Liga Anticlerical
Ligas Anticlericais foram organizações políticas contra a Igreja Católica, geralmente de inspiração no livre pensamento, contando entre seus membros pessoas de tendências protestante, anarquista, maçónica e ateia[1], fundadas em diversas cidades do Brasil nas primeiras décadas do século XX, em especial na época do Estado Novo[2].
História
[editar | editar código-fonte]As primeiras ligas e associações anticlericais e defensoras do livre pensamento foram organizadas no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro no começo do século XX, inspirada nas congêneres europeias. Nasceram em reação à militância política católica que depois ganharia força com Jackson de Figueiredo, Alceu Amoroso Lima, Cardeal Leme, Plinio Corrêa de Oliveira.
Já em 1906, o maçom Everardo Dias propunha uma série de preceitos anticlericais:[3]
- Não casar religiosamente
- Não batizar os filhos
- Não servir de padrinho ou compadre, em casamentos ou batizados
- Não dar esmolas a associações religiosas, ainda com fins aparentes de caridade
- Não celebrar funerais, nem assistir a eles, nem pedir orações para os mortos
- Fazer enterrar civilmente
- Não se associar nem prestigiar direta ou indiretamente nenhuma cerimônia religiosa
- Manter, longe do lar e da família, os chamados ministros de Deus
- Não confiar à igreja nem aos seus adeptos a educação dos filhos
Além de anarquistas, militavam nas Ligas pessoas de outras tendências políticas, unidas pela reação anticlericalismo à ingerência crescente da Igreja Católica, que cresceu no governo do presidente Getúlio Vargas[4].
Defendiam suas ideias em jornais alternativos como A Lanterna, editado em São Paulo pelo anarquista Edgard Leuenroth, e A Voz da Igreja, publicação da Liga Anticlerical Marquês de Pombal, de Bauru[5]. Foram fundadas também Ligas no Rio de Janeiro (por Armanda Álvaro Alberto e Edgard Sussekind de Mendonça) e no Maranhão.
A partir da repressão movida pelo Estado Novo as ligas anticlericais e associações do livre pensamento começaram a serem dissolvidas em meados dos anos de 1930.
Veja também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ RUDY, Antonio Cleber Rudy. O Anticlericalismo Sob o Manto da República: Tensões Sociais e Cultura Libertária no Brasil (1901-1935). Tese de doutorado em história social. Unicamp. 2017.
- ↑ PINTO, Maria Emilia Martins. O anticlericalismo do jornal "A Lanterna" - Mídia alternativa na Era Vargas. 3º Simpósio Internacional de Cultura e Comunicação na América Latina
- ↑ VITORINO, Artur José Renda. Máquinas e operários: mudança técnica e sindicalismo gráfico (São Paulo e Rio de Janeiro, 1858-1912)
- ↑ CASTRO, Eduardo Góes. A Torre sob vigia: As Testemunhas de Jeová em São Paulo (1930-1954). Dissertação de Mestrado na FFLCH da USP
- ↑ CARNEIRO, Maria Luiza Tucci, e KOSSOY, Boris. A imprensa confiscada pelo DEOPS, 1924-1954