Liga dos Camponeses Pobres
A bandeira do movimento | |
Tipo | Movimento Social |
Fundação | Desdobramentos do Massacre de Corumbiara, 1995 |
Estado legal | Ativo |
Propósito | Revolução Agrária, Nova Democracia |
A Liga dos Camponeses Pobres (LCP) é um movimento camponês atuante em todo o Brasil. Seu surgimento se dá após o Massacre de Corumbiara, quando parte do movimento camponês rompe com a direção do Movimento dos Sem-Terra (MST) conclamando os camponeses a romperem com a ideia de reforma agrária do governo e mobilizarem suas forças para uma transformação radical no campo.
A LCP diferencia-se das outras correntes do movimento camponês pois defende a ocupação dos latifúndios e início da produção assim que as terras estejam ocupadas. As decisões sobre a solução dos problemas e encaminhamentos do dia a dia das áreas onde atua a LCP são tomadas nas Assembleias do Poder Popular.[1]
A LCP é acusada de ser uma organização guerrilheira.[2] Porém, sua direção e apoiadores negam tais acusações[3] e promovem campanhas nacionais pela libertação de dirigentes e ativistas presos.[4]
Em agosto de 2008 a LCP realizou seu Quinto Congresso precedido de uma série de encontros que contaram com a participação de centenas de camponeses.[5] Mais recentemente teve várias de suas lideranças assassinadas.[6][4]
Em outubro de 2020, o então presidente da República, Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais um vídeo de um embate entre militantes da LCP e policiais em Rondônia, acompanhado da frase “Tenho a minha opinião, qual a sua?", convocando a sociedade civil contra a organização.[7] Dias depois, a localidade foi alvo de cerceamento policial[8][9] e, segundo a própria LCP, ocorreram execuções e sequestros de integrantes do acampamento registrado na filmagem.[10][11]
História
[editar | editar código-fonte]Foi fundado em 1999 oficialmente, em Rondônia, seu surgimento se dá após o Massacre de Corumbiara, quando parte do movimento camponês rompe com a direção do Movimento dos Sem-Terra (MST) conclamando os camponeses a romperem com a ideia de reforma agrária do governo e mobilizarem suas forças para uma transformação radical no campo.[12]
Em 17 de Fevereiro de 2022 liderança da Liga dos Camponeses Pobres Ilma Rodrigues dos Santos e seu marido Edson Lima Rodrigues foram assassinados com tiros na cabeça. Os corpos do casal estavam ao lado da caminhonete deles, que foi incendiada.[13]
Ideologia
[editar | editar código-fonte]De acordo com a publicação Nosso Caminho, da LCP, o programa geral da organização traça os objetivos de uma revolução agrária no campo brasileiro para substituir os latifúndios por produção e estrutura coletivas. O programa geral é definido por 15 pontos:[14]
- O fim dos latifúndios; toda a terra para os lavradores
- A terra com destinação social de acordo com os interesses da maioria do povo e da nação
- Nacionalização da terra e das grandes empresas capitalistas rurais como objetivo final
- Uma nova política agrícola e de crédito para tornar economicamente viável a pequena e média propriedade fundiária
- A criação e promoção de agro-aldeias e aplicação industrial em todas as regiões rurais
- A criação de um sistema de saúde com infraestrutura necessária no campo
- A criação de um sistema educacional, uma escola de novo tipo, centrada na produção e na luta de classes
- Organização social e política independente baseada na democracia direta das Assembleias Populares
- Política especial para a região seca (semiárida) do Nordeste
- Política especial para a região amazônica
- Apoio à luta dos trabalhadores da cidade; fortalecer a aliança trabalhador/camponesa
- Reconhecimento e apoio à autodeterminação das nações e povos indígenas
- Fortalecer e desenvolver a ideologia/política das massas rumo à coletivização da terra como objetivo final
- Uma nova economia, uma nova cultura, uma nova política de uma nova democracia e um novo Poder Democrático Popular
- Solidariedade internacionalista com a luta dos povos contra o imperialismo e pelo progresso
Referências
- ↑ «Liga camponesa atira em helicóptero da PM durante operação em fazenda». G1. Rondônia. 21 de julho de 2016
- ↑ «O Brasil tem guerrilha». ISTOÉ. 26 de março de 2008
- ↑ «Discurso do(a) Deputado(a) em ?s». www.camara.leg.br. Consultado em 22 de dezembro de 2020
- ↑ a b «Luta pela terra». A Nova Democracia, Ano XIV, nº 167, 1ª quinzena de Abril de 2016
- ↑ Paulo Prudêncio, Mário Lúcio de Paula. «5º Congresso da LCP de RondôniaA Nova Democracia». A Nova Democracia, ano VII, nº 46, setembro 2008
- ↑ «Coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres são brutalmente assassinados em Rondônia - Diário Liberdade». Diário Liberdade, 21 Setembro 2016
- ↑ «Presidente Jair Bolsonaro posta vídeo de policiais em frente à área tomada por membros da LCP e diz: Tenho a minha opinião, qual a sua?"». Rondônia Dinâmica. 6 de outubro de 2020. Consultado em 15 de dezembro de 2020
- ↑ «PM cerca acampamento Tiago dos Santos em Rondônia e impede entrada de alimentos». Esquerda Diário. 8 de outubro de 2020. Consultado em 15 de dezembro de 2020
- ↑ «PM de Rondônia cerca acampamento camponês e impede entrada de alimentos». Mídia 1508. 9 de outubro de 2020. Consultado em 15 de dezembro de 2020
- ↑ LCP, Comissão Nacional (10 de outubro de 2020). «"Abaixo a grosseira montagem do governo de RO e sua PM de demonização dos camponeses em luta pela terra para fazer despejos, prisões e massacres"». Resistência Camponesa. Consultado em 15 de dezembro de 2020
- ↑ «LCP denuncia execuções e desaparecimentos de camponeses em RO». A Nova Democracia. 15 de outubro de 2020. Consultado em 15 de dezembro de 2020
- ↑ Silva, David Pimentel Oliveira (2013). «A LIGA DOS CAMPONESES POBRES (LCP) E A ESPACIALIZAÇÃO DA LUTA PELA TERRA NO CAMPO ALAGOANO». Revista GeoNordeste (3). ISSN 2318-2695
- ↑ «Liderança da Liga dos Camponeses Pobres é assassinada em Rondônia». Brasil de Fato. 21 de fevereiro de 2022. Consultado em 29 de agosto de 2023
- ↑ «Nosso Caminho». www.marxists.org. Consultado em 18 de agosto de 2023