Saltar para o conteúdo

Lobo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: "Lobos" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Lobo (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaLobo
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Canidae
Subfamília: Caninae
Gênero: Canis

Lobo é um animal carnívoro da família dos canídeos e que pertence ao gênero Canis. São três espécies que recebem tal designação: o lobo-cinzento (Canis lupus), lobo-etíope (Canis simensis) e o lobo-dourado-africano (Canis lupaster). O lobo-oriental (Canis lycaon) e o lobo-vermelho (Canis rufus), possuem classificações discutíveis se espécies em si, subespécies do lobo-cinzento, ou híbridos de lobo com coiote (coylobo).

Existem outros animais comumente referidos como "lobos" mas pertencem a outros gêneros ou outras classificações de mamíferos: lobo-da-terra (uma hiena), Mabeco (em alguns locais chamado lobo pintado), lobo-da-tasmânia (um marsupial), lobo-marinho (um pinípede), lobo-guará (um canídeo pouco aparentado). Também sem relação, outras espécies que, às vezes, são chamadas de "lobo" são: cão-selvagem-asiático (em certos locais chamado lobo-da-montanha), hiena-malhada (lobo-tigre), chacal-dourado (lobo-da-cana), coiote (lobo do mato) e o graxaim-do-mato (chamado variavelmente de lobinho, lobete ou só de lobo).[1]

Características

[editar | editar código-fonte]

Os lobos geralmente ostentam um porte maior em comparação às demais espécies de canídeos, além de possuírem ampla distribuição geográfica. Os lobos são invariavelmente espécies que ostentam certas habilidades sociais, tendo um espécime/casal de espécimes reprodutor(es) como líder(es), são geralmente predadores de alto nível trófico, com apenas o lobo-dourado ocupando invariavelmente a posição de mesopredador.

A postura e expressão facial do lobo-árabe é defensiva e alerta os outros lobos para serem cautelosos.

As doenças mais comuns transmitidas por lobos incluem a brucelose, febre, carbúnculo, leptospirose, parvovirose, cinomose e obviamente a Raiva (conhecido por muitos nomes, como a doença do cachorro louco), e como todo mamífero, os lobos também não podem faltar pulgas e carrapatos. Os lobos são importantes hospedeiros da raiva na Rússia, Irã, Afeganistão, Iraque e Índia. Embora os lobos não sejam vetores das doenças, eles podem contraí-las de outras espécies. Os lobos tornam-se extremamente agressivos quando infectados, podendo morder várias pessoas em um único ataque. Antes de uma vacina ser desenvolvida, as mordidas eram quase sempre fatais. Atualmente, as mordidas de lobos raivosos podem ser tratadas, mas a gravidade dos ataques dos lobos raivosos às vezes podem resultar em morte. Uma mordida perto da cabeça da vítima faz a doença agir muito rapidamente para que o tratamento faça efeito. Ataques raivosos tendem a aumentar de número no inverno e na primavera. Com a redução da raiva na Europa e América do Norte, poucos ataques de lobos raivosos têm sido registrados, embora alguns ainda ocorram no Oriente Médio. Desde 2019 e 2020,os lobos também carregam o coronavírus canino, cuja infecção é mais prevalente nos meses de inverno.

Os lobos registrados na Rússia transportavam mais de 50 tipos diferentes de parasitas nocivos, incluindo Echinococcus, cisticercose e coenurus. Os lobos também são portadores de Trichinella spiralis. Entre 1993–94, 148 carcaças de lobos perto de Fairbanks, no Alasca, foram examinadas e 36% (aproximadamente 54 carcaças) estavam infectadas. A prevalência de Trichinella spiralis em lobos é significativamente relacionada com a idade. Os lobos podem hospedar o Neospora caninum, fato de particular interesse para os agricultores, pois a doença pode ser transmitida para animais domésticos, que, infectados, têm de 3 a 13 vezes mais chance de abortar em comparação àqueles livres da doença.

Apesar do hábito de portar doenças perigosas, grandes populações de lobos não são frequentemente acometidas por surtos de epizootias, como ocorre com outros canídeos sociais. Isto se deve principalmente ao hábito dos lobos infectados de se afastarem de suas alcateias, evitando assim o contágio em massa.

Alimentação

[editar | editar código-fonte]
Lobos-ocidentais caçando um bisão.

A dieta dos lobos são variáveis conforme a espécie analisada. Sendo um grupo de animais hipercarnívoros, com recorrência ocasional ao consumo de plantas. A espécie mais carnívora é o lobo-cinzento, com o lobo-dourado sendo o mais generalista. O lobo-cinzento e o lobo-vermelho são ambos macropredatórios, o lobo-vermelho é mais especializado em consumir animais de porte pequeno/médio como o cariacu[2], enquanto o lobo-cinzento caça animais como bisontes e uapitis. O lobo-etíope é um predador especializado de roedores, em particular as espécies de ratos-toupeira[3],Os lobos etíopes também foram registrados a se alimentar de polén e néctar das flores, um caso único entre carnívoros[4]. E o lobo-dourado é generalista, comendo plantas, lagartos, filhotes de gazelas e carniça. O taxonomicamente controverso, lobo-oriental não possui hábitos alimentares muito compreendidos.

