Saltar para o conteúdo

Lygia Pape

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Lygia Pape
Lygia Pape
Nascimento 1927
Nova Friburgo, Rio de Janeiro
Morte 3 de maio de 2004 (77 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileira
Área Pintura, escultura, gravadora e cineasta
Movimento(s) neoconcretismo

Lygia Pape (Nova Friburgo, 1927Rio de Janeiro, 3 de maio de 2004) foi uma gravadora, escultora, pintora, designer, cineasta, professora e artista multimídia brasileira, identificada com o movimento conhecido por neoconcretismo.[1]

Lygia Pape iniciou seus estudos em arte com os gravadores Fayga Ostrower e Ivan Serpa.[2] Deixou uma obra marcada pelo abstracionismo geométrico e por uma diversificação exemplar. Uma de suas obras mais instigantes é o Livro do Tempo, obra realizada entre os anos de 1961 e 1963, composta por um conjunto de 365 peças de madeira diferentes umas das outras. Importante representante da arte contemporânea no Brasil, Lygia possui uma trajetória artística que se iniciou com o abstracionismo geométrico. Já na década de 1950 possuía renome na cena artística carioca e, em 1959, foi uma das signatárias do manifesto neoconcreto, encabeçado por Ferreira Gullar e Hélio Oiticica.[3]

Além de sua carreira artística, Lygia Pape lecionou na Faculdade de Arquitetura Santa Úrsula e na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.[4] Também deu o curso "Espaço Poético, Uma Proposta Ambiental" na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.[5]

Participou da I Exposição Nacional de Arte Abstrata, em Petrópolis no ano de 1953. Expôs as xilogravuras Tecelares, com o Grupo Frente, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1955.[3] Em 1956, participou da Exposição de Arte Concreta no MASP e em Zurique. No final de 1956 e começo de 1957, participou da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro.[2] Em 1958, apresentou no teatro do hotel Copacabana Palace o Balé Neoconcreto, de sua autoria com a participação de Reynaldo Jardim.

Neoconcretismo

[editar | editar código-fonte]

Em 1960, Pape e artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Ferreira Gullar, Reynaldo Jardim e Franz Weissmann romperam com o concretismo e publicaram no Jornal do Brasil o Manifesto Neoconcreto, marco inicial do neoconcretismo. No mesmo ano, participou da 5ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Em 1959 tomou parte da 1ª Exposição Neoconcreta. Entre 1959 e 1961 Lygia realizou a trilogia Livro da Criação, Livro da Arquitetura e Livro do Tempo. A partir de 1960, iniciou uma série de projetos de esculturas em madeira. Em 1960, foi uma das convidadas para a célebre 1ª Exposição Internacional de Arte Concreta, em Zurique, na Suíça.


Em 1967 participou da exposição "Nova Objetividade Brasileira" com a Caixa de Baratas e a Caixa de Formigas. Em 1968, no evento "Apocalipopótese", mostrou seu objeto penetrável Ovo. Fez, em 1975, a primeira individual na Galeria Maison de France, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, fez a exposição "Eat Me", na Galeria Arte Global, em São Paulo. Ganhou bolsa de estudos da Fundação Guggenheim, em Nova Iorque, permanecendo vários meses nessa cidade.[2]

Com a morte de Hélio Oiticica em 1980, trabalhou na organização e divulgação da obra do amigo durante quase 10 anos,[1] num projeto ao lado de Waly Salomão e Luciano Figueiredo.[6]

A partir de 1962 passou a trabalhar com cinema, fazendo cartazes, roteiros, montagem e direção, além de ampla produção de cinema autoral, trabalhando com equipamentos de 35 mm, 16 mm e super 8.[3] São de sua autoria os cartazes e as aberturas de filmes clássicos do movimento experimental brasileiro "Cinema Novo" como Mandacaru Vermelho (1961) e Vidas Secas (1963), ambos do diretor Nelson Pereira dos Santos, assim como do memorável cartaz do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha.[7]

Nova Objetividade Brasileira

[editar | editar código-fonte]

Em 1967 participou da exposição "Nova Objetividade Brasileira" com a Caixa de Baratas e a Caixa de Formigas. Em 1968, no evento "Apocalipopótese", mostrou seu objeto penetrável Ovo. Fez, em 1975, a primeira individual na Galeria Maison de France, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, fez a exposição "Eat Me", na Galeria Arte Global, em São Paulo. Ganhou bolsa de estudos da Fundação Guggenheim, em Nova Iorque, permanecendo vários meses nessa cidade.[2]

Com a morte de Hélio Oiticica em 1980, trabalhou na organização e divulgação da obra do amigo durante quase 10 anos,[1] num projeto ao lado de Waly Salomão e Luciano Figueiredo.[6]

Expôs sua produção neoconcreta na galeria Thomas Cohn, e na mostra "Modernidade" em Paris. Em 1990 mostrou Amazoninos, trabalhos em chapa metálica, recebendo prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Com apoio de bolsa institucional da Fundação Vitae, realizou as Tteias #7, combinando luz e pigmento. Em 2001, Lygia apresentou no Centro de Arte Hélio Oiticica, no Rio, a instalação Carandiru. Tem obras expostas na Bienal Brasil Século XX. Participou da mostra "Tendências Construtivas" no Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

A artista foi uma das convidadas da quarta Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre, 2003. Mestre em estética filosófica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi professora da Faculdade de Arquitetura Santa Úrsula, de 1972 até 1985 e, de 1982, até a sua morte em 2004, lecionou na Escola de Belas Artes da UFRJ.

Em junho de 2009, o Projeto Lygia Pape,[8][1] associação cultural elaborada pela própria artista em vida, montou a obra Ttéia 1, C para a abertura da 53ª Bienal de Veneza. A artista recebeu homenagem póstuma com o prêmio Refazendo mundo.

Performance Divisor

[editar | editar código-fonte]

Divisor[9] é uma performance realizada pela primeira vez em 1968, que consistiu em um grande tecido branco com aberturas para os participantes colocarem a cabeça e moverem-se de forma coletiva. Em 2017 a performance foi reeditada pelo museu Met Breuer de Nova York.

Lygia foi a criadora das embalagens dos biscoitos da marca Piraquê. A principal característica delas foi a repetição dos elementos gráficos que se tornou nacionalmente conhecida e associada à marca. Foi também de Lygia a criação de uma embalagem cilíndrica de acondicionamento de comidas que se tornou padrão internacional. Criada nos anos 60, a identidade visual da marca se tornou ícone do design brasileiro.[10]

Portadora de mielodisplasia, uma anomalia que afeta o funcionamento da medula óssea, a pintora foi internada no hospital São Lucas na capital carioca onde, após uma semana, veio a falecer em decorrência de infecção generalizada e falência de múltiplos órgãos no final da tarde de 3 de maio (às 18h25).[6]

Lygia deixou viúvo o esposo Gunther Pape, com quem teve duas filhas - Paula e Maria Cristina Pape.[11]

Seu corpo foi cremado no Cemitério do Caju, sem velório, pois ela não queria que seu corpo "virasse uma instalação", e a missa de sétimo dia, atendendo a um pedido seu, foi celebrada em cerimônia cantada no Mosteiro de São Bento.[11]

As exposições mais recentes da artista:

Referências

  1. a b c d Enciclopédia Itaú Cultural - Lygia Pape
  2. a b c d FGV - CPDOC - Lygia Pape
  3. a b c «Exposições - Lygia Pape - Espaço Imantado». Pinacoteca do Estado de São Paulo. 17 de março de 2012. Consultado em 20 de março de 2012. Arquivado do original em 8 de setembro de 2016 
  4. AGUILAR, Nelson (org.). Catálogo Bienal Brasil Século XX. São Paulo: Fundação Bienal, 1994.
  5. Gerchman, Rubens (19 de janeiro de 2015). «Escola de Artes Visuais / Os cursos e os professores» 
  6. a b c Redação do jornal (3 de maio de 2004). «Artista plástica Lygia Pape morre no Rio». Folha Ilustrada. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  7. Meyer, Ana Elisa (19 de março de 2021). «LYGIA PAPE, ARTISTA MUTANTE». Revista Poder online. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  8. Projeto Lygia Pape
  9. «Lygia Pape – Experimentações com Arte e Vida». Arte Versa. 4 de maio de 2017. Consultado em 26 de novembro de 2022 
  10. Tranjan e Martins, Cristina Grafanassi e Maria Clara Amado (5 de maio de 2013). «LYGIA PAPE E A UNIÃO ENTRE A ARTE E O DESIGN: A MARCA PIRAQUÊ». Florianópolis: UFSC. Graphica 13. Consultado em 20 de fevereiro de 2017 
  11. a b Agência Estado (3 de maio de 2004). «Morre no Rio a artista plástica Lygia Pape». O Estado de São Paulo. Consultado em 8 de setembro de 2016 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]