José Frederico Ulrich
José Frederico Ulrich | |
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Nascimento | 28 de dezembro de 1905 Lisboa |
Morte | 19 de fevereiro de 1982 |
Cidadania | Portugal |
Ocupação | político |
Prêmios |
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José Frederico do Casal Ribeiro Ulrich ComC • GCC (Lisboa, 28 de Dezembro de 1905 — Cascais, Cascais, 19 de Fevereiro de 1982), mais conhecido por José Frederico Ulrich, foi um engenheiro civil, professor universitário, administrador de empresas e político que se notabilizou durante o Estado Novo.[1]
Família[editar | editar código-fonte]
José Frederico Ulrich era filho de João Henrique Enes Ulrich, bisneto do 1.º Visconde de Orta, e de sua mulher Maria da Conceição do Patrocínio do Casal Ribeiro, filha do 2.º Conde do Casal Ribeiro.[2] Pela via paterna, os Ulrich, uma família de Hamburgo que se tinha estabelecido em Portugal em meados do século XVIII, os seus antepassados estavam ligados ao comércio bancário, à arquitectura e ao imobiliário. Após o terramoto de 1755, a família cooperara ativamente na reconstrução de Lisboa, a convite do Marquês de Pombal, prosseguindo os seus negócios no ramo financeiro.[3]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico[4] da Universidade Técnica de Lisboa em 1918, foi engenheiro civil, professor universtário no Instituto Industrial de Lisboa e administrador de empresas. Entre os muitos projectos de engenharia que assinou, conta-se o do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.[5]
No campo empresarial foi membro da administração da Companhia Colonial Portuguesa, administrador-delegado e administrador da Sociedade Colonial de Tabacos e administrador da Companhia Portuguesa de Tabacos (1956 a 1959), administrador da Socony Vacuum Portuguesa (1960 a 1970), membro do conselho de administração e administrador da Mobil Oil Portuguesa (1962 a 1973) e presidente da assembleia geral do Banco Fonsecas & Burnay (1969 a 1970).[5]
No campo cívico, entre 1962 e 1970 foi vogal da direcção da Legião Portuguesa e presidente da assembleia geral do Automóvel Club de Portugal (1967) e da Fundação Cardeal Cerejeira (1970).[5]
Entre 1938 e 1942 foi director dos serviços de salubridade da Câmara Municipal de Lisboa e entre 1942 e 1943 foi director dos Serviços de Urbanização e Obras da mesma Câmara Municipal e funcionário da Direcção-Geral dos Serviços Eléctricos, trabalhando da sua secção de estudos. Entre 1943 e 1944 foi chefe de gabinete de Duarte Pacheco, então Ministro das Obras Públicas.
Entre 1944 e 1947 foi Subsecretário de Estado e depois Secretário de Estado das Obras Públicas e Comunicações, sendo elevado a Ministro das Obras Públicas e Comunicações no período de 1947 a 1954. Neste período iniciou-se uma época marcada por grandes investimentos em obras públicas, concretização das obras planeadas por Duarte Pacheco, correspondendo às maiores obras dos governos de António de Oliveira Salazar.[6]
Durante o seu mandato, em 1948, patrocinou o I Congresso de Arquitectura, com larguíssima participação da classe. De 5 de Abril de 1954 a 1961 foi presidente da comissão executiva da Junta de Energia Nuclear.[5]
Foi Procurador à Câmara Corporativa por designação do Conselho Corporativo durante a VI legislatura do Estado Novo, entre 1953 e 1957, na qual fez parte da secção de «Interesses de ordem administrativa» (XII Secção). Nessa comissão integrou a subsecção de «Obras públicas e comunicações» (a 4.ª Subsecção). Nessas funções subscreveu ou relatou um total de doze pareceres: 10/VI – Transporte de mercadorias em automóveis de aluguer; 12/VI – Reorganização da Junta Autónoma do Porto de Aveiro; 13/VI – Registo da propriedade automóvel; 19/VI – Servidões militares; 27/VI – Regulamentação do exercício da profissão de empreiteiro de obras públicas; 35/VI – Regulamentação das actividades gimnodesportivas nas províncias ultramarinas; 36/VI – Turismo; 42/VI – Corporações; 43/VI – Projecto de colonização da Gafanha – II parte; 45/VI – Instituto Nacional de Investigação, Tecnologia e Economia Industrial (como relator); 49/VI – Regime jurídico das obras de fomento hidroagrícola; e 53/VI – Organização da defesa civil.
Durante a VII legislatura, entre 1957 e 1961, na qual fez parte do conselho da presidência da Câmara Corporativa, integrou a XII Secção (Autarquias locais), como assessor, e a XII Secção (Interesses de ordem administrativa, 4.ª Subsecção − Obras públicas e comunicações). Nessas funções subscreveu e relatou sete pareceres: 3/VII – Projecto do II Plano de Fomento (1959-1964) – METRÓPOLE – Continente e Ilhas; 3/VII – Projecto do II Plano de Fomento (1959-1964) METRÓPOLE – ANEXO V – Investigação científica e ensino técnico (como relator); 22/VII – Abastecimento de água das populações rurais (como relator); 31/VII – Plano de Viação Rural; 35/VII – Plano de construções para o ensino primário (actualização do Plano dos Centenários); 36/VII – Projecto de Regulamento das Estradas e Caminhos Municipais; e 38/VII – Arborização rodoviária.
Na VIII legislatura, entre 1961 e 1965, fez parte do Conselho da Presidência e da VII Secção (Transportes e turismo) como assessor e da XII Secção (Interesses de ordem administrativa, 4.ª Subsecção − Obras públicas e comunicações). Subscreveu ou relatou cinco pareceres: 7/VIII – Junta de Planeamento Económico Regional; 10/VIII – Extensão aos industriais de obras de construção civil particulares das medidas de disciplina aplicáveis aos empreiteiros de obras públicas nos termos da legislação em vigor; 18/VIII – Projecto de Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967 (Continente e ilhas); 18/VIII – Projecto de Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967 (Continente e ilhas) – ANEXO IV − Ensino e investigação; e 18/VIII – Projecto de Plano Intercalar de Fomento para 1965-1967 (Continente e ilhas) – ANEXO V − Habitação.
Na IX legislatura, entre 1965 e 1969, fez parte do Conselho da Presidência, da VII Secção (Transportes e turismo), como assessor, e da XII Secção (Interesses de ordem administrativa, 4.ª Subsecção − Obras públicas e comunicações). Subscreveu dezassete pareceres: 4/IX – Regime jurídico da caça e do repovoamento; 9/IX – Projecto do III Plano de Fomento, para 1968-1973 (Continente e ilhas), 9/IX – Projecto do III Plano de Fomento, para 1968-1973 − Continente e ilhas – ANEXO V − Indústrias de construção e obras públicas, 9/IX – Projecto do III Plano de Fomento, para 1968-1973 − Continente e ilhas – ANEXO VI − Melhoramentos rurais como Relator, 9/IX – Projecto do III Plano de Fomento, para 1968-1973 − Continente e ilhas – ANEXO IX − Transportes e comunicações, 9/IX – Projecto do III Plano de Fomento, para 1968-1973 − Continente e ilhas – ANEXO XI − Educação e investigação, 9/IX – Projecto do III Plano de Fomento, para 1968-1973 − Continente e ilhas – ANEXO XII − Habitação e urbanização, 16/IX – Estabelecimento de normas sobre a promoção dos sargentos, furriéis e praças do Exército, a Armada e da Força Aérea, 17/IX – Competência das câmaras municipais em matéria de regulamentação de trânsito, 19/IX – Desafectação dos anexos das concessões mineiras e das águas minerais, 21/IX – Alteração da legislação sindical, 23/IX – Aditamento de uma alínea ao artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 46838, de 18 de Janeiro de 1966, com a redacção que lhe foi dada pelo artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 48836, de 16 de Janeiro de 1969 – Produtos da indústria siderúrgica, 26/IX – Regulamentação das relações colectivas de trabalho; 28/IX – Revisão do Decreto-Lei n.º 47 032, de 27 de Maio de 1966 (Regime jurídico do contrato individual de trabalho); 31/IX – Concessões para prospecção, avaliação e aproveitamento de recursos minerais nas plataformas continentais; 32/IX – Regime de fiscalização das sociedades anónimas; e 33/IX – Simplificação de determinadas operações aduaneiras.
Na X Legislatura, entre 1969 e 1973, foi 1.º vice-presidente da mesa e fez parte do Conselho da Presidência, secção permanente e da XII Secção (Interesses de ordem administrativa, 4.ª Subsecção − Obras públicas e comunicações). Subscreveu quinze pareceres: 2/X – Servidões administrativas, 12/X – Circulação de mercadorias nacionais ou nacionalizadas entre o continente e as ilhas adjacentes, 16/X – Acordo de Cooperação Económica e de Comércio entre Portugal e a Espanha assinado em Madrid em 22 de Maio de 1970, 18/X – Convenção Geral sobre Cooperação Científica e Tecnológica entre Portugal e a Espanha assinado em Madrid em 22 de Maio de 1970, 20/X – Regime jurídico de construção e exploração de estações centrais de camionagem, 28/X – Ensino politécnico, 35/X – Regime de condicionamento de plantio da vinha, 36/X – Estabelecimento de normas aplicáveis às sociedades comerciais, 38/X – Emprego de trabalhadores estrangeiros, 41/X – Prestação de subsídios ou gratificações previstas nas normas reguladoras dos contratos individuais de trabalho, 42/X – Restabelecimento da coeducação no ensino primário e a sua instituição no ciclo preparatório do ensino secundário, 48/X – Regime de casas de renda limitada, 52/X – Regime especial dos transportes públicos de passageiros por via terrestre e fluvial nas regiões urbanas de transporte, 56/X – Projecto do IV Plano de Fomento para 1974-1979 (Continente e Ilhas) – Parecer subsidiário sobre Investigação e desenvolvimento tecnológico como Relator e 56/X – Projecto do IV Plano de Fomento para 1974-1979 (Continente e Ilhas) – ANEXO III – Habitação e urbanismo.
Na XII Legislatura, a última da Câmara Corporativa, entre 1973 e 25 de Abril de 1974, fez parte da XII Secção (Interesses de ordem administrativa, 4.ª Subsecção − Obras públicas e comunicações), não tendo subscrito ou relatado qualquer parecer. Com a Revolução dos Cravos terminou a sua carreira política.
Foi feito Comendador da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo a 6 de Novembro de 1944 e elevado a Grã-Cruz da mesma Ordem a 29 de Novembro de 1948.[7]
Como secretário de estado e ministro das obras públicas lançou múltiplas obras e financiou múltiplos empreendimentos autárquicos. Em consequência, o seu nome ainda na actualidade é um dos topónimos mais comuns em Portugal.
Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]
Casou em Lisboa ou em Cascais, Cascais a 14 de Dezembro de 1929 com D. Maria Benedita van Zeller de Castro Pereira (Sintra, Santa Maria e São Miguel, 5 de Julho de 1909 - ?), Dama da Ordem de Benemerência a 20 de Julho de 1949,[7] irmã de seu cunhado, tia materna de Francisco Pinto Balsemão e neta paterna de D. Rodrigo Delfim Pereira, com geração.[6].
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ JOSÉ FREDERICO DO CASAL-RIBEIRO ULRICH (1905-1982).
- ↑ "Raízes e Memórias", Associação Portuguesa de Genealogia, Lisboa, N.º 10, p. 180
- ↑ «Fernando Ulrich : banqueiro por tradição». economico.sapo.pt.
- ↑ «Nota biográfica de Frederico Ulrich». www.itn.pt.
- ↑ a b c d «Nota biográfica de Frederico Ulrich» (PDF). app.parlamento.pt.
- ↑ a b "Raízes e Memórias", Associação Portuguesa de Genealogia, Lisboa, N.º 10, p. 180.
- ↑ a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Frederico Casal Ribeiro Ulrich". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- Nascidos em 1905
- Mortos em 1982
- Homens
- Família Ulrich
- Portugueses de ascendência alemã
- Portugueses de ascendência espanhola
- Portugueses de ascendência neerlandesa
- Naturais de Lisboa
- Engenheiros civis de Portugal
- Professores universitários de Portugal
- Empresários de Portugal
- Subsecretários de Estado de Portugal
- Secretários de Estado de Portugal
- Comendadores da Ordem Militar de Cristo
- Ministros das Obras Públicas de Portugal
- Grã-Cruzes da Ordem Militar de Cristo
- Procuradores da Câmara Corporativa de Portugal