As espécies variam em porte, sendo a menor dentre elas o lobo-dourado, vivente no continente africano, e a maior o lobo-cinzento, vivendo maiormente no Hemisfério Norte que é também o maior canino selvagem da atualidade. Uma listagem mais concreta é apresentada a seguir, da maior para a menor espécie.

Espécies Autoridade trinomial Descrição Abrangência

Canis lupus

Lobo-cinzento

Linnaeus, 1758 O mais conhecido entre as 5 espécies, conhecido pelo próximo parentesco com o cão-doméstico. É o mais amplamente distribuído, conhecido por atuar em grandes grupos familiares. É o maior canídeo selvagem existente, com as populações norte-americanas tendo uma média de 36 kg.[5] Europa, América e Ásia.
Antes
Depois

Canis rufus

Lobo-vermelho

Audubon & Bachman, 1851 Endêmico dos Estados Unidos, o lobo-vermelho é uma espécie de canídeo e intermediária em porte ao coiote, sofrendo sério risco de extinção, havendo hoje só 50 em estado selvagem. São grandes, com seu peso médio variando de 20 a 39 kg.[6][7] América do Norte


Canis lycaon

Lobo-oriental

Schreber, 1775 Nativo do subcontinente norte-americano, o lobo-oriental é uma espécie de canídeo próxima do lobo-vermelho. Característico por comer veados e castores. Criticamente ameaçado. Possui como peso médio 30,3 kg.[8] América do Norte

Canis simensis

Lobo-etíope

Ruppell, 1840 Carnívoro mais ameaçado do continente africano e o mais raro canídeo do mundo, similar em porte e constituição a um galgo; alimenta-se de roedores e pássaros, de porte significativo Os machos adultos pesam 14,2–19,3 kg, enquanto as fêmeas pesam 11,2–14,15 kg.[9] África


Canis lupaster

Lobo-dourado-africano

Hemprich e Ehrenberg, 1832 Confundido certamente com o chacal-dourado, é o menor dos lobos existentes. Versáteis e adaptáveis, consomem variados tipos de presas e são os mais solitários dos lobos. Descrito como intermediário em porte aos chacais africanos e os menores lobos-cinzentos, ambos os sexos pesam 7–15 kg.[10] África

Todos os lobos caracterizam-se por serem animais grandemente comunicativos e bastante sociáveis, com todas as espécies podendo gerar descendência fértil entre si.[11] São bastante aparentados entre si, e são bastante próximos do cão-doméstico. São animais bastante presentes no imaginário humano, todas as espécies são associadas à predação de animais domésticos, mesmo que não sejam os maiores responsáveis pelas perdas.

Referências

  1. Beisiegel, B. M.; Lemos, F. G.; Azevedo, F. C.; Queirolo, D.; Pinto, R. S. (2013). «Avaliação do risco de extinção do cachorro-do-mato Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) no Brasil» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade Brasileira. 3 (1): 138–145. ISSN 2236-2886 
  2. Shaw, J. (1975). Ecology, behavior and systematic of the red wolf (Canis rufus) (Ph.D.). New Haven, CT: Yale University 
  3. «Canis simensis (Ethiopian wolf)». Animal Diversity Web 
  4. Camargo, Suzana (2 de dezembro de 2024). «Lobo é flagrado se alimentando de néctar pela primeira vez no mundo». Conexão Planeta. Consultado em 21 de dezembro de 2024 
  5. Lopez, Barry (1978). Of wolves and men. New York: Scribner Classics. p. 320. ISBN 0-7432-4936-4
  6. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome paradiso1972
  7. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome :0
  8. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome theberge
  9. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome zm1994
  10. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome estes1992
  11. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome wayne1999
  1. Tedford, Richard H.; Wang, Xiaoming; Taylor, Beryl E. (2009). "Phylogenetic Systematics of the North American Fossil Caninae (Carnivora: Canidae)". Bulletin of the American Museum of Natural History. 325: 1–218. doi:10.1206/574.1. hdl:2246/5999.
  2. Boitani, L.; Phillips, M.; Jhala, Y. (2018). "Canis lupus". IUCN Red List of Threatened Species. IUCN. 2018. e.T3746A119623865. doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T3746A119623865.en.
  3. A. Lehrman (1987). "Anatolian Cognates of the PIE Word for 'Wolf'". Die Sprache. 33: 13–18.