Literatura fenício-púnica
Literatura fenício-púnica é o termo usado para designar a literatura escrita em língua fenícia, idioma semítico falada pelos fenícios. Os fenícios foram um povo que dedicou-se principalmente ao comércio marítimo, tendo fundado várias colônias, entre as quais destaca-se Cartago, no norte da África, onde falava-se um dialeto chamado púnico.
A literatura fenício-púnica é rodeada por uma áurea de mistério devido aos poucos vestígios que foram conservados: tudo o que subsiste atualmente é uma série de inscrições, poucas das quais têm caráter notadamente literário (narrações históricas, poemas), moedas, fragmentos das obras de Sanconíaton e de Magão, a tradução para o grego da narrativa da viagem do navegador Hanão e o texto da peça teatral Poenulus, do dramaturgo romano Plauto.[1] Por outro lado, é um fato conhecido que tanto na Fenícia como em Cartago havia bibliotecas e que os fenícios tiveram uma rica produção literária herdada do passado cananeu, do qual as obras de Filo de Biblos e de Menandro de Éfeso são uma parte ínfima.
Fontes
[editar | editar código-fonte]O historiador judio-romano Flávio Josefo faz menção aos anais fenícios ou tírios, que ele supostamente consultou para escrever suas obras históricas. Heródoto também fala sobre a existência de alguns livros de Biblos e de uma História de Tiro conservada no templo de Hércules-Melqart, nesta mesma cidade. Além disso, é possível encontrar rastros da influência exercida por alguns escritos de Ugarit em alguns livros bíblicos, como no Gênesis e no Livro de Rute, nos quais encontra-se trechos de composições poéticas de temática religiosa, bem como outras de conteúdo político com forte ênfase propagandística ou de natureza filosófica. O escritor romano Avieno faz referência a uns velhos anais púnicos dos quais extraiu as suas informações sobre o périplo de Himilcão. De fato, as fontes greco-latinas mencionam alguns livros púnicos salvados in extremis do saque e incêndio ocorrido em 146 a.C. na cidade de Cartago. Plínio, o Velho assinala em sua Historia natural que após a queda de Cartago muitas dessas obras passaram para as mãos dos governantes númidas e que o Senado ordenou a tradução para o latim de algumas delas, entre as quais destaca-se a obra agrícola de Magão, para o que se criou uma comissão dirigida por Décimo Júnio Pisão.
Referências
- ↑ Amor Ruibal 2005, p. 496.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Amor Ruibal, Angel María (2005). Los problemas fundamentales de la filología comparada (em espanhol). 1. Madri: Consello da Cultura Galega. 1162 páginas. ISBN 8496530078
- Barton, George A (1901). «On the Pantheon of Tyre». New Haven: The Tuttle, Morehouse & Taylor Press. Journal of the American Oriental Society (em inglês). 22: 115-117. doi:10.2307/592422
- Harris, Zellig S (1990). A grammar of the Phoenician language (em inglês). New Haven: American Oriental Society. 172 páginas. ISBN 0940490080
- Krahmalkov, Charles R (2001). A Phoenician-Punic grammar (em inglês). Boston: Brill. pp. xix, 309. ISBN 9004117717
- Lynch Botta, Anne Charlotte (1860). Handbook of universal literature, from the best and latest authorities (em inglês). Nova Iorque: Derby & Jackson. 568 páginas
- Martín Ruiz, Juan Antonio (2007). «Los libros púnicos de Cartago: a la búsqueda de un saber perdido». Sarzana: Agorà. Byrsa (em espanhol). 6: 73-90. ISSN 1721-8071
- Sampaio, Adovaldo Fernandes (2009). Letras e memória: uma breve história da escrita. São Paulo: Ateliê Editorial. 304 páginas. ISBN 8574804983
- Wagner, Carlos G (1989). Los fenicios (em espanhol). Madri: Ediciones Akal. 62 páginas. ISBN 8476003323
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Littérature phénicienne» (em francês). na versão online da Encyclopédie Larousse.
- «POENVLVS» (em latim). - Texto original da peça Poenulus, do dramaturgo romano Plauto, que contém, em seu quinto ato, trechos na variante púnica da língua fenícia.