Saltar para o conteúdo

Luiz Fernando Corrêa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Luiz Fernando Corrêa
Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência
Período 2023—
Antecessor(a) Alexandre Ramagem
Diretor de Segurança do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos
Período 2011—2016
Diretora-Geral da Polícia Federal
Período 2007—2010
Antecessor(a) Paulo Lacerda
Sucessor(a) Leandro Daiello Coimbra
Diretor-Geral da Força Nacional de Segurança Pública
Período 2003—2007
Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal
Período 2001—2003
Alma mater Bacharel em Direito (FURG)

MBA em Gestão em Política de Segurança Pública (FGV)

Luiz Fernando Corrêa (Santa Maria, 1958)[1] é um servidor público conhecido por ter sido o diretor-geral da Polícia Federal entre 2007 e 2010. Atualmente é o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência.

Formou-se em bacharel em Direito pela Universidade do Rio Grande em 1986, com MBA em Gestão em Política de Segurança Pública pela Fundação Getúlio Vargas em 2005. Participou de diversos cursos na Academia Nacional de Polícia. Também fez curso em Técnicas Especiais de Investigação e Investigação de Lavagem de Dinheiro pela Drug Enforcement Administration (DEA) e Gestão de Grandes Casos pela Federal Bureau of Investigation (FBI).[2]

Ingresso na Polícia Federal

[editar | editar código-fonte]

Corrêa ingressou na Polícia Federal (PF) em 1980.[3] Entre 1996 a 2001, chefiou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Superintendência da PF no Rio Grande do Sul.[2] Entre 2001 e 2003, foi delegado regional de Polícia da Superintendência da PF no Distrito Federal.[2]

Durante sua passagem pela Superintendência da PF no RS, tornou-se notório por trabalhar na criação do programa de grampeio telefônico Guardião. Ele foi apontado como o líder da equipe de criação do programa, por ter colocado a informação no seu perfil da Força Nacional de Segurança Pública.[4][5] Porém, ele se corrigiu, afirmando que teria sido incumbido de achar soluções técnicas para os problemas do antigo sistema de grampeio da organização, o Bedin, sendo uma das muitas pessoas a repassar as necessidades da organização para a Dígitro, como a falta de uma central digital para gerenciar os grampos.[5][6]

Corrêa coordenou a atividade de inteligência da Missão Especial de Combate ao Crime Organizado no Espírito Santo em 2002 e a Missão Suporte no Rio de Janeiro em 2003.[3]

Corrêa em 2006.

Força Nacional de Segurança Pública

[editar | editar código-fonte]

Foi responsável pela criação da Força Nacional de Segurança Pública, órgão que chefiou entre 2003 e 2007.[2][3]

Diretor-Geral da Polícia Federal

[editar | editar código-fonte]

Foi diretor-geral da PF entre 2007 e 2010, durante o governo Lula.[7] Durante sua gestão, a PF protagonizou muitas investigações contra casos de corrupção no país.[8] Após as repercussões da Operação Satiagraha, Corrêa defendeu a organização contra as acusações de que o Brasil seria um estado policialesco[7] e disse em depoimento que não tinha conhecimento do envolvimento da Abin com Protógenes Queiroz.[9] Também negou que a PF agisse com interesses partidários após a prisão da cúpula da construtora Camargo Corrêa em decorrência da Operação Castelo de Areia.[7]

Durante sua gestão, também ocupou cargos internacionais. Foi representante para a América do Sul da International Association of Chiefs of Police (IACP) entre 2007 e 2010 e presidente da Comunidade de Polícias das Américas entre 2009 e 2010.[2]

Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos

[editar | editar código-fonte]

Corrêa se aposentou brevemente da vida pública e atuou como Diretor de Segurança do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e do Rio+20 entre 2011 e 2016.[2]

Em 2007, Corrêa foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter feito compras de equipamentos de inteligência sem licitação para o Consórcio Integração Pan no valor de R$ 174 milhões, lesando os cofres públicos em R$ 18 milhões. Após a investigação, o MPF abriu uma ação civil pública em junho de 2011 pedindo sua condenação.[10] O Comitê Organizador foi pressionado para demiti-lo, porém no dia 13 de janeiro de 2012, o órgão afirmou que Corrêa continuaria no cargo pela acusação não afetar seu trabalho.[11] Porém, no dia 17 de janeiro, Corrêa pediu demissão junto com Flávio Pestana.[12] Cinco dias depois, a ação foi arquivada, apesar das investigações continuarem por uma sindicância aberta no Ministério da Justiça,[13] e Corrêa foi readmitido no cargo.[14]

Em 30 de maio de 2023, Corrêa foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).[3] Ele havia sido indicado pelo presidente em 3 de março,[15] sendo aceito pelo Senado em 17 de maio com 43 votos favoráveis, 5 contrários e 2 abestenções. A primeira sabatina havia sido cancelada pelo questionamento de Renan Calheiros (MDB-AL) pelas nomeações de Alessandro Moretti como diretor-adjunto e de Paulo Maurício Fortunato Pinto como secretário de Planejamento. Moretti chefiou a área de inteligência da PF durante o governo Bolsonaro e Paulo Maurício havia sido afastado do setor de contrainteligência da ABIN durante o governo Lula em 2008 por ter feito grampos ilegais contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).[16] Na ocasião, Lula havia transferido a ABIN do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para a Casa Civil, mudando o que havia sido feito no governo Boslonaro.[17] De acordo com Corrêa, Lula demandou uma reformulação da ABIN para que ela funcionasse como um sistema de inteligência de estado, e não que "[...] a agência fosse usada para vigiar brasileiros ou que fosse tutelado por militares".[18] Uma das atribuições da chamada Nova Abin foi o monitoramento de grupos extremistas online.[19]

Em 25 de janeiro de 2024, a PF notificou o STF que a direção da ABIN interferiu com as investigações do FirstMile, software espião adquirido durante o governo Bolsonaro. A PF também afirmou ter encontrado outras possíveis ferramentas de espionagem em busca e apreensão realizada em 2023, o Cobalt Strike e a LTESniffer.[20] Corrêa foi chamado para depor na Comissão de Controle da Atividade de Inteligência do Senado Federal.[21] Corrêa afirmou que o uso do FirstMile pela ABIN era um fato passado e que não tinha compromisso com o erro.[22] Também ressaltou o compromisso da ABIN com a transparência.[23]

Publicações

[editar | editar código-fonte]
  • Mais Forte - Olimpíadas Seguras em Meio ao Caos (2017, coautor)[24]
  1. «Senado aprova indicação de Luiz Fernando Corrêa para comandar Abin». UOL. 17 de maio de 2023. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  2. a b c d e f «Currículo do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência Luiz Fernando Corrêa». Agência Brasileira de Inteligência. 2023. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  3. a b c d Wesley Bischoff (30 de maio de 2023). «Luiz Fernando Corrêa é nomeado diretor-geral da Abin». G1. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  4. «PF fez compra com amigo do diretor». Agora. 14 de setembro de 2009. Consultado em 21 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2023 
  5. a b Daniel Roncaglia (11 de setembro de 2007). «Luiz Fernando Corrêa, novo diretor da PF, é o pai do Guardião». Consultor Jurídico. Consultado em 21 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2023 
  6. Luis Nassif (30 de janeiro de 2009). «O sistema Guardião, da PF». GGN. Consultado em 21 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2023 
  7. a b c Stella Borges (3 de março de 2023). «Quem é Luiz Fernando Corrêa, indicado por Lula para comandar a Abin». UOL. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  8. Santos, Célio Jacinto dos (2017). «A Gênese das Grandes Operações Investigativas da Polícia Federal». Centro de Estudos de Investigação Criminal. Revista Brasileira de Ciências Policiais. 8 (12): 11-68. ISSN 2178-0013. Consultado em 19 de janeiro de 2024 
  9. Paulo Motoryn (14 de novembro de 2023). «Conheça os envolvidos na guerra da Abin com a Polícia Federal». The Intercept Brasil. Consultado em 4 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 4 de fevereiro de 2024 
  10. Vinicius Konchinski (13 de janeiro de 2012). «Coordenador de segurança da Rio-2016 desviou R$ 18 mi no Pan-2007, diz Ministério Público». UOL. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  11. «Rio-2016 ignora processo e mantém diretor acusado de fraude de R$ 18 mi no Pan-2007». UOL. 13 de janeiro de 2012. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  12. «Dois diretores do comitê organizador do Rio-2016 pedem demissão no mesmo dia». UOL. 17 de fevereiro de 2012. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  13. «Justiça arquiva acusação contra ex-diretor de Segurança do Rio-2016; MP vai recorrer». UOL. 24 de fevereiro de 2012. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  14. «Rio-2016 ignora acusação do MPF e anuncia volta de delegado Corrêa à diretoria de comitê». UOL. 12 de abril de 2012. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  15. Guilherme Mazui (3 de março de 2023). «Lula indica diretor da Abin e presidente de agência de aviação civil». G1. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  16. Sara Resende (17 de maio de 2023). «Senado aprova Luiz Fernando Corrêa para comandar Abin». TV Globo. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  17. Matheus Moreira (2 de março de 2023). «Lula transfere agência de inteligência do GSI para Casa Civil». G1. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  18. Andréia Sadi (14 de setembro de 2023). «Lula 'sabe que não poderia me botar lá' para vigiar brasileiros ou ser tutelado por militares, diz chefe da Abin». G1. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024 
  19. Octavio Guedes (3 de março de 2023). «Nova Abin vai monitorar grupos extremistas nas redes sociais». G1. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 27 de janeiro de 2024 
  20. José Marques e Fabio Serapião (25 de janeiro de 2024). «Direção da Abin sob Lula interferiu em investigação sobre software espião, diz PF». Folha de S.Paulo. Consultado em 26 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 25 de janeiro de 2024 
  21. Tatiana Dias e Paulo Motoryn (28 de outubro de 2023). «Como o Brasil virou o paraíso da espionagem ilegal». The Intercept Brasil. Consultado em 4 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 4 de fevereiro de 2024 
  22. Roseann Kennedy (20 de outubro de 2023). «Diretor da Abin diz que uso do FirstMile na agência é passado e não tem compromisso com o erro». Estadão. Consultado em 12 de maio de 2024. Cópia arquivada em 12 de maio de 2024 
  23. «Diretor-geral da ABIN afirma compromisso com transparência e efetivo controle da Inteligência». Agência Brasileira de Inteligência. 25 de outubro de 2023. Consultado em 12 de maio de 2024. Cópia arquivada em 12 de maio de 2024 
  24. «Livro 'Mais Forte - Olimpíadas seguras em meio ao caos' será lançado hoje». CBN. 7 de agosto de 2017. Consultado em 19 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2024