por Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, bispo de São Paulo.[5][7]

Tomou posse da Diocese por meio de procuração ao cônego José da Silva Guimarães em 2 de junho de 1833. Por conta de sua nova função, demitiu-se da Biblioteca e partiu para Cuiabá, onde chegou em 27 de novembro de 1833. Apesar de já estar longe, foi eleito deputado nas 3ª e 4ª Legislaturas do Império.[7]

Durante sua prelazia, atuou como o pacificador na Rusga, conflito estabelecido entre colonizadores portugueses e nativos de Cuiabá, salvando inúmeras vidas na luta armada entre 1833 e 1834; saía nas ruas carregando um grande crucifixo.[4][8][9] Esteve presente na coroação de Dom Pedro II do Brasil, na Capela Imperial da Corte, no dia 18 de julho de 1841.[7][8]

Foi o primeiro bacharel em Direito formado no Brasil a ser elevado ao episcopado, e por sua formação, imprimiu um tom conciliador durante sua prelazia.[7][8] Foi o fundador do Seminário da Conceição, em 1858,[4] criando seus primeiros estatutos e reforçando, junto aos párocos locais, a necessidade de melhorar a qualidade de seus conhecimentos, tanto em filosofia, como em teologia dogmática e latim.[10]

Durante a eclosão da Guerra do Paraguai, sua jurisdição eclesiástica foi afetada sobremaneira, com combates se desenrolando nas paróquias ao sul da Diocese.[10] Em 1864, era o decano entre os bispos no Império.[7] Durante o surto de varíola em 1867, transformou a casa paroquial e o Seminário em hospitais, além de acompanhar e realizar diversas extrema-unções.[9][10]

Foi um abolicionista, tendo inclusive trocado correspondência com o então ministro da Agricultura, Teodoro Machado Freire Pereira da Silva, sobre a Lei do Ventre Livre.[10] Participou de uma cerimônia de concessão de liberdade a 62 escravos, em 29 de março de 1872.[10][11] Foi agraciado com a Imperial Ordem de Cristo.[4]

Faleceu em Cuiabá em 11 de outubro de 1876, após 44 anos de episcopado, e foi sepultado na cripta da Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus.[12]

Ordenações episcopais

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Dom José Antônio dos Reis foi o principal consagrante dos seguintes prelados:[5]

Dom José Antônio dos Reis é o patrono da Cadeira nº 9 da Academia Mato-Grossense de Letras.[13] Também empresta seu nome a uma rua em São Paulo[14] e a uma praça em Cuiabá.[15]

Referências

  1. Espaço Aberto/USP: Os 180 anos da biblioteca mais antiga da USP página visitada em 22 de setembro de 2010.
  2. Conforme certidão de batismo datada de 17 de janeiro de 1798, cuja cópia manuscrita (datada de 12 de fevereiro de 1828) mantém-se anexa à Pasta 16 do Arquivo da Faculdade de Direito de São Paulo, em nome de José Antônio dos Reis (Dom). Ano de 1828.
  3. a b Almeida Nogueira, op.citada
  4. a b c d e «REIS (D. José Antônio dos)». Portal Mato Grosso 
  5. a b c Catholic Hierarchy
  6. Azevedo Marques, op.citada
  7. a b c d e f Peixoto de Alencar, op. citada
  8. a b c «Sagração e coroação de d. Pedro II em 18 de julho de 1841». Museu Imperial 
  9. a b Moutinho, op. citada, págs. 51-52
  10. a b c d e Gaeta Aleixo, Lúcia Helena. «O SEMINÁRIO DA CONCEIÇÃO: UM PROJETO DE EDUCAÇÃO». Caderno de Publicações da UNIVAG (4). 15 páginas. ISSN 1678-0655 
  11. Jornal "A Situação", de 29 de março de 1872.
  12. Renê Dióz (11 de janeiro de 2014). «Cripta no centro de Cuiabá guarda restos mortais de figuras históricas». G1 Mato Grosso. Consultado em 27 de abril de 2021 
  13. «Lista de cadeiras da Academia Mato-Grossense de Letras» 
  14. «Rua Dom José Antônio dos Reis». Consultar CEP 
  15. Denise Soares (4 de abril de 2016). «Chafariz desativado lembra época de falta de água encanada em Cuiabá». G1 Mato Grosso. Consultado em 29 de abril de 2021 

Notas

  1. Por ser estrangeiro, não teve seu nome confirmado pela Câmara e não pode tomar posse da Sé.
  • Moraes, Rubens Borba Alves (1979). Livros e Bibliotecas no Brasil Colonial 1ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. p. 15 
  • de Aquino Corrêa, Francisco (1954). Dom José Antonio dos Reis, primeiro bispo diocesano de Cuiabá; conferência oferecida ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, como discurso de posse do autor no mesmo ilustre sodalício, por ocasião do IV centenário de São Paulo, 1954. Rio de Janeiro: Jornal do Commercio. 83 páginas. OCLC 912720488 
  • Almeida Nogueira, J. L. de (1908). A Academia de São Paulo — Tradições e Reminiscências. 4a. série. São Paulo: Typ. A Editorial 
  • Azevedo Marques, Manuel Eufrázio de (1879). Apontamentos Historicos, Geographicos, Biographicos, Estatisticos e Noticiozos da Provincia de São Paulo... volume II. Rio de Janeiro: Typ. Universal de E. & H. Laemmert 
  • Ferreira Moutinho, Joaquim (1869). Noticia sobre a provincia de Matto Grosso seguida d'um roteiro da viagem da sua capital a São Paulo. São Paulo: Typ. de Henrique Schroeder 
  • Peixoto de Alencar, Carlos Augusto (1864). Roteiro dos bispados do Brasil e dos seos respectivos bispos. Ceará: Typ. Cearense. p. 266-267 

Ligações externas

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Precedido por
Frei José Maria de Macerata, O.F.M. Cap.

Bispo de Cuiabá

18321876
Sucedido por
Carlos Luís d'Amour