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Literatura romântica em Portugal

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Ver artigo principal: Romantismo em Portugal

A literatura romântica em Portugal tem como marco simbólico a publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, em 1825. De fato, Camões exibe já algumas das tendências (a construção do herói romântico, por exemplo) que marcam o Romantismo português. Contudo, só anos mais tarde este movimento literário se enraizará em Portugal. De entre os escritores românticos portugueses destacam-se, para além de Garrett, nomes como Alexandre Herculano, António Feliciano de Castilho, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, João de Deus, Cesário Verde e António Nobre.[1][2][3]

Costuma-se dizer que o Romantismo durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino em 1871. No entanto, é de notar que, em 1865 e depois, muitos prosadores e poetas românticos publicam ainda com grande sucesso muitas das suas obras. Foi sucedido pelo movimento realista.[1][2]

Contexto histórico

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Em Portugal, o romantismo literário foi precedido por diversos acontecimentos históricos como: as Invasões francesas de Napoleão, que levaram à fuga da corte portuguesa para o Brasil, em 1807; a Guerra Civil Portuguesa, que opôs absolutistas a liberais, sendo que D. Pedro IV era defensor de uma constituição liberal e o seu irmão D. Miguel defendia ideias absolutistas; a Independência do Brasil e consequente proclamação de D. Pedro IV como imperador do Brasil.[1]

Características principais

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  • Subjetivismo: o autor trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-se da fantasia.
  • Sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo impulso é permitido.
  • Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho, a imaginação; frutos da pura fantasia, que não carecem de fundamentação lógica, do uso da razão.
  • Idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal.
  • Egocentrismo: cultua-se o "eu" interior, atitude narcisista, em que o individualismo prevalece; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior).
  • Escapismo psicológico: espécie de fuga. Já que o romântico não aceita a realidade, procura modos de refugiar-se, por exemplo, no passado, no sonho ou na morte.
  • Liberdade de criação: O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial.
  • Medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu país, de seu povo. Na Europa, retornam à Idade Média e cultuam seus valores, por ser uma época obscura.
  • Condoreirismo: corrente de poesia político-social os autores defendem a justiça social e a liberdade.
  • Nativismo: fascinação pela natureza. Muitas vezes, o nacionalismo romântico é exaltado através da natureza, da força da paisagem.
  • Luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da monarquia. Até na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um nobre. Geralmente, adotava heróis grandiosos, muitas vezes personagens históricos, que foram de algum modo infelizes: vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados.
  • Byronismo: atitude amplamente cultivada entre os poetas da segunda geração romântica e relacionada ao poeta inglês Lord Byron. Caracteriza-se por mostrar um estilo de vida e uma forma particular de ver o mundo; um estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício e os prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, pessimista, angustiada e, por vezes, satânica.
  • Religiosidade: como uma reação ao racionalismo materialista dos clássicos, a vida espiritual e a crença em Deus são enfocadas como pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do mundo real.
  • Nacionalismo (também denominado patriotismo): é a exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.
  • Pessimismo: também conhecido como o "mal-do-século". O artista vê-se diante da impossibilidade de realizar o sonho do "eu" e, desse modo, cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, levando-o, muitas vezes, ao suicídio, solução definitiva para o mal-do-século.
  • Fusão do grotesco e do sublime: o romantismo procura captar o homem em sua plenitude, enfocando também o lado feio e obscuro de cada ser humano.[1]

Primeira geração

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  • Entre os anos de 1825 e 1840.
  • Bastante ligado ao Classicismo, contribui para a consolidação do liberalismo em Portugal.
  • Os ideais românticos dessa geração estão embasados na pureza e Originalidade, Subjetivismo, Idealização da mulher, do amor e da natureza, Nacionalismo, Historicismo e Medievalismo.

Principais autores

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Alexandre Herculano

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Ver artigo principal: Alexandre Herculano
Alexandre Herculano

Alexandre Herculano nasceu em 1810 e faleceu em 1877. Ficou conhecido por suas narrativas históricas. Lutou contra democratas (nome que se dava na altura aos defensores da "democracia de massas") e tornou-se defensor das ideias liberais conservadoras.[4][5]

  • Tendências: Medievalismo, Ficção e Nacionalismo.[6][7][8]
  • Obras:[6]
    • Historiografia
    • Polémicas
      • Eu e o Clero (1850)
      • Opúsculos (1872)
      • Estudos sobre o Casamento Civil (1866)
      • A Voz do Profeta (1836)
      • A Ciência Arábico-académica (1851)
    • Poesia
      • A Semana Santa (1829)
      • A Harpa do Crente (1838)
    • Prosa

Almeida Garrett

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Ver artigo principal: Almeida Garrett
Almeida Garrett

Nasceu em 1799 em Porto. Faleceu em 1854 em Lisboa. Considerado o iniciador do romantismo. Dedicou-se também a literatura e ao jornalismo. Lutou contra absolutismo ao lado de Pedro I. Foi exilado duas vezes.

António Feliciano de Castilho

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Ver artigo principal: António Feliciano de Castilho
António Feliciano de Castilho

Nasceu em 1800. Faleceu em 1875. Perdeu a visão quase completamente aos 6 anos. Contou com o apoio de seu irmão, Augusto Frederico de Castilho, que o incentivou a continuar a estudar. Com muita força de vontade conseguiu se formar em Direito na Universidade de Coimbra. Além disso era tradutor. A partir de 1842 passou a dirigir a "Revista Universal Lisbonense", o que lhe permitiu exercer influência sobre o meio cultural português.

  • Obras:
    • Cartas de Eco a Narciso, 1821
    • A Primavera, 1822
    • Amor e Melancolia ou a Novíssima Heloísa, 1828
    • A Noite do Castelo, 1836
    • Os Ciúmes do Bardo, 1836
    • Quadros Históricos de Portugal, 1838
    • Escavações Poéticas, 1844
    • Mil e Um Mistérios, 1845
    • Crónica Certa e Muito Verdadeira de Maria da Fonte, 1846
    • A Felicidade pela Agricultura, 1849
    • Tratado de Versificação Portuguesa, 1851
    • Felicidade pela Instrução, 1854
    • A Chave do Enigma, 1861
    • O Outono, 1863

Segunda geração

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  • Entre os anos 1840 e 1860
  • Também conhecido como Ultra-Romantismo.
  • Marcado pelo Exagero, Desequilíbrio, Sentimentalismo.
  • Maior emoção nas obras, dando valor ao: tédio, melancolia, desespero, pessimismo, fantasia.
  • Liberdade de expressão.

Principais autores

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Camilo Castelo Branco

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Ver artigo principal: Camilo Castelo Branco
Camilo Castelo Branco

Nasceu em Lisboa, no ano de 1825. Suicidou-se em S. Miguel de Seide, em 1890.

Soares de Passos

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Ver artigo principal: Soares de Passos
Soares de Passos

Soares de Passos nasceu em Porto em 1826. Faleceu em 1860. Estudou na Universidade de Coimbra onde fundou o jornal "O Novo Trovador". Nele muitos poetas da época publicaram algo. E em 1856, Soares Passos reuniu todas essas poesias publicadas em um livro chamado "Poesias". Mesmo tendo uma vida curta, é considerado um dos poetas ultra-românticos portugueses mais importantes.

  • Tendências: Liberdade, exaltação cívica, confiante na vitória do homem, poesia delicada, reflexo da dor pessoal.
  • Obras:
    • Poesia
      • O firmamento
      • A Camões

Terceira geração

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  • Entre os anos 1860 a 1870
  • É considerado momento de transição, por já anunciar o Realismo.
  • Traz um Romantismo mais equilibrado, regenerado (corrigido, reconstituído).
  • Autores pré-realistas.
  • Lirismo simples e sincero

Principais autores

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Ver artigo principal: Júlio Dinis
Estátua de Júlio Dinis no Funchal

Nasceu em 1839. Faleceu em 1871. Visão detalhada do ambiente. Romances ambientados no campo.

João de Deus

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Ver artigo principal: João de Deus
João de Deus

Nasceu em 1830. Faleceu em 1896. Retomou a tradição lírica portuguesa. Foi admirado pelos realistas. Teófilo Braga foi quem reuniu seus poemas e os publicou sob o título "Campos de Flores" (1893).

  • Tendências: Pré-Realistas, Idealismo amoroso, a visão espiritualizada da mulher.

Referências

  1. a b c d Buescu, Helena Carvalhão.; Boléo, Francisco Paiva. (1997). Dicionário do romantismo literário português. Lisboa: Caminho. OCLC 37450272 
  2. a b Correia, Mário Dias (1991). Nova enciclopédia portuguesa. 22. Lisboa: Ediclube. pp. 2077–2078. ISBN 9788440801760. OCLC 434610191 
  3. Instituto Camões, I. P. (2001). «Romantismo». cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 18 de agosto de 2020 
  4. Infopédia. «Alexandre Herculano». Porto Editora. Consultado em 29 de setembro de 2013 
  5. Marcocci, Giuseppe (2011). «A fundação da Inquisição em Portugal: um novo olhar» (PDF). Lusitania Sacra. 23: 17-40. ISSN 0076-1508. Consultado em 18 de agosto de 2020 
  6. a b Marques, Ana. «Alexandre Herculano - Século XIX - Centro Virtual Camões - Camões IP». Instituto Camões, I. P. Consultado em 18 de agosto de 2020 
  7. REIS, Carlos (1982). «Herculano e a Ficção Romântica». Construção da leitura: ensaios de metodologia e de crítica literária. Coimbra: I.N.I.C./Centro de Literatura Portuguesa. OCLC 612550896 
  8. Pereira, Paulo (2008). Universidade de Aveiro. «Medieval, Romântica, Pós-moderna: Transcontextualização e metamorfose na lenda da dama pé-de-cabra» (PDF). Revista de poética medieval. 21: pp. 13-56. Consultado em 18 de agosto de 2020