Lacóbriga
Lacóbriga[1] (em latim: Lacobrica) foi uma antiga povoação de origem Celta, normalmente identificada como a antecessora da actual cidade de Lagos, em Portugal.
Contextualização histórica
[editar | editar código-fonte]Fundação e expansão
[editar | editar código-fonte]O local onde se erguia a urbe de Lacóbriga ainda é discutido, tendo sido apontadas várias hipóteses, como a Fonte Coberta, Serro da Amendoeira, Figueira da Misericórdia, Figueiral, e o Paul; no entanto, o local que é mais vezes aceite é o Monte Molião.[2] O Serro da Amendoeira e o Figueiral não são hipóteses viáveis, pela sua localização; já o Paul, situado entre o Monte Molião e o final do Vale de Bensafrim, junto à localidade das Portelas, é considerado uma melhor hipótese, pois aí chegavam as águas das marés, possibilitando a criação de bivalves, com os quais os habitantes podiam complementar a sua alimentação. No entanto, tal como acontece com a Fonte Coberta, os vestígios arqueológicos presentes não sustentam a existência de um povoado. Em contraste, o Monte Molião apresenta vários importantes achados arqueológicos, do período pré-histórico até ao domínio romano, além de ser um local ideal devido à facilidade com que se podiam estabelecer defesas.[3]
A cidade terá sido fundada pelos Cónios por volta do ano 1 899 a.C..[4] Contudo, tal fundação por parte dos cónios ainda é alvo de debate, sendo que alguns historiadores mantêm a possibilidade dos cónios integrarem o movimento dos povos do mar, que teve início no 1º milénio a.C.[5]
Domínio cartaginês
[editar | editar código-fonte]Foi conquistada pelos cartagineses, chefiados por Amílcar Barca numa data indefinida.[6] No século IV a.C., a povoação mais antiga foi destruída por um terramoto, sendo reedificada na actual localização de Lagos pelo capitão cartaginês Boodes em 250 a.C..[7]
Domínio romano
[editar | editar código-fonte]Em 76, Lacóbriga é cercada pelas tropas romanas, lideradas pelo procônsul Quinto Cecílio Metelo Pio, que cortam o abastecimento de água, bem precioso na cidade devido à quase inexistência de furos de água potável; em resposta, Sertório envia tropas e água, terminando o cerco.[8] Durante a ocupação romana, torna-se um importante centro industrial, como pode ser comprovado pelos vários tanques de salga encontrados, onde se produzia o garo, um composto de peixe salgado.[9]
Queda do Império Romano do Ocidente
[editar | editar código-fonte]Invasões bárbaras
[editar | editar código-fonte]Com a queda do Império Romano do Ocidente, a cidade foi ocupada no século V pelos Visigodos do Reino de Toledo e mais tarde ocupada pelos bizantinos.
Conquista muçulmana
[editar | editar código-fonte]A cidade seria tomada pelos muçulmanos em 716, tendo o seu nome sido mudado para Halaq Al-Zawaia.[10]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Artigo de apoio Infopédia - Lagos». infopedia.pt. Consultado em 13 de Setembro de 2017
- ↑ Coutinho 2008, p. 9, 17.
- ↑ Coutinho 2008, p. 17.
- ↑ Paula 1992, p. 21.
- ↑ FERREIRA DO AMARAL, JOÃO; FERREIRA DO AMARAL, AUGUSTO (1997). Povos Antigos em Portugal. [S.l.]: Quetzal. p. 128-137. ISBN 9725642910
- ↑ Rocha 1910, p. 19.
- ↑ Cardoso 1997, p. 32.
- ↑ Arruda 2007, p. 20.
- ↑ Coutinho 2008, p. 9.
- ↑ Cardo 1998, p. 41.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- ARRUDA, Ana Margarida (2007). Laccobriga. A Ocupação Romana na Baía de Lagos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 80 páginas
- CARDO, Mário (1998). Lagos Cidade. Subsídios para uma Monografia. Lagos: Grupo dos Amigos de Lagos. 80 páginas
- CARDOSO, Maria Teresa (1997). Estudo do Manuscrito Anónimo do Séc. XVIII. Descrição da Cidade de Lagos. Amadora: Livro Aberto, Editores Livreiros Lda. 72 páginas. ISBN 9725930118
- PAULA, Rui Mendes (1992). Lagos. Evolução Urbana e Património. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 392 páginas. ISBN 9789729567629
- COUTINHO, Valdemar (2008). Lagos e o Mar Através dos Tempos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 95 páginas
- ROCHA, Manoel João Paulo (1910). Monographia. As Forças Militares de Lagos nas Guerras da Restauração e Peninsular e nas Pugnas pela Liberdade. Porto: Typographia Universal. 488 páginas