Lucia Piave Tosi
Lucia Piave Tosi | |
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Nascimento | 20 de dezembro de 1917 Buenos Aires, Argentina |
Morte | 25 de fevereiro de 2007 (89 anos) Campinas, SP, Brasil |
Residência | Brasil |
Nacionalidade | argentina |
Cônjuge |
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Alma mater | Universidade de Buenos Aires (graduação e doutorado) |
Instituições | |
Campo(s) | Química |
Lucia Piave Tosi (Buenos Aires, 20 de dezembro de 1917 – Campinas, 25 de fevereiro de 2007) foi uma química, pesquisadora e professora universitária argentina, radicada no Brasil e depois na França.
Pesquisadora de vários laboratórios importantes, Lucia foi também historiadora da ciência e ativa na luta por igualdade de gêneros dentro da ciência, onde se envolveu pela maior presença de mulheres em laboratórios e universidades. É considerada pelo CNPq uma das Pioneiras da Ciência no Brasil.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Lucia nasceu em 1917, em Buenos Aires. Formou-se em Química pela Faculdade de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Universidade de Buenos Aires e obteve um doutorado em 1945 na área de eletroquímica. Em 1939, casou-se com Heberto Alfonso Puente, professor de química desta mesma Universidade, com quem teve seu primeiro filho, Juan Cristobal Puente (1946). Trabalhou como professora assistente na Universidade de Buenos Aires e como analista no Laboratório de Análises da Cidade de Buenos Aires.[1][2]
Por seu desempenho acadêmico, Lucia recebeu uma bolsa de estudos do governo francês para estagiar no Laboratório de Eletroquímica da Universidade de Paris, entre 1947 e 1948. A mudança para a França alterou a vida familiar e ela se separou do marido antes ou durante seu estágio em Paris, pois em 1948 Lucia se casou com o brasileiro Celso Furtado (1920-2004) que, na época, fazia doutorado em economia pela mesma universidade. Com Celso, Lucia teve mais dois filhos: Mario Tosi Furtado (1949) e André Tosi Furtado (1954).[2]
Quando Celso retornou ao Brasil, Lucia veio com ele e começou a trabalhar no Laboratório de Química do Departamento de Produção Mineral no Rio de Janeiro. Também foi professora visitante da Faculdade de Química e Farmácia da Universidade do Chile, em Santiago. Em 1952, publicou o livro El Metodo Polarográfico de Analisis. Em 1953, começou a trabalhar no Instituto Nacional de Tecnologia, no Rio de Janeiro.[1][2]
Lucia também esteve na Universidade de Cambridge, na Inglaterra em 1958 e em 1959 lecionava na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Entre 1960 e 1964 foi pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, mas a repressão da Ditadura, em 1964, fez a família se exilar, primeiro nos Estados Unidos, onde ela fez estágio de pós-doutorado pelo Sterling Chemistry Laboratory, da Universidade de Yale, estabelecendo-se por fim em Paris, em 1966.[1][2]
O casal morou em Paris até 1983. Durante esses quase vinte anos, Lucia foi pesquisadora do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) na Universidade Pierre e Marie Curie. Aposentada em 1983, enquanto estava na França, Lucia viu a explosão do movimento feminista depois de maio de 1968 e junto de outras mulheres latino-americanas exiladas das ditaduras, ela criou o Grupo Latino-Americano de Mulheres em Paris e Lucia abraçou com fervor a luta das mulheres pela construção da igualdade.[1][2]
Em 1984, Lucia retornou ao Brasil, sendo professora visitante do departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com bolsa do CNPq, até 1988, onde ministrou aulas de Química Bioinorgânica e de Teoria de Grupos para alunos de pós-graduação em Química, e também aulas de História da Química para alunos de graduação. Em 1989, ela retornou a Paris, mantendo cooperação científica com a UFMG, onde passava três meses por ano trabalhando no Departamento de Química desta universidade.[1][2]
Em Química, Lucia trabalhou com estrutura de moléculas e espectroscopia de raios gama, nas áreas de Espectroscopia e de Química Biorgânica, além do trabalho pioneiro em História das Ciências, em especial sobre o papel da mulher na ciência. Foi autora de vários artigos defendendo a educação feminina e a importância de ter mais mulheres cientistas trabalhando em laboratórios.[1][2]
Morte
[editar | editar código-fonte]Lucia morreu em 25 de fevereiro de 2007, em Campinas, aos 89 anos.[1][3]
Referências
- ↑ a b c d e f g h CNPq (ed.). «Lucia Piave Tosi». Pioneiras da Ciência 3ª edição. Consultado em 9 de setembro de 2021
- ↑ a b c d e f g Beraldo, Heloisa (2014). «Lucia Tosi: Cientista, Historiadora da Ciência e Feminista» (PDF). Revista Virtual de Química. 6 (2). Consultado em 9 de setembro de 2021
- ↑ «Giovanna Machado». Academia Pernambucana de Ciências. Consultado em 9 de setembro de 2021