Línguas atabascanas
Línguas atabascanas | |
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Atabasco, atapascano, atapasco | |
Distribuição geográfica |
Oeste da América do Norte |
Classificação linguística | Dene-ienissei
|
Subdivisões | |
ISO 639-2 / 5 | ath |
(atabascano + eyak + tlingit) |
As línguas atabascanas ou atabascas (ou também atapascanas, atapascas, indígenas atapascas ou atapasques) são um grupo de línguas intimamente relacionadas faladas por povos nativos americanos da América do Norte,[1] divididas em dois grupos principais, um setentrional e outro meridional, falados ao longo do oeste norte americano. A família atabascana é a segunda maior família na América do Norte em termo de número de línguas e de falantes, depois da família uto-asteca que se estende pelo território mexicano e parte dos Estados Unidos. Em termos de território, somente a família álgica cobre uma área maior.
A palavra atabascano é uma versão anglicizada do nome cree para o Lago Athabasca (aðapaskāw, "[onde] há uma árvore após outra") no Canadá.[2] O nome foi cunhado por Albert Gallatin em sua classificação de 1836 (escrita em 1826) das línguas da América do Norte. Ele deixou claro que o nome dado a ele a essas línguas relacionadas foi inteiramente baseado em sua preferência pessoal, ele escreveu:
- "Eu os tenho designado pela denominação arbitrária de athabascas, a qual deriva do nome original do lago." (1836:116-7)
Línguas
[editar | editar código-fonte]As 31 línguas atabascanas setentrionais são faladas ao longo do interior do Alasca e do noroeste do Canadá nos estados de Yukon e Territórios do Noroeste assim como nas províncias de Colúmbia Britânica, Alberta, Saskatchewan e Manitoba. Várias línguas atabascanas são línguas oficiais nos Territórios do Noroeste, incluindo dene suline, dogrib ou tlicho, gwich’in, e slavey.
As sete línguas atabascanas da costa pacífica são faladas no sul do Oregon e norte da Califórnia. Isoladas das línguas setentrionais e da costa pacífica, as seis línguas atabascanas meridionais, incluindo apache e navajo, são faladas no sudoeste americano e no noroeste do México.
O eyak e o grupo atabascano juntos formam um agrupamento genético chamado atabascano-eyak. O tlingit é remotamente relacionado a esse grupo, que junto a ele forma o na-dené (também conhecido como atabascano-eyak-tlingit).
Subdivisões
[editar | editar código-fonte]Visão geral do grupo
[editar | editar código-fonte]A família lingüística atabascana possui três agrupamentos geográficos principais: setentrional, costa pacífica, e meridional. Há ainda um debate acerca da validade do grupo das línguas da costa do pacífico como unidade genética válida. O grupo setentrional é particularmente problemático. Devido à falha dos critérios de inovação compartilhada e correspondências fonéticas sistemáticas usados para estabelecer agrupamentos bem definidos, a família atabascana (especialmente as línguas setentrionais) têm sido chamada de "complexo aderente" por Michael Krauss (1973, 1982). Assim sendo, o modelo Stammbaumtheorie (árvore genealógica) de classificação genética pode estar inapropriado. As línguas do ramo meridional formam um grupo muito mais homogêneo e até o momento é o único agrupamento genético claro.
Segue abaixo um esboço mostrando apenas as maiores subdivisões dessa família. A seqüência apresentada é baseada basicamente na classificação de Keren Rice de acordo com Goddard (1996) e Mithun (1999).
- Alaska meridional
- Alaska-Yukon central
- Canada norte ocidental
- Tsetsaut
- Colúmbia Britânica central
- Sarsi
- Kwalhioqua-Tlatskanai
- Atabascano da costa pacífica
- Apacheano
Os ramos 1-7 formam o agrupamento (areal) das línguas atabascanas setentrionais. O kwalhioqua-tlatskanai (#7) tem sido muitas vezes considerado parte do grupo costa pacífica, mas uma recente consideração de Krauss não o acha muito similar a essas línguas.
Uma diferente classificação de Jeff Leer segue abaixo (Tuttle & Hargus 2004:72-74):
- Alascano (ahtna, dena’ina, deg hit’an, koyukon, kolchan, baixo tanana, tanacross, alto tanana, gwich’in, han)
- Yukon (tsetsaut, . tutchone setentrional, tutchone meridional, tagish, tahltan, kaska, sekani, dunneza)
- Colúmbia Britânica (babine-witsuwit’en, dakelh, chilcotin)
- Oriental (dene suline, slavey, dogrib)
- Meridional (tsuut’ina, apacheano, atabascano da costa pacífica)
Atualmente, os detalhes da árvore lingüística atabascana podem ser considerados apenas tentativas.
Para listas detalhadas incluindo todas as línguas, dialetos e subdialetos, veja os respectivos artigos para os 3 maiores grupos ( Atabascano setentrional, atabascano da costa pacífica, atabascano meridional).
Atabascano setentrional
[editar | editar código-fonte]- Subgrupo alasquiano meridional
- Central Alaska – subgrupo yukon
- 3. Deg Xinag (também conhecido como deg hit'an, kaiyuhkhotana)
- 4. Holikachuk (também conhecida como innoko)
- 5. Koyukon
- 6. Língua kolchan (também conhecida como kuskokwim superior)
- 7. Baixo tanana (também conhecida como tanana)
- 8. Tanacross
- 9. Alto tanana
- 10. Tutchone meridional
- 11. Tutchone setentrional
- 12. Gwich’in (também conhecida como kutchin)
- 13. Hän (também conhecida como han)
- Subgrupo Canada norte ocidental
- A. Tahltan-Tagish-Kaska
- 17. Sekani
- 18. Dunneza (também conhecida como beaver)
- B. Slave-Hare (slavey meridional e setentrional)
- 23. Dogrib
- 24. Dene Suline (também conhecida como chipewyan, dëne sųłiné, dene soun’liné)
- Subgrupo tsetsaut
- 25. Tsetsaut
- Subgrupo Colúmbia Britânica central
- 26. Babine-witsuwit'en (também conhecida como carrier do norte)
- 27. Dakelh (também conhecida como carrier)
- 28. Chilcotin (também conhecida como tsilhqot’in)
- 29. Nicola (também conhecida como stuwix)
- Subgrupo sarsi
- 30. Tsuut’ina (também conhecida como sarcee, sarsi, tsuu t’ina)
- Subgrupo kwalhioqua-clatskanie
- 31. Kwalhioqua-clatskanie (também conhecida como kwalhioqua-tlatskanie)
Atabascano da costa pacífica
[editar | editar código-fonte]- Subgrupo atabascano da Califórnia
- 32. Hupa (também conhecida como hoopa-chilula)
- 33. Mattole-Bear River
- 34. Eel River
- Subgrupo atabascano do Oregon
- 35. Alto umpqua
- 36. Rogue River (também conhecida como tututni)
- 37. Galice-Applegate
- 38. Tolowa
Atabascano meridional (também conhecida como apache)
[editar | editar código-fonte]- Subgrupo apache das planícies
- 39. Apache da planície (também conhecida como kiowa-apache)
- Subgrupo ocidental apacheano ocidental
- A. Chiricahua-Mescalero
- 40. Chiricahua
- 41. Mescalero
- 42. Navajo (também conhecida como navaho)
- 43. Apache ocidental (também conhecida como coyotero apache)
- Subgrupo apacheano oriental
Lista areal
[editar | editar código-fonte]Lista de línguas atabascanas de acordo com a localização geográfica.
- Alasca: Ahtna, deg hit’an, dena’ina, gwich’in, hän, holikachuk, kolchan, koyukon, baixo tanana, tanacross, tsetsaut, alto tanana
- Yukon: Gwich'in, hän, kaska, mountain, tagish, tutchone setentrional, tutchone meridional, alto tanana
- Territórios do Noroeste: Bearlake, dene suline, dogrib, gwich’in, hare, mountain, slavey
- Nunavut: dene suline
- Colúmbia Britânica: Babine, bearlake, beaver, chilcotin, dakelh, hare, kaska, mountain, nicola, sekani, slavey, tagish, tahltan, tsetsaut
- Alberta: Beaver, dene suline, slavey, tsuut’ina
- Saskatchewan: dene suline
- Washington: Chilcotin, kwalhioqua-clatskanie (willapa, suwal), nicola
- Oregon: Applegate, clatskanie, galice, rogue river (chasta costa, euchre creek, tututni, alto coquille), tolowa, alto umpqua
- Norte da Califórnia: Eel River, hupa, mattole-bear river, tolowa
- Utah: Navajo
- Colorado: Jicarilla, navajo
- Arizona: Chiricahua, navajo, apache ocidental
- Novo México: Chiricahua, mescalero, jicarilla, lipan, navajo
- Texas: Mescalero, lipan
- Oklahoma: Chiricahua, jicarilla, plains apache
- Noroeste do México: Chiricahua
Proto-atabascano
[editar | editar código-fonte]Fonologia
[editar | editar código-fonte]Uma recente reconstrução do proto-Atabascano consiste de 40 consoantes (Cook 1981; Krauss & Golla 1981; Krauss & Leer 1981; Cook & Rice 1989), detalhadas abaixo:
Obstruentes | |||||||||||||
Bilabial | Alveolar | Palatal | Velar | Uvular | Glotal | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
central | lateral | plana | labial | plana | labial | ||||||||
Plosiva | não-aspirada | t | k | q | qʷ | ||||||||
aspirada | tʰ | kʰ | qʰ | qʷʰ | |||||||||
glotalizada | t’ | k’ | q’ | q’ʷ | ʔ | ||||||||
Africada | não-aspirada | ʦ | tɬ | ʧ | ʧʷ | ||||||||
aspirada | ʦʰ | tɬʰ | ʧʰ | ʧʷʰ | |||||||||
glotalizada | ʦ’ | tɬ’ | ʧ’ | ʧ’ʷ | |||||||||
Fricativa | muda | s | ɬ | ʃ | ʃʷ | x | χ | χʷ | h | ||||
expressa | z | ɮ | ʒ | ʒʷ | ɣ | ʁ | ʁʷ | ||||||
Sonoras | |||||||||||||
Nasal | m | n | ɲ | ||||||||||
Aproximante | j | w | |||||||||||
Vogal |
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Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Campbell, Lyle. (1997). American Indian languages: The historical linguistics of Native America. New York: Oxford University Press. ISBN 0-19-509427-1.
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- Cook, Eung-Do. (1992). Athabaskan languages. In W. Bright (Eds.), International encyclopedia of linguistics (pp. 122–128). Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-505196-3.
- Cook, Eung-Do; & Rice, Keren. (1989). Introduction. In E.-D. Cook & K. Rice (Eds.), Athapaskan linguistics: Current perspectives on a language family (pp. 1–61). rends in linguistics, State-of-the-art reports (No. 15). Berlin: Mouton de Gruyter. ISBN 0-89925-282-6.
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- Leer, Jeff. (1979). Proto-Athabaskan verb stem variation I: Phonology. Alaska Native Language Center research papers (No. 1). Fairbanks, AK: Alaska Native Language Center.
- Leer, Jeff. (1982). Navajo and comparative Athabaskan stem list. Fairbanks, AK: University of Alaska, Alaska Native Language Center.
- Mithun, Marianne. (1999). The languages of Native North America. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-23228-7 (hbk); ISBN 0-521-29875-X.
- Rice, Keren. (200). Morpheme order and semantic scope: Word formation in the Athapaskan verb. Cambridge: Cambridge University Press.
- Sapir, Edward. (1915). The Na-Dene languages, a preliminary report. American Anthropologist, 17 (3), 534–558.
- Sapir, Edward. (1916). Time perspective in aboriginal American culture: A study in method. Anthropology series (No. 13), memoirs of the Canadian Geological Survey 90. Ottawa: Government Printing Bureau.
- Sapir, Edward. (1931). The concept of phonetic law as tested in primitive languages by Leonard Bloomfield. In S. A. Rice (Ed.), Methods in social science: A case book (pp. 297–306). Chicago: University of Chicago Press.
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- Saville-Troike, Muriel. (1985). On variable data and phonetic law: A case from Sapir's Athabaskan correspondences. International Journal of American Linguistics, 51 (4), 572–574.
- Sturtevant, William C. (Ed.). (1978–present). Handbook of North American Indians (Vol. 1-20). Washington, D. C.: Smithsonian Institution. (Vols. 1–3, 16, 18–20 not yet published).
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Athapascan Bibliography
- Athabaskan Satellites & ASL Ion-Morphs
- Alaska Native Language Center
- Yukon Native Language Center
- California Athapascan
- Na-Dene (vocabulários organizados por Victor A. Petrucci